O veranico se esvai. A manhã nebulosa transforma a quarta-feira de céu azul em uma quinta-feira chuviscosa. Ontem estive pela manhã e tarde envolvido nos entrevistas do Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão. Torci pelo êxito da Gelsa em Salvador, onde ela teve fala – Educação Matemática e democracia – no X Encontro Nacional de Educação Matemática, evento que reúne cerca de cinco mil participantes.
Esta blogada se faz na trazida de um comentário aposto à recente edição: Denis Mukwege: um herói ou um santo do Século 21, postada em 28 de abril. Talvez uma de minhas mais emocionantes blogadas. Primeiro devo reconhecer, não sem uma boa pitada de lamentos, que são muito pouco os comentários a cada edição. Este blogue, quando as visitas diárias são mais de meia centena, não recebe mais que 3 ou 4 comentários por edição. O número de comentários indicados deve ser dividido por dois, pois tenho o hábito de responder a cada texto trazido pelos meus leitores.
Para um bloguista, muito provavelmente, receber um comentário gratifica mais que editar uma blogada. É no comentário que se concretiza uma das mais maravilhosas produções humana: o equilíbrio dinâmico escrita↔ leitura. Se um texto meu não tiver leitores ele não se materializa enquanto produção destinada a ser vivificada em seus propósitos. Mesmo a auto-leitura, parece que só ganha esta dimensão vivificadora se ocorrer passado um tempo. Disto dou-me conta quando da visitação aos meus diários, tempos depois. E mais, quanto maior o tempo decorrido, mais significativa é a leitura dos mesmos.
Vale referir, que tenho a percepção que a maioria dos comentários postados, não são lidos pelos demais visitantes, mesmo por aqueles que vão a pagina de postagem. Já diz o evangelho que não se acende uma vela para colocar sob a cama e sim no lugar mais visível da morada. Por tal trago, na tessitura desta edição, um comentário que me emocionou.
02JUL10 AMANI deixou um novo comentário sobre a sua postagem "28.- Denis Mukwege: um herói ou um santo do Século 21":
Caro professor Chassot, é com muita alegria que leio seu comentário sobre o Dr. Mukwege e de minha matéria no Caderno Cultura de ZH. Lá no meio da África conheci esse homem que praticamente restaurou minha fé na humanidade, quando quase a perdi. No momento que presenciava, no Congo, a mais brutal dessacralização do ser humano, Dr.Mukwege no seu exemplo simples e amável mostrou-me a sua corajosa incondicionalidade na busca da dignidade humana. No Brasil era absolutamente desconhecido. Iniciei minha luta para se fazer ouvido no Brasil, criei um blog para divulgá-lo em instituições culturais que pudessem viabilizar meu sonho. amanipucrs.blogspot.com/ - Amigos, grandes amigos me ajudaram neste intuito e a partir de pessoas sensíveis aos problemas do Congo, do Dr. Mukwege e aos nossos próprios problemas como ser humano o indicaram para conferencista no Ciclo de Palestras Fronteiras do Pensamento. Nos dias que o acompanhei no Brasil, ele depositou muita esperança que sua visita reverta em ações concretas dos brasileiros em relação ao Congo. O nome de meu Blog: Task Force. Agora a Força Tarefa continua com mais vigor e o convido para fazer parte deste esforço!
Antecipadamente, agradeço sua atenção,
Um abraço,
Milton Paulo de Oliveira
Permito-me uma ilustração a meus leitores. O dr. Milton Paulo de Oliveira é cirurgião plástico gaúcho, que em 2008 foi à República Democrática do Congo, região central da África, como integrantes de uma missão humanitária organizada pelo grupo Smile Train
A partir http://amanipucrs.blogspot.com/ visitei diferentes blogues mantidos para dar visibilidade ao trabalho realizado na África e para continuar desde Porto Alegre apoiando ações em território africano. Também pude ver esforços realizados para trazer o Dr. Mukwege a Porto Alegre. Depois de minhas leituras, em resposta, postei no blogue:
03JUL10 Muito estimado doutor Milton Paulo de Oliveira,
nesses quase quatro anos de blogueiro diário, muito provavelmente nenhum dos comentários postados no meu blogue tenha me emocionado tanto quanto o recebido neste sábado. Tão logo li, reparti com minha mulher as emoções, pois fora com ela que, há uma semana, secamos lágrimas ao ler seu texto ‘Um Quixote no coração da África’ no caderno Cultura de Zero Hora. Se o Dr.Mukwege restaurou sua fé na humanidade, seu texto de sábado mostrou a muitos algumas tentativas de reparar parte desse doloroso quadro africano que nós brancos submetemos há séculos à África.
Visitei seus três blogues. Há relatos comoventes. Aquele que conta sua visita ao Dr.Mukwege e esposa tem muita ternura. Mostra o quanto ao lado do médico há no senhor também um educador freiriano. Agendei para próxima semana fazer uma blogada acerca de alguns aprendizados que colhi com as visitações que fiz essa manhã.
Obrigado, Professor, ofereço minha admiração emocionada, attico chassot
Meu comentário não ficou sem resposta e trago aos meus leitores para que conheçam mais o trabalho do médico gaúcho e sua equipe no Hospital São Lucas da PUC.
04JUL10 Professor Chassot,
muito obrigado pelo seu retorno! Ao lê-lo ontem, à noite, percebo que existe uma linguagem universal regida pelo nosso coração! Quando solicitado pelo editor e jornalista Luiz Araújo a escrever um texto sobre Mukwege, me perguntou se poderia escrever uma ou duas páginas. Ernesto Sábato, grande e maravilhoso argentino, escreveu que devemos escrever o que dentro de nós torna-se insuportável e como um grito colocássemos para fora. Talvez, as palavras de Sábato tenham-me orientado, sem contudo não percebê-las. Essas palavras, por dois anos, mantiveram-se comigo. Construí um pequeno blog para ajudar-me em meu sonho de trazer Mukwege ao Brasil, mas ao aproximar-se o dia de sua chegada, meu sentimento em relação à África, a viagem, a Mukewege, a guerra e suas atrocidades estavam muito grandes para suportá-las sozinho. É com muita alegria, que percebo a emoção causada pelo meu texto. Nem no meu maior sonho, poderia imaginar a solidariedade e o amor recebido por pessoas como o senhor e sua esposa. O título do blog usado para Mukwege - Task Force - tornou-se a síntese desta história, pois como toda Força Tarefa há um objetivo e um grupo. Perseguir utopias, talvez seja meu maior objetivo e não há sentido fazê-lo. Então, também o convido em fazer parte de nosso grupo Task Force para ajudar Mukwege e sua luta pela dignidade humana.
Um grande abraço do seu já amigo
Milton Paulo
Eu não poderia ficar indiferente a tão distinguida oferta de amizade. Não é apenas o trabalho do Dr. Mikwege que precisa de nossa adesão irrestrita. O que é feito aqui próximo de nós e precisa ser conhecido. O Dr. Milton Paulo não foi apenas à África ajudar a restaurar a dignidade a seres humanos. Empenhou-se, com muito sucesso, para trazer Anjo de Bukavu à Porto Alegre e mais continua com ações solidárias aqui. Assim, escrevi:
04JUL10 Meu caro Milton Paulo
~~ teres me colocado como amigo autoriza tutear-nos ~~
primeiro obrigado por teu retorno e o fazes evocando Ernesto Sabato, que ouvi já nonagenário, em uma memorável noite chuvosa de 2002 em El Ateneo, em Madrid. Não conhecia esse dito que trazes dele com apropriação.
Permito-me imaginar a alegria que se apossou de ti vendo recompensada teu maravilhoso envolvimento de trazer à Porto Alegre o Dr. Mukwege, um desses novos ‘santos’ que ressuscitam a dignidade humana. Teu texto, eu sei de depoimentos, emocionou a muitos.
Vou envidar esforços para ajudar divulgar o grupo Task Force, ao qual adiro ante teu honroso convite. Este blogue, que recebe um pouco mais de meia centena de visitas diárias, nesta semana fará uma edição especial para divulgar o grupo e se põem dentro dos seus propósitos de fazer alfabetização científica, numa concepção muito ampla do termo.
Com amizade e renovada admiração, attico chassot
Assim essa blogada, tecida por estas mensagens quer catalisar meus leitores para que conheçam os esforços do grupo Task Force, cujo blogue é acessível em amanipucrs.blogspot.com Alí, se pode conhecer algo do esforços de porto-alegrenses, irmanados na ajuda ao trabalho do Dr. Mukwege, Um Quixote no coração da África. No
Com votos de uma muito boa quinta-feira, permito-me repetir algo que está na blogada do dia 28 de junho, que vale revisitar: "Nós não queremos dinheiro, precisamos de paz no nosso país" (Dr. Denis Mukwege).
Boa noite, Mestre!
ResponderExcluirConfesso que li a postagem de hoje pulando algumas linhas dos quadros azuis, mas pretendo retornar amanhã, pois o sono me domina agora.
Vou apenas comentar sobre a leitura/participação no blogue: é admirável a dinâmica adotada pelo Sr, de enviar email com cópias aos "comentaristas" citar as postagens: tudo isso instiga a lermos mais e estimula a discussão. Obrigada!
Inclusive, tenho uma curiosidade em conhecer os comentadores (ou comentaristas?) mais frequentes!
Muito querida Marília,
ResponderExcluirObrigado muito especial: estava frustrado, pois esta blogada não recebera nenhum comentário até esta hora. Justo no dia em que lamentava a não ressonância dos leitores. Mas, a minha querida filósofa quebrou o invicto da edição.
Que bom que não te deixaste vencer pelo sono e me deste este presente.
Vou estudar tuas sugestões. Tomo a liberdade para mandar cópia deste comentário aos mais ‘fieis’ comentaristas deste blogue: Jairo, Marcos Vinícius, Matilde, Joelia, Thaiza, Luis, Maria Lucia. Penso que tu e estes sete são os mais presentes queridos comentaristas.
Acredito que mesmo tenha mais de 50 vistas diárias e 79 seguidores são vocês que concretizam uma das mais maravilhosas produções humana: o equilíbrio dinâmico escrita↔ leitura.
Se esqueci alguém, ajudem-me a reparar
Um afago carinhoso e uma muito boa noite
attico chassot
É mais que uma honra poder ser citada como uma das mais presentes!
ResponderExcluirObrigada, Mestre!
=D
Thaiza querida,
ResponderExcluira honra de te ter como comentarista é minha,
afagos reconhecidos
attico chassot
Mesmo em um comentário atrasado... como a prof. Thaiza, agradeço a lembrança. No entanto, creio que a maioria de seus leitores ainda encontrarão um momento para se fazerem também comentaristas. Todos nós leitores também temos algo a dizer-escrever, talvez ainda não tenhamos este hábito,eu mesma não gosto de comentar sempre,geralmente prefiro o silêncio.
ResponderExcluirAbraços,
Malu.
Muito querida colega Maria Luisa,
ResponderExcluir(com cópia a colega Thaiza)
Não existe blogada atrasada. Já disse aqui que uma página de blogue não é como jornal velho, que só serve para enrolar peixe,
Claro que não podemos exigir que postemos comentários a cada leitura que fazemos de um blogue, Por outro lado, tu como bloguistas sabes a gratificação ue traz um comentário.
Um bom saldo de fim de semana para ti e para os teus
attico chassot
AMANI deixou um novo comentário sobre a sua postagem "
ResponderExcluirProfessor Chassot, agradeço sua imensa generosidade e atenção na matéria de hoje no seu blog. Aproveito, também para lhe pedir um favor. Há alguns dias penso num aspecto na vida de Mukwege,e se for possível gostaria de sua opinião.
Pessoas que o conhecem, manifestam-se a favor de tratar-se de uma pessoa fora do comum.A sua coragem, posicionamento social,integridade e a imensa capacidade de amar, de maneira icondincondicional, são impactantes. Entretanto,eu o conheçi pessoalmente e lhe garanto de tratar-se da pessoa mais simples e amável que encontrei. Será que a santidade não signifique nada extraordinário, e sim o contrário: ser comum, ser simples e ser humano. Caso isso não seja verdade, então creio que o Dr.Mukwege é demasiadamente humano para ser santo!
Um grande abraço de teu amigo, Milton Paulo
ACHASSOT respondeu
Meu caro Milton Paulo,
que bom que te agradou a blogada de hoje.
Talvez eu tenha me equivocado quanto tendei fazer uma síntese na titulação: ¿herói ou santo? Isto é irrelevante. Usei dois rótulos, pois fomos educados a admirar santos ou heróis como figuras lendárias. Não quis me referir àqueles santos submetidos a um processo de canonização da Igreja Católica que pode fazer santo o fundador de um Opus Dei. Sabe aquém me afigura Denis Mukwege: a são Francisco de Assis.
Ao etiquetarmos sempre cometemos riscos.
Tu és um privilegiado por teres como parceiro um homem demasiadamente humano, como o santo de Assis ou herói, como teu colega Albert Schweitzer. Logo o Dr. Mukwege não é um homem comum. Tenho discutido a maneira inadequada como se usa a palavra ‘comum’ quando se adjetiva substantivos como ‘senso’, ‘ônibus’, laranja’, ‘homem’. Não cabe ao ‘anjo de Bukavu’ a qualificação de ‘homem comum’.
Obrigado pelo privilégio de ajudar-me a conhecer um Francisco de Assis ou um Albert Schweitzer
Com continuada admiração, attico chassot
AMANI deixou um novo comentário sobre a sua postagem "
ResponderExcluirProfessor Chassot, agradeço sua imensa generosidade e atenção na matéria de hoje no seu blog. Aproveito, também para lhe pedir um favor. Há alguns dias penso num aspecto na vida de Mukwege,e se for possível gostaria de sua opinião.
Pessoas que o conhecem, manifestam-se a favor de tratar-se de uma pessoa fora do comum.A sua coragem, posicionamento social,integridade e a imensa capacidade de amar, de maneira icondincondicional, são impactantes. Entretanto,eu o conheçi pessoalmente e lhe garanto de tratar-se da pessoa mais simples e amável que encontrei. Será que a santidade não signifique nada extraordinário, e sim o contrário: ser comum, ser simples e ser humano. Caso isso não seja verdade, então creio que o Dr.Mukwege é demasiadamente humano para ser santo!
Um grande abraço de teu amigo, Milton Paulo
Meu caro Milton Paulo,
ResponderExcluirque bom que te agradou a blogada de hoje.
Talvez eu tenha me equivocado quanto tendei fazer uma síntese na titulação: ¿herói ou santo? Isto é irrelevante. Usei dois rótulos, pois fomos educados a admirar santos ou heróis como figuras lendárias. Não quis me referir àqueles santos submetidos a um processo de canonização da Igreja Católica que pode fazer santo o fundador de um Opus Dei. Sabe aquém me afigura Denis Mukwege: a são Francisco de Assis.
Ao etiquetarmos sempre cometemos riscos.
Tu és um privilegiado por teres como parceiro um homem demasiadamente humano, como o santo de Assis ou herói, como teu colega Albert Schweitzer. Logo o Dr. Mukwege não é um homem comum. Tenho discutido a maneira inadequada como se usa a palavra ‘comum’ quando se adjetiva substantivos como ‘senso’, ‘ônibus’, laranja’, ‘homem’. Não cabe ao ‘anjo de Bukavu’ a qualificação de ‘homem comum’.
Obrigado pelo privilégio de ajudar-me a conhecer um Francisco de Assis ou um Albert Schweitzer
Com continuada admiração, attico chassot
[] MILTON PAULO escreveu
ResponderExcluirBom Dia, Professor!
Adianto-me em minha resposta, pois também quero ratificar a intenção de meu último comentário. Longe estaria de corrigi-lo na titulação de sua matéria em seu blog que guardarei, sempre, eterna gratidão. Apenas, escrevi sobre minha reflexão do meu conceito de santo. Professor, sua resposta veio exatamente ao encontro de minha idéia de pessoa extraodinária, santa ou heróica. Não gosto,também professor daquele que é considerado extraordinário por remover montanhas, abrir oceanos, fazer aparecer ou desaparecer, e sim daqueles que se aproximam o máximo possível do humano, ao fazer coisas que todos poderíamos fazer. E nisso, o senhor foi brilhante em lembrar de São Francisco de Assis. É bom pensar, professor que a santidade está ao alcance da humanidade e fico feliz em sua concordârcia.
Um grande abraço!
Milton Paulo