Ano 6 *** Porto Alegre *** Edição 1972
Duas ‘notícias
brasileiras’ se transformam em manchetes. Uma, ainda pré-natalina, aquela que chamo de 'cara’. Outra, na esteira da ressaca
desta segunda feira, coloquei na ‘coroa’. Ambas,
duas faces da medalha Brasil, fazem a blogada de hoje.
Cara mereceu
desconfiança, questionamento, descrédito ao Censo 2010, até proposta de
questionamento do significado de ‘favelização’. Talvez as moradas – havia
escrito casas, mas retifiquei – de mais de 10 milhões de brasileiros poderiam
ser adequados cenários à ‘presépio vivo’.
Coroa ascendeu e
acendeu o ufanismo. Acredito que quase surgiram os dísticos do período da
ditatura tipo ‘Brasil: Ame-o ou deixe-o’. Agora temos que superar a França e a
Alemanha. Até a Copa talvez superemos o Japão. Bom, depois só fica faltando a
China e os Estados Unidos.
Veja os dois
lados da mesma medalha. Não vou fazer uma discussão de qual das duas têm
mais significados. Apenas permito-me um alerta. Cara se faz mais angustiante,
não pelo número absoluto, mas sim por este ter quase dobrado em dez anos.
CARA
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COROA
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País tem 11 milhões de
pessoas em favelas
Dados do Censo 2010 revelam que 11,4 milhões de
brasileiros, o equivalente à população da Grécia, vivem em áreas ocupadas
irregularmente e com carência de serviços públicos ou urbanização, como
favelas, palafitas, grotas e vilas. São 6% dos habitantes do país. Dez anos atrás, IBGE
havia contado cerca de 6,5 milhões de pessoas morando em favelas no país
ou 4% do total, em "aglomerados subnormais", denominação usada pelo
instituto.
É o retrato mais preciso já feito dessas áreas, e
mostra que o problema é concentrado nas regiões metropolitanas, mas espalhado
por todos os Estados. Dez favelas têm população maior que 40 mil pessoas,
superior a 86% dos municípios brasileiros.
Não é possível saber quanto do aumento na década
se deve à expansão das áreas irregulares e quanto se deve ao aprimoramento da
metodologia de pesquisa, como o uso de imagens de satélite.
Em 2010, foram localizadas 6.329 favelas em 323
municípios. Ficam de fora do levantamento áreas precárias, mas regularizadas,
ou irregulares, mas sem precariedade.
A pesquisa revelou também que o quadro mais grave
de moradia está na região metropolitana de Belém (PA), onde 54% da população
vive em favelas e similares.
No caso de serviços básicos, o que mais
diferencia as favelas das áreas de ocupação regular das cidades é a proporção
de casas com coleta adequada de esgoto.
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As seis maiores
economias:
1º Estados Unidos // 2º China // 3º Japão // 4º Alemanha 5º França 6º
O Brasil deve superar o Reino Unido e se tornar a sexta maior
economia do mundo ao fim de 2011, segundo projeções do CEBR (sigla em inglês
para Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios).
Segundo a consultoria britânica especializada em análises
econômicas, a queda do Reino Unido no ranking das maiores economias
continuará nos próximos anos, com Rússia e Índia empurrando o país para a
oitava posição.
O estudo repercutiu na mídia britânica. O jornal "The
Guardian" atribui a perda de posição à crise bancária de 2008 e à crise
econômica que persiste em contraste com o boom vivido no Brasil na rabeira
das exportações para a China.
O "Daily Mail", outro jornal que destaca o assunto
nesta segunda-feira, diz que o Reino Unido foi "deposto" pelo
Brasil de seu lugar de sexta maior economia do mundo, atrás dos Estados
Unidos, da China, do Japão, da Alemanha e da França.
Segundo o tabloide britânico, o Brasil, cuja imagem está mais
frequentemente associada ao "futebol e às favelas sujas e pobres, está
se tornando rapidamente uma das locomotivas da economia global" com seus
vastos estoques de recursos naturais e classe média em ascensão.
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Caro Chassot,
ResponderExcluirLamentável, esses dois lados da moeda só mostram que os indicadores de "tamanho da economia" não levam em conta a má distribuição de renda que é, aliás, a responsável pela "cara" do teu texto. Preferia que estivéssemos no centésimo lugar com uma distribuição de renda igual a da Suíça. Abraços, JAIR.
Ave Chassot,
ResponderExcluiroutro lado feio de moeda é a educação.
Tenho fé de que as coisas vão melhorar...
Abraços,
Guy
Caro Chassot,
ResponderExcluiro Jair matou a charada: não importa o lugar em qualquer ranking, o fundamental é a justiça distributiva. Parece que os ufanismos afloram, especialmente nessa época do ano.
Um forte abraço,
Garin