Buenos Aires Ano 5 # 1561
Buenos Aires Ano 5 # 1561
O primeiro dia de Buenos Aires foi pleno. Primeiro a Gelsa e eu curtimos a manhã fria, mas com sol esplendoroso. Numa caminhada pelas imediações do hotel em que estamos hospedados chegamos à calle Florida, uma das referências da aristocrática capital portenha. Não só nos surpreendeu o número de brasileiros nas ruas, como a circulação de quatro moedas (peso, real, dólar e euro) no comércio. Neste parece ter destaque artigos de couro e peles.
Antes do meio dia – ou melhor, das 12 h, pois aqui os portenhos são espanhóis no horário do almoço: 14h – recebi a visita de meu muito querido amigo Prof. Dr. Enrique Del Pércio. Meus leitores e ouvintes já o conhecem de muitas vezes citá-lo quando discuto indisciplinaridade. Mesmo que o Enrique tivesse voltado na terça-feira de três semanas como pesquisador-visitante na Universidade de Londres e hoje já viaja para dar um curso em Rosário, ofereceu-me preciosas horas de seu dia para uma agradável charla. Não sei se conversei mais com o apaixonado pela história de Buenos Aires, que me mostrou preciosidades arquitetônicas em torno da praça de San Martin explicando-me porque aqui se viola uma norma usual ‘Não pise na grama’ e se pisa na grama como símbolo da desobediência à ditadura; ou com o filósofo, aspirante a teólogo, que este ano foi por um mês professor na Universidade Gregoriana de Roma; ou ainda com o epistemólogo que busca entender o quem é este ‘novo sujeito’ da pós modernidade.
Poucos poderiam imaginar que dois intelectuais que antes estiveram visitando o histórico edifício-símbolo Kavanagh ou a igreja da adoração perpétua, que o Kavanagh ocultou, agora desfrutavam da Confiteria Richmond – dita a mais aristocrática de Buenos Aires – pudessem estar falando de santo Anselmo como padroeiro do Banco Mundial (já prometido assunto para uma futura blogada) ou ainda analisando as consequências da derrota da Argentina na Guerra das Malvinas em 1982..
Ao frutuoso papo com o Enrique, seguiu-se minha viagem a Remedios de Escaladas em companhia da Profa. Dra. Esther Dias – já presente neste blogue em outras oportunidades e que já anuncio aqui como dica de leitura no sábado – para fazer uma fala na Universidad de Lanús. Foram preciosos 45 minutos onde ela e eu recordamos os peripatéticos que imitamos em outras conversas que já tivéramos.
Na UNLa uma surpresa: o magnífico campus é formado pela reciclagem de uma antiga estação e oficinas ferroviárias, em uma área de cerca de 20 hectares, do começo do século 20. Mais uma vez afloraram as emoções do filho do ferroviário que teve seus primeiros anos de vida ligados aos trens que passava pela estação Jacuí.
As instalações da Universidade – em prédios históricos de uma antiga companhia inglesa –, que agora tem cerca de 15 mil alunos na graduação, no mestrado e doutorado, são magníficas. É muito significativo que outra Universidade de Quilmes na grande Buenos Aires, aonde já falei, há alguns anos, também foi eram em um prédio ‘reciclado’ de uma indústria fabril, se não me equivoco.
Recebi atenções de muitas pessoas na UNLa, entre as quais destaco a visita a sala de conferencia do Prof. Hector Muzzopappa, diretor do Departamento de Humanidade e de Artes. Fui também obsequiado com revistas da UNLa e o livro ‘Lanús, espacio urbano y patrimonio’.
A palestra ¿Es la Ciencia masculina? ¡Así es, señora!... teve um muito atento público formado por alunos e professores de mestrado e doutorado, que ocupou a sala de reuniões do Departamento. Minha fala foi precedida por uma muito densa apresentação pela Esther Díaz. Foi mais uma edição da fala no exterior depois de apresentações na França, no México, no Uruguai e na Colômbia. Uma vez percebi, especialmente pelas questões trazidas ao final, o quanto o assunto envolve os participantes.
Hoje e amanhã assisto ao "I Congreso Internacional de Epistemología y Metodología: Investigación Científica y Biopolítica". Neste Congresso estarão destacados especialistas da Argentina, do Brasil, do Chile e da Espanha. A Gelsa faz esta manhã a palestra de abertura “Planteamientos epistemológicos y metodológicos de un Programa investigativo en el campo de las Etnomatemáticas.” É fácil inferir o orgulho que estou tomado.
Desejando a cada uma e cada um de meus leitores que a quinta-feira se plena de realizações, aceno com encontro amanhã, ainda de Buenos Aires. Até então.
Caro Prof. Chassot,
ResponderExcluirBuenos Aires é uma inspiração para qualquer pessoa com bom gosto, são componentes históricos e culturais de grande contribuição para toda a humanidade.
Antonio
Meu caro Antônio,
ResponderExcluirObrigado por teu comentário acerca de Buenos Aires.
Estar aqui, ao lado das lides acadêmicos enseja conversar com colegas acerca da s realidades políticas de alguns países. Quanto a Argentina vi numa pichação, uma boa síntese;
NESTOR CON PERON
PUEBLO CON CRISTINA.
Um abraço com continuada admiração,
attico chassot