Porto Alegre Ano 5 # 1551 |
Ontem à noite, às 19h30min aditei à postagem dominical, que começava assim: Um domingo para o Brasil decidir, este dístico: E o Brasil decidiu: DILMA é a Presidente eleita. É muito difícil dizer das emoções que vivo com essa vitória por mais de 12 milhões de voto. A verdade venceu a mentira!
Às 20h04min, quando o presidente do Tribunal Superior Eleitoral anunciou o resultado final da apuração de mais de 135 milhões de votos, numa eleição que em alguns Estados terminou às 17h, em outros às 18h e no Amapá, às 19h, foi o momento que terminou a tensão em busca da sagração do resultado. É emocionante, quando alguns de nós lembramos de apurações eleitorais que chegavam a levar até uma semana. Hoje em algumas horas soubemos que Dilma fizera 56,05% dos votos.
Pela manhã a Gelsa e eu fôramos primeiro votar com o Antônio e depois o levamos para votar com a Liba, sua bisavó. A Maria Clara, como muitas outras crianças, acompanhou o voto de seus pais. Orgulhosa, ela mostra sua preferência.
Durante o dia acompanhamos os passos de Dilma e à noite assistimos fala inaugural da primeira mulher Presidente eleita, na celebração da vitória em Brasília. Foi significativo quando ela disse aos pais que poderiam dizer às suas filhas que neste país mulheres e homens têm oportunidades iguais. Também foi significativo o chamamento feito por Dilma a todos, mesmo que não houvesse votado nela, para participarem de seu projeto de Brasil. A ausência do Lula, com a justtificativa de deixar à Dilma o lugar de estrela na festa foi uma prova da grandeza do Presidente.
Tinha outro assunto pautado para inaugurar este novembro. Não posso deixar de trazer um pouco da história de uma mulher que nos anos finais de sua juventude esteve presa por mais de três anos, quando foi torturada. O texto é do blogue oficial Dilma13.
A menina Dilma teve uma infância feliz em Belo Horizonte, onde nasceu no dia 14 de dezembro de 1947, filha do imigrante búlgaro Pedro Rousseff e da professora Dilma Jane da Silva. Se lhe perguntavam o que queria ser quando crescesse, tinha a resposta na ponta da língua: bailarina, bombeira ou trapezista. E presidente da República? Nem pensar, porque naquela época o Brasil sequer sonhava em escolher uma mulher para a Presidência.
Dilma adorava andar de bicicleta, subir em árvore e ler as reinações de Narizinho, Pedrinho, Emília, Visconde de Sabugosa e dos outros moradores do “Sítio do Picapau Amarelo”, de Monteiro Lobato. Gostava ao mesmo tempo de óperas, às quais assistia na companhia do pai, e do seriado do Flash Gordon, que via nas matinês do cine Pathé.
Estudou no Nossa Senhora de Sion, tradicional colégio para meninas, e frequentou o Minas Tênis Clube, ponto de encontro da elite belorizontina. Mas desde cedo aprendeu que o mundo não era cor de rosa. Um outro mundo, de cores tristes, saltava aos olhos sempre que subia o Morro do Papagaio, uma das maiores e mais pobres favelas da cidade, para fazer trabalho voluntário com colegas e freiras do colégio. Ou quando abria a porta de casa para algum mendigo que implorava por um prato de comida.
Certo dia, bateu à porta um menino tão magro e de olhos tão tristes que ela rasgou ao meio a única nota que tinha. Ficou com metade da cédula e deu a outra metade ao menino. Dilma não sabia que meio dinheiro não valia nada. Mas já sabia dividir.
Dilma tinha apenas 14 anos quando o pai morreu. Já havia lido “Germinal”, romance de Emile Zola sobre as sub-humanas condições de vida dos trabalhadores das minas de carvão francesas. Lera também “Humilhados e Ofendidos”, de Dostoiévski, entre os muitos clássicos humanistas que Pedro Rousseff lhe apresentara. O pai ensinara a filha a amar os livros e as pessoas. Agora, ela teria que seguir o aprendizado ao lado dos irmãos, Igor e Zana, e da mãe, dona Dilma, que lutaria com unhas e dentes para manter a família no rumo traçado pelo marido.
Dilma vai fazer o ensino médio no Colégio Estadual Central e, em seguida, a faculdade de economia na Universidade Federal de Minas Gerais, centros de efervescência cultural e política de Belo Horizonte às vésperas do golpe militar de 64. A barra mais pesada viria em 68, quando o AI-5 baixado pelos militares mergulhou o Brasil ainda mais fundo nos porões da repressão.
A adolescência e a juventude são temperadas com literatura, cineclube e discussões políticas nos bares onde o petisco preferido dos rapazes e moças sem dinheiro no bolso é farinha com molho inglês a palito. Dilma e sua geração entram de cabeça na militância política. Com 16 anos ela já está na Polop. Depois na Colina e finalmente na VAR-Palmares -- todas organizações clandestinas, num tempo em que tudo era proibido e que você podia ser preso apenas por escrever num muro a palavra “Liberdade”.
Os trabalhadores eram proibidos de reivindicar melhores condições de trabalho, os estudantes não podiam se organizar, o teatro, o cinema, a literatura e as artes em geral estavam sob forte censura, não existia liberdade de imprensa.
Dilma vê amigos presos, torturados, exilados e assassinados pela repressão. Casa-se com o companheiro de militância Claudio Galeno. Os dois caem na clandestinidade e, para fugir ao cerco da repressão, dividem-se entre diferentes cidades, até que a distância acaba separando o jovem casal.
Pouco depois, ela se apaixona pelo advogado e militante gaúcho Carlos Araújo. Em 1970, é presa e torturada nos porões da Oban e do Dops, em São Paulo. Como jamais participou de qualquer ação armada, a Justiça Militar a condena apenas por “subversão”, com pena de dois anos e um mês de prisão. Seu “crime” foi o mesmo de tantos jovens daqueles anos rebeldes: querer mudar o mundo.
Apesar de condenada a dois anos e um mês de prisão, Dilma só seria libertada depois de quase três anos no presídio Tiradentes, na capital paulista. Ao sair, passa uma temporada em Minas, junto da família, curando as dores do corpo e do espírito
Em 1973, muda-se para Porto Alegre, onde o marido, Carlos Araújo, também capturado pela repressão, cumpre pena de quatro anos. Araújo é libertado e retoma a advocacia; Dilma passa no vestibular e recomeça os estudos, agora na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, uma vez que a Universidade Federal de Minas Gerais havia jubilado e anulado os créditos dos alunos envolvidos com organizações de esquerda.
Em 75, começa a trabalhar como estagiária na Fundação de Economia e Estatística (FEE), órgão do governo gaúcho, e no ano seguinte torna-se mãe de Paula Rousseff Araújo -- que em setembro de 2010 lhe dará o primeiro neto.
O desgaste do regime militar faz renascer a esperança na volta da democracia. Dilma engaja-se na campanha pela Anistia, e, junto com o marido, ajuda a fundar o PDT do Rio Grande do Sul. Entre 1980 e 85, trabalha na assessoria da bancada estadual do PDT e exerce intensa militância. Atua decididamente no movimento pelas Diretas Já e na campanha de Carlos Araújo a deputado estadual. Ele é eleito em 82, iniciando o primeiro de seus três mandatos consecutivos.
Em 86, o pedetista Alceu Collares, novo prefeito de Porto Alegre, escolhe Dilma para a Secretaria da Fazenda. É o início de uma trajetória administrativa que mais tarde seria reconhecida por três características principais: determinação, competência e sensibilidade social.
Que esta segunda-feira, que a muitos sabe a feriadão, seja marcada como um muito bom dia. Que todos possamos pensar em dias ainda melhores para o povo brasileiro. O assunto desta blogada não poderia ser outro. É bom ver sonhos se transmutarem em realidades.
Mestre!
ResponderExcluirA segunda-feira começa embalada por muitos sonhos...Como é bom sonhar com um Brasil ainda melhor, nem tanto para nós, que somos os mais experientes....mas para nossos netos...para todos os brasileiros...jovens e milhoes de crianças...
com emoção de vitoria...
Elzira.
Prof. Chassot
ResponderExcluirestou muito feliz com a vitória de Dilma, pois representa diversas coisas pra gente. Liberdade, vitória, conquista feminina e humanitária no poder.
Eu como neta e sobrinha de militantes esquerdistas, vibrei demais! O Brasil está no caminho certo.
Grande abraço
Anaí Zubik
Bom Mestre estamos todos muito feliz !...
ResponderExcluirFeliz Feliz ....
Feliz porque é uma vitória das mulheres, dos que acreditam no Estado laico, dos que lutam pela igualdade social.
fruto do desespero dos machistóides de plantão >>>
Vamos continuar construindo um Brasil melhor!
Depois de toda a campanha contra, os boatos, os e-mails Spam, a cnbb, a TFP, o papa, o aborto, o sexismo, o cl...assismo, a força das elites, ELA GANHOU!
Agora vamos lá mestre é Dilma .!
Muito querida Elzira,
ResponderExcluirquando voltava da Academia esta manhã tinha uma percepção que teria comentário teu. Sabia que tu como eu fizemos por esta vitória pensando num Brasil melhor por nossos netos.
Assim muito obrigado por seres parceira de lutas e de ideais.
Com continuada admiração,
attico chassot
Muito querida Anaí,
ResponderExcluirteu comentário exigiu uma sustação de lágrimas. Num país que há não muito mulheres não votavam, uma mulher que teve presa sob tortura por três anos ontem se fez Presidente da República é emocionante,
Muito honrado ter uma catalisadora da escrita como leitora deste blogue;
Um afago do
attico chassot
Meu Caro Mestre Chassot! Embora tenha optado por Marina em primeiro turno, defendi a candidatura Dilma 13 no segundo turno porque sou admirador da política do Presidente Lula que resgatou com certeza milhoes de brasileiros da linha da pobreza, como nunca se viu em outa parte do globo. Como disse recentemente Marilena Chauí, "a política social do Presidente Lula resgatou da pobreza uma população semelhante à da França, e o Professor Paul Singer, ao apresentar o modelo brasileiro ao Parlamento Europeu no mes passado, pasmou os politicos do Velho Mundo, que se convenceram de que o modelo brasileiro é aquele que poderá resolver a crise instalada no continente". Abraço do JB nesta segunda pré-feriado de alma lavada e mais tranquilo pela "Verdade ter vencido a Mentira". Tomara que o Neo-Liberalismo nunca mais nos assombre nessas paragens.
ResponderExcluirMuita atenciosa Bruna,
ResponderExcluir~~como não tenho teu endereço eletrônico posto este comentário, também, no teu muito politizado blogue ~~
foi realmente uma grande vitória e de todas que referes aquela mais espetacular foi a vitória sobre o papa, sexta-feira quando vi quem interferia na eleição no Brasil cheguei a temer.
Obrigado por teu comentário.
Um afago com admiração,
attico chassot
Muito querido Jairo,
ResponderExcluirquando no primeiro turno votamos diferente, nunca senti estarmos em campos opostos. Quando foi definido o segundo turno te senti o grande parceiro pró-Dilma.
Nossos filhos e netos ontem aumentaram possibilidades de um Brasil ainda melhor.
Com continuada admiração,
attico chassot
Prof. Chassot.
ResponderExcluirQue belo dia temos hoje, após um domingo vitorioso, esperançoso e alegre. Renovamos nossa esperança por um Brasil cada vez melhor. E a verdade venceu a mentira.
A sensibilidade social e solidária venceu os olhos gordos do pensamento puramente econômico do Serra.
Forte abraço ao amigo professor Chassot,
desejo de uma semana de alegrias para todos nós.
Ass. Prof. Luís D.
Muito estimado colega Luís,
ResponderExcluiré muito bom saber-te irmanada nas emoções da vitória de ontem;
Realmente, por pelo mais 4 anos exorcizamos o neo-liberalismo tucano.
Agradeço o comentário pelo prestígio que dás a este blogue.
attico chassot
Olá professor, bom-dia!
ResponderExcluirImediatamente após ler seus escritos, hoje pela manhã, li os do colunista David Coimbra. Confesso que discordo (quase sempre) do que ele escreve, algumas "bobagens" que ele publica jpa me enfureceram, mas hoje gostei do que ele postou. Eis o texto dele:
Hoje Dilma Rousseff acordou presidente eleita do Brasil.
Ou presidenta, como aceitam alguns menos puristas.
O Brasil tinha um operário como presidente, agora terá uma mulher.
Mais: uma mulher que jamais foi eleita para qualquer outro cargo em sua vida política. Saiu da coadjuvância direto para o papel principal.
Nos Estados Unidos quem governa é um negro, realizando a ficção que Monteiro Lobato compôs no começo do século passado. Mesma época, aliás, em que Monteiro Lobato previu que o solo do Brasil era prenhe de petróleo, e por isso foi encarcerado pela polícia.
Hoje começa a semana de Paul MacCartney. Daqui a seis dias haverá um beatle em Porto Alegre. Lembro daquela bela música do Tavito, “Rua Ramalhete”, que perguntava: “Será que algum dia eles vêm aqui, cantar as canções que a gente quer ouvir?” Não é que um deles virá???
Uma mulher presidente do Brasil, um negro presidente dos Estados Unidos, o petróleo prestes a jorrar como se fôssemos a Arábia Saudita, um beatle entre nós. O mundo está mudando. Para melhor.
Um abraço muito contente com esta segunda-feira
Atenciosamente
Ieda
Mestre,
ResponderExcluirnão estamos acostumados a utilizar o termo presidenta, já que Dilma é a primeira presidenta do Brasil, mas, ele está no Aurélio, existe sim o feminino de presidente!
Vamos utilizá-lo a partir de hoje, com muito orgulho!!
Malu.
Muito querida Ieda,
ResponderExcluirrealmente esta segunda está encharcada de vitória.
A eleição da Dilma mexe com os machismos do povo brasileiro.
É bom compartir contigo as alegrias da inebriante vitória de ontem.
Um afago agradecido por teu comentário.
attico chassot
Muito querida Maria Lúcia,
ResponderExcluirPresidenta ou Presidente (prefiro) o que interessa que será uma mulher que nos garantirá pelo menos quatro anos sem o neoliberalismo tucano.
Com agradecimentos
attico chassot
Mestre Chassot, boa tarde!! Sinceramente não tomo dores ou alegrias de quem realmente se liga na política, só sinto pena as vezes de certas situações. Eu, particularmente, não gosto do governo PT. Essa coisa de 'ajudar' os pobres, dando tudo prontinho na boquinha deles, faz com que não queiram ser alguém de verdade no futuro, e se contentarão com o pouco o resto da sua vidinha maldita. Eu estudo muito pra conquistar as coisas que quero, trabalho pra pagar a faculdade, vejo professores reclamando dos salários, e pessoas engravidando ou sendo presos para ter auxilio financeiro do governo. Isso é lamentável. E a gente que rala, acaba pagando imposto para esses fracassados ai que adoram mamar na teta do governo (palavras do meu querido namorado estranho/misantrópico). Mas acontece, que eles não estão errados não. O governo que usa disso para ter votos desses alienados. Morro de dó. Mas concordo que o Brazil (com Z) não piorou com o governo PT, eu é que não quero estar aqui no amanhã. Um forte abraço da maluquinha poetisa de GV. Ps- Tbm não gosto do Serra serrador. Sou ativista ambiental. rs.
ResponderExcluirBravo Chassot! Excelente texto. Mais 4 anos de progresso e desenvolvimento da Ciência e Tecnologia.
ResponderExcluirMuito estimada Gabriella,
ResponderExcluirobrigado por teu comentário. Para cada uma e cada um de nós o dia de ontem teve dimensões diferente. Tu e eu estamos em campos díspares. Isto não impede a admiração por teus escrito que me levam a tua Governador Valadares,
Significados da vitória de ontem – e para mim são muitos – podem ser sintetizados em uma das muitas esperanças que a Presidente eleita mostrou ontem: A igualdade de oportunidades para homens e mulheres é um principio essencial da democracia. Gostaria muito que os pais e mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas, e lhes dissessem: sim, a mulher pode!
Um afago agradecido pelo prestígio que conferes a este blogue enquanto leitora do mesmo,
attico chassot
Muito estimado colega Guy,
ResponderExcluirsim por quatro anos foi exorcizado a politica tucana predadora que lesa homens e mulheres e também a soberania nacional.
Obrigado por teu comentário
attico chassot
Olá Profº. attico, não poderia deixar de examinar o seu blog no dia de hoje. Como é doce o sabor da vitória, sei que o senhor está desfrutando deste gosto assim como 55.752.492 brasileiros que escolheram o melhor para o nosso país. E viva o Brasil!
ResponderExcluirJeferson Carneiro - Bragança/Pará.
Muito estimado Jeferson,
ResponderExcluirrealmente estas acertado: hoje nos sentimos em estado de graça. É bom fazer parte daqueles eleitores que mostraram que não acreditaram nas mentiras e nem nas ameaças papais. Esta noite assisti, excepcionalmente o Jornal Nacional com algumas histórias da Dilma. Disse então que elas devem ter feito mais bem aos tucanos do que aos petistas.
Uma muito boa noite e obrigado por prestigiares este blogue,
attico chassot
O Brasil é feito por brasileiros..brasileiros que acreditam em um Brasil cada vez melhor.. ( Não me canso de usar repetidamente Brasil e brasileiros..há uma perfeita sintonia em várias dimensões nessas duas palavras). Isso fica bem evidente no marco da história nosso país em 31 de outubro de 2010.
ResponderExcluirMuito cara Verenna, está muito presente na fala de abertura de seu discurso memorável noite de 31 de outubro: A igualdade de oportunidades para homens e mulheres é um principio essencial da democracia. Gostaria muito que os pais e mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas, e lhes dissessem: sim, a mulher pode!Quando nos damos conta que há 76 anos as mulheres ainda não votavam, a eleição de uma mulher é algo muito significativo.
ResponderExcluirCom agradecimentos por tua presença neste blogue.
Um afago do
attico chassot