Porto Alegre Ano 5 # 1554 |
Uma quinta-feira na qual ainda custamos a acertar o passo em uma semana que não foi só atípica em termos de feriado(s), mas também teve um memorável domingo que redimensionou expectativas e tornou os dias mais exigentes em acompanhar análises políticas.
Por tal nada como uma blogada anódina. A matéria foi capturada da agência espanhola EFE e é assinada por Francisco Carrión, autor também da foto. Antecipo uma pergunta que gostaria de ver respondida por alguns de meus leitores. Quem gostaria de ser pai/mãe/avô/avó de um menino ou menina como Mahamud?
O pequeno Mahmud Wael, um egípcio de 11 anos de aparência frágil, se tornou técnico da Microsoft graças a sua capacidade de resolver cálculos complexos em questão de segundos e de sua habilidade com redes de computadores.
“Meu pai descobriu minha habilidade aos três anos, quando resolvi uma tarefa de multiplicação para a minha irmã”, contou Wael à agência EFE. Ele é um menino tímido que responde sentado em um sofá de um humilde apartamento em que vive com sua família.
Depois desta descoberta, um exame determinou que seu coeficiente intelectual é de 155, uma pontuação “muito alta” que, segundo Wael, faz dele o “garoto mais inteligente do mundo”.
Wael, apelidado pelos vizinhos de “abqarino” (gênio, em árabe), se matriculou aos 9 anos na prestigiosa Universidade Americana, na capital egípcia, Cairo, onde atualmente estuda ciência da computação.
Para seu pai, Wael Mahmud, que orgulhosamente mostra uma pasta cheia de recortes de jornais sobre seu filho, o garoto é “um menino, um engenheiro da computação e um presente de Alá”.
A habilidade do jovem com informática não passou despercebida para a Microsoft, que lhe presenteou, aos seis anos, com o seu primeiro computador portátil e acaba de nomear o garoto como especialista tecnológico.
“Agora já sou um profissional em redes de computador, e já posso trabalhar”, afirma Wael, um apaixonado por computadores porque “graças a esta invenção, é possível ir a qualquer parte do mundo”.
Tudo, diz ele, está ao alcance de sua tela: “Se quero saber algo tenho o Google e a Wikipédia, e se o que desejo é conhecer alguém no outro extremo do mundo, existe o Facebook”.
“Talvez eu acabe trabalhando para a Microsoft”, diz Wael, que, embora fale fluentemente inglês e árabe e estude francês, está mais interessado “em conhecer as linguagens de computador”.
No populoso bairro de Cairo onde a família sempre morou, as crianças da sua idade brincam na rua enquanto os adultos bebem chá ou fumam “shisha” (cachimbo de água).
Mas Wael não tem tempo para sair com seus amigos, porque sua jornada começa cedo, às seis e meia da manhã, e suas manhãs e tardes são ocupadas pelas aulas em um colégio internacional e na universidade.
“Os meninos da minha idade estão orgulhosos de ter um amigo como eu no bairro, mas outros pedem que ninguém brinque comigo”, conta Wael, que nas férias se dedica “apenas a brincar, brincar, brincar”.
“Às vezes me sinto como um adulto porque me levanto muito cedo e vou à escola e à universidade, mas em casa meus pais me tratam como uma criança normalmente”, acrescenta.
Interessado em programação, Wael assegura ter perdido a destreza com as operações matemáticas, mas, diante da pergunta sobre o resultado de 40 x 78, ele faz uma pausa e pede, com cara séria, “um minuto, por favor”.
“Moody”, seu apelido em casa, só precisa de dez segundo para responder corretamente (3.120) e, logo, explica que seu verdadeiro sonho é seguir os passos do egípcio Ahmed Zewail, prêmio Nobel de Química em 1999, e ser um “cientista especializado em informática”.
“Antes de cumprir 20 anos vou viver no exterior para estudar e logo voltarei para tentar inventar algo aqui”, indica ele, que se considera um “bom muçulmano”.
Segundo o pequeno, o profeta Maomé lhe concedeu a inteligência que tem e ele o agradece quando frequenta a mesquita perto de sua casa.
“Meu QI é uma das muitas razões pelas quais amo a Deus”, afirma ele, que diz ter como objetivo “memorizar todo o Alcorão”.
Os olhos de Wael, meio ocultos pelos óculos vermelhos, se acendem quando fala de outra de suas paixões, o futebol: “Gosto de jogar com meus amigos no bairro e na escola e torço para o Al Ahly”, campeão da última liga egípcia.
Depois do time de Cairo, Wael reconhece que seu favorito é o Barcelona, porque “tem grandes jogadores como o Messi”, e entre as seleções nacionais, fica entre Espanha e Brasil. “Conheço o Iniesta. Marcou o gol na final da Copa contra a Holanda”, conclui.
Esta é a notícia. Persiste a interrogação: Você gostaria que sua filha/filho ou neta/neta fosse um geninho? RSVP.
Desejo que esta quinta-feira seja muito boa a cada uma e cada um e para amanhã há a expectativa de lermos aqui. Até então.
Caro mestre,
ResponderExcluiracredito que um filho gênio deve trazer muito orgulho aos seus pais, no entanto, preocupa-me as consequências para o menino. Faculdade aos nove anos, especialista tecnológico, assédio da imprensa... Será que sobra um tempinho para ele ser criança?
Um grande abraço.
Moisés Lara
Muito estimado colega Moisés,
ResponderExcluirplenamente de acordo. Eu não gostaria ter um filho ou um neto como o geninho cairota.
Com muita admiração, a amizade do
attico chassot
Fico tentando imaginar esta criança na fase adulta, e as relações que ele está estabelecendo desde agora, sendo inserido em meios competitivos como o trabalho e a universidade. Seus pais o encaminharam para o "sucesso". Não sei qual seria minha reação se fosse mãe, irmã de um gênio-mirim.
ResponderExcluirProfessor, há algum estudo sobre a genética familiar de gênios, como Mahmud?
Estimado Mestre Chassot,
ResponderExcluirNão me canso de admirar-lhe o bom senso. Já percebeu que não se houve falar desses gênios quando chegam aos 40 anos? Deve haver uma porção deles trabalhando para seguradoras, bancos de investimento, empresas de alta tecnologia etc., mas no fundo parecem não fazer muita diferença.
Um grande abraço,
Renato Kinouchi.
Muito estimado Renato,
ResponderExcluirprimeiro o júbilo pela presença do admirado colega aqui. Realmente não vemos ‘repercussões’ de genialidade aos 40 anos.
A amizade
attico chassot
Muito querida Marília,
ResponderExcluirrealmente esses gênios devem ser insuportáveis.
As implicações genéticas numa situação como esta deve ser um ponto fora da curva.
Obrigado pela companhia tão significativa aqui
attico chassot