s
Porto Alegre Ano 5 # 1552 |
Esta data esta fortemente marcada em mim desde a infância. Sempre aprendi acerca do Dia dos Fiéis Defuntos, Dia dos Mortos ou Dia de Finados ou simplesmente, Finados, celebrado pela Igreja Católica no dia 2 de Novembro. Minha mãe sempre ensinou que era o dia do ano para rezar por todos os mortos, especialmente pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém lembrava. As benditas almas do purgatório sempre foram lembradas em minha casa. Era a ela que rezávamos para acordar em horário não rotineiro ou para ir bem nas provas.
Pois, em mim, hoje, ecoa forte a lembrança daqueles que um dia me foram próximo e já partiram. Já na madrugada e depois ao café lembrava muito de meu pai e de minha mãe. Do Sirne e do José Maria: dois irmãos que já perdi. Pensei em meus avós e em vários dos meus tios. Vivo um dia de finados inédito: com a morte este ano do tio Afonso e da tia Lúcia, passei a ser o decano de meu clã familiar.
Para cada uma e cada um dos que já passaram por aqui, uma lágrima; E porque não, uma prece.
Esta data me remete para duas lembranças que acredito valha partilhar aqui: Toties quoties // Essa. Talvez seja pretencioso, mas acredito que uma fração muito pequena de meus leitores sabem algo sobre uma e outra destas duas evocações.
Toties quoties era algo muito especial que fazíamos no dia de Finados. A partir do meio-dia de Todos os Santos até a meia-noite no final do Dia de Finados os fiéis católicos, tantas quantas vezes (por isso: Indulgência Toties quoties) se visitasse uma igreja ou capela, onde o Santíssimo Sacramento está verdadeiramente presente, para rezar pelos mortos, recitando seis vezes durante cada visita ao nosso Pai Nosso, Ave Maria e Glória pelas intenções da Santa Madre Igreja, podia-se ganhar uma indulgência plenária aplicável somente às almas do purgatório, nas condições habituais de fazer uma boa confissão dentro de uma semana antes ou depois, dignamente receber a Sagrada Comunhão na semana e ter direito a intenção do coração. Ainda me lembro de minha mãe nos levando a igreja e fazermos as indulgências, com o nome citado em latim, com diversas entradas na igreja e rezando os seis Pai Nossos, seis Ave Maria e seis Glorias e voltando, agora pelo vovô Volkweiss, agora pelo vovo Châsso, agora pela vovó Barbara, agora pela vovó Suzana, pelo tio Otacílio... e assim algumas longas horas de um vai volta no adro da igreja de Montenegro. Claro que voltava muito rápido era questionado, se rezou com devoção.
Essa palavra que até essa manhã pensei ser grafada como sua homófona eça. Pois essa é o estrado onde se coloca o caixão do cadáver durante as cerimónias fúnebres; catafalco. Aprendi também um sinônimo que nunca ouvira, mas que a etimologia grega traduz bem: cenotáfio 'túmulo honorário, do grego kénotáphion, ou 'túmulo vazio'. Pois acreditem que, enquanto ajudante de missa, muito montei e desmontei a essa. Nas missas de ‘réquiem’ 7º ou 30º dia ou de ‘ano’ na nave principal era montada uma essa, entre quatro velas que durante a missa o padre com os coroinhas aspergiam com água benta e era ainda incensada com túribulo com brasas fumegantes, enquanto a dona Evinha, esposa do senhor Silfredo Ody, tocava harmônio e cantava o Réquiem aeternam dona eis, Domine, Et lux perpetua luceat eis. [que continuava com mais uma dezena de versos, cuja tradução, então, não era mencionada Repouso eterno dá-lhes, Senhor, E luz perpétua os ilumine.
Depois da homenagem aos mortos e dessas duas evocações funéreas, dois comentários acerca do dia em que vivemos a euforia da vitória.
Cheguei pensar em fazer uma blogada acerca dos substantivos: Presidente e Presidenta. Vi tanta discussão que resolvi não gastar pólvora com chimango. No Dicionário Aurélio: Presidenta – S.f. 1. Mulher que preside. 2. Mulher de um presidente. No Dicionário Houaiss: Presidenta - Acepções ¦ substantivo feminino 1 mulher que se elege para a presidência de um país Ex.: a presidenta da Nicarágua 2 mulher que exerce o cargo de presidente de uma instituição Ex.: a presidenta da Academia de Letras. 3 mulher que preside (algo) Ex.: a presidenta da sessão do congresso; 4 Acepção de pouco usado. esposa do presidente. Os dicionários Aulete e Priberam que consultei não são diferentes. Logo os dois substantivos estão certos. Dilma pode ser chamada de Presidente ou Presidenta. A maioria dos jornais esta optando por Presidente. Há alguns que veem nisso um machismo, com que eu não concordo. Presidente é epiceno, ou seja assim como sentinela, tenente, coronel é comum aos dois gêneros. Prefiro: Presidente.
Todavia me parece equivocada a manchete garrafal da Folha de S. Paulo de ontem: DILMA É A ELEITA Primeira mulher a ocupar o cargo, petista teve 56 dos votos e será o 40º presidente. Errado: Dilma será a 40ª presidente.
O segundo assunto, apenas um pitaco. A Rede Globo faz a hora. Ontem a asquerosa militância anti-PT da campanha se travestiu em Globinho paz e amor, pintando uma doce Dilma, que se prestou a uma longa entrevista exclusiva. Esta foi mais útil para os que não votaram nela. Acredito se a mesma entrevista tivesse sido vinvulada na sexta-feira, ao invés daquele insosso debate, ao invés de 56% seria uns 70%.
Com votos de um bom dia feriado, o convite para nos lermos amanhã.
Bom dia mestre,
ResponderExcluirtive enorme prazer em revê-lo em Porto Alegre durante o XXX EDEQ e, mais uma vez me surpreendo aqui com curiosidades culturais como essas postadas hoje.
Quanto à política,temos opiniões muito diferentes, talvez por isso eu tenha deixado de comentar nos últimos dias. Opiniões políticas são como religiões, cada um defende a sua.
Um grande abraço.
Moisés Lara
Meu caro Moisés,
ResponderExcluirvibro com teu retorno. Passado o período eleitoral, onde pensei muito em Brecht acerca do ‘analfabetismo político’ volto a seara que nos une: alfabetização científica.
Temos muitas figurinhas a trocar em nossos blogues.
Com estima e com admiração
attico chassot