Porto Alegre Ano 4 # 1456 |
A vigília do quarto aniversário desse blogue enseja reflexões. Essas devem ser necessariamente repartidas com meus queridos leitores e leitoras. Não vou trazer aqui o interrogante que, há dois anos foi central em algumas edições. ¿Por que escrevo? O divã psicanalítico da internet é por demais público para essa discussão.
Durante quatro anos, sem faltar um dia (os quatro dias que faltam para 4 x 365 + 1 estão nos dias da primeira semana de agosto de 2006, quando não me definira por uma periodicidade diária), publicar algo, se afigura para alguns como um fazer meio neurótico. Devo confessar que acredito que tenha vivido um período de adição ou de adicto (= dependente de; submisso// nem Houaiss e nem o Aulete registram adito e adição nesta acepção). Acredito que me superei. Não vou confessar que esta adição tem sido mais usual no exterior, quando o blogueiro narcíseo que habita em mim, aflora mais. Disse que não me deitaria no divã... e já estou me expondo.
Pautara para falar hoje acerca do quanto está contemplada a tese principal que desejaria explicita em cada uma das blogadas: os blogues como instrumentos pós-modernos para fazer alfabetização científica. Já defendi isso em um artigo científico, mais de uma vez referido aqui. Há edições que tal parece óbvio, por exemplo, na edição bisada ontem Coltan: o precioso ouro azul, manchado de sangue. Mas, e as duas primeiras edições desta semana, onde trouxe relato da peregrinação mística visitando o Templo da LBV e a Catedral de Brasília? Dentro de uma leitura mais ampla de alfabetização científica que tenho defendido, parece que sim. Especialmente se tivermos presentes as repetidas defesas dos diferentes óculos para lermos o mundo natural.
Acrescento a isto, a tentativa de síntese que fiz quando tentei contraponto: Templo da LBV versus Catedral, visitados na mesma manhã e disse que se me exigissem apenas um par de adjetivos para caracterizar um e outra elegeria: solidez e leveza. Ou deixando esta dupla material, pensando em mentefatos: esotérico (o templo da LBV) e exotérico (a catedral). Talvez, outro óculo veria: aquele, místico e esta religiosa. Claro que são comparações pretensiosas, até porque aventurar-se a definir obras monumentais com três pares de adjetivos é inenarrável.
Assim, pretensiosamente, parece que mesmo quando faço relatos que podem ser diário de um viageiro ou diário de um mestre-escola ou até a atenta vigilância aos assim chamados formadores de opinião esteja – num sentido muito amplo – fazendo alfabetização científica. Essa discussão merece ser retomada em outro momento.
O comentário trazido neste blogue, em 19 de maio, acerca da explosão em uma plataforma de exploração de petróleo da empresa British Petroleum, localizada no Golfo do México, a cerca de 80 quilômetros da costa da Louisiana, Estados Unidos. O acidente causou a morte de 11 pessoas e provocou um incontrolável vazamento. Assunto retomado em 21 de junho, quando se constata que algo que impacta está ver a riqueza de BP – a mega poluidora – que tem 18,3 bilhões de barris de reservas de petróleo (o Brasil tem 12,8 bilhões). A BP está em 30 países e tem 16 refinarias, com 1,5 vez o petróleo do Brasil e resiste a indenizar os danos causados.
Hoje, quando se anuncia que BP teve prejuízos da ordem de 30 bilhões de dólares – valor de uma ordem de grandeza que tenho dificuldades de imaginar – há pelo menos dois dolorosos prejuízos que não têm contabilização e certamente são maiores que aqueles que a amarga a BP.
Lembrei-me de uma frase atribuída a Lord Kelvin: “Só podemos falar, a respeito daquilo que podemos medir.” Lateralmente registro que preparo um seminário no Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão, acerca de pesquisa qualitativa
onde faço um repto a William Thomson (1824 - 1907), mais tarde conhecido como Lord Kelvin, é os cientistas mais notáveis e ecléticos da segunda revolução industrial, do período de apogeu do Império Britânico. Ontem, em uma conversa confundi com seu contemporâneo e conterrâneo Sir Joseph John Thomson, também conhecido por J. J. Thomson, (1856 - 1940) um físico britânico que descobriu o elétron. Quem pode medir o Amor? ou mais, as artes, a filosofia, o sentimentos religiosos...
Mas, volto a outros prejuízos imensuráveis do desastre protagonizado pela BP. Estes são de duas dimensões. 1) centenas de homens e mulheres que foram desempregados pois faliram inúmeras empresas que se dedicavam a pesca ou ao turismos e vivem crises em seus círculos sociais, com casamento desfeitos, entrega a vícios, internamento em hospitais psiquiátricos etc. 2) a dolorosa destruição ambiental, talvez no maior desastre ecológico dos tempos recentes, com milhares de animais e vegetais (especialmente da fauna e flora oceânica). Os produtos químicos lançados ao mar para absorver o petróleo, foram em grande parte precipitados ao fundo do oceano.
Quem avalia e indeniza estas duas dimensões, senhor Lord Kelvin, acerca dos quais não apenas podemos falar, mas sentir? Realmente, há um século vivia-se o triunfo das certezas matematizáveis. Esta foi a marca da passagem do Século 19 para 20.
Cem anos depois, ao referir o final do ‘nosso século’ (já disse mais de uma vez que todos os meus leitores são homens e mulheres do século passado) talvez pudesse dizer que se o mesmo começou marcado pelas certezas termina sob o signo da incerteza. Isso pode ser sintetizado pela frase ‘Só tenho uma certeza: as minhas incertezas!’ de Ilya Prigogine (1917-2003), galardoado com Prêmio Nobel de Química em 1977.
Conversa como essas acredito que fazem alfabetização científica. Pois é nutrido nessas reflexões que este blogue amanhã faz quatro anos. No desejo de uma frutuosa quinta-feira adito o convite para a edição de celebração de amanhã.
Oi Professor,
ResponderExcluirCertamente que o processso de construção da alfabetização cientifíca estar "encharcado" de Ilya Prigogine,um químico (quem diria), que nos mostrou as incertezas das ciências por intermédio de Werner Karl Heisenberg.Quero parabenizá-lo pelo empenho de nos brindar com este excelente blog.Aproveito para perguntar como conseguir o artigo "os blogues como instrumentos pós-modernos para fazer alfabetização científica".
Forte Abraço
Geziel
Muito estimado colega Geziel,
ResponderExcluirobrigado por de maneira tão culta e (simultaneamente) tão afetiva avaliares esse blogue. Em separado te envio o texto.
Agradeço a valorização que conferes ao meu trabalho,
a admiração do
attico chassot
Boa noite Professor!
ResponderExcluirHoje vim mais tarde um pouquinho [tive visitas em casa o dia todo!^^!], mas não podia deixar de comparecer a esse tríduo do blog!
=]
Acredito sim, e concordo com o senhor em nosso alfabetizar cientificamente através dos blogues, e acredito que o mundo [e as escolas] têm muito o que aprender através das TIC's.
Quanto à pergunta que me fizeste anteriormente, o QUIMILOKOS também está prestes a aniversariar!
Em agosto completará 5 anos![isso contando realmente desde quando o criei, mesmo que no início não fosse pelo blogger, e sim pelo weblogger].
=]
Para não perder o costume, uma suave noite de quinta-feira!
Abraços!!
Ola meu Mestre! Ate que enfim consegui resolver o problema que me afligia no PC. Mas, foi tarefa herculea, certamente. Agora posso comentar tuas blogadas. Ja aprendi sobre o Coltan, o ouro azul, e tambem aprendi muito sobre a importancia dos blogs para fazer alfabetizaçao cientifica. Grande abraço e muy bueno Viernes. JB
ResponderExcluirMuito querida Thaiza,
ResponderExcluirobrigado por essa vista ritual, às vésperas de um aniversário.
È muito bom receber a ratificação acerca do fazer alfabetização científica de um bloguista com expertise.
Uma suave noite lembrando que há uma semana estávamos juntos ao vivo.
attico chassot
Meu caro Jairo,
ResponderExcluiruma estranha coincidência: há não muito em um divagar, elegia três comentaristas que quisera ter num conselho editorial deste blogue.
Eis que chegam juntos comentários de dois. Da Thaiza (que recebe cópia desta mensagem) e de ti. Uma e outro expertises em blogue com quem aprendo e ratificam que aqui se faz alfabetização científica, Isso é bom.
Obrigado elas muitas ajudas neste blogue.
Uma muito boa noite e que a sexta-feira de aniversário venha logo. É interessante que mesmo em criança nunca curti meus aniversários, Estou com o evento de amanhã tal qual criança,
attico chassot
Bravo!!!
ResponderExcluirPor onde andei? O que tomou meu tempo e me privou por quatro anos desta pérola? De boca aberta me pergunto.
Fico feliz em encontrar um bom MESTRE disposto a partilhar sua sabedoria, a fim de fazer alfabetização científica.
Creio que serei seu discípulo de hoje em diante, se aceitares é claro, um pobre e ignorante universitário.
Meu caro Haroldo,
ResponderExcluircomo não aceitar um discípulo. Tu me escreveste que leste o meu “Diálogos de aprendentes”. Lembra-te do professor Giordano como aprendia com Maria Clara? Aqui nesse blogue ocorre o mesmo. Quem mais aprende sou eu,
Vibro com tua chegada aqui e tomara que tenha de vez em vez como arguto comentarista. Seja esta tua adesão um dos meus muitos ganhos que tive no ENEQ,
As vésperas da edição comemorativa do 4º ano deste blogue
attico chassot
Querido Attico,
ResponderExcluirPelo pouco tempo que te acompanho, via blogue tenho sido apresentada a diferentes temas, assuntos, problemas a cada nova 'conversa'. Estas apresentações trazem consigo inquietações, reflexões para o que já estava acomodado internamente. Ao meu olhar de pedagoga, estás fazendo alfabetização científica com êxito. Parabéns pelo blogue!
Abraços,
Anna Ordobás
Muito querida Anna,
ResponderExcluirprimeiro estou contente por teres mais recentemente te tornada leitora desse blogue. Teu olhar de pedagoga para mim é muito importante: ratifica o acerto da expansão do concito de alfabetização científica.
Uma muito boa sexta-feira
attico chassot