Porto Alegre Ano 4 # 1268 |
A chegada de uma sexta-feira, quando se está em férias, traz uma emoção diferente. Mais uma vez são sensações trazidas pelos tempos díspares marcados por Cronos e por Cairós. Sim! Passou a primeira semana de férias, que foi marcada ainda por fazeres acadêmicos (revisão do extenso Projeto Político Pedagógico do Curso de Filosofia do Centro Universitário Metodista - IPA). Ainda concretizei de nessa semana (e isso deve ocorrer também nas próximas duas) uma decisão de desenferrujar meu inglês, pois dia 16 de fevereiro inicio um estágio de Docência na Universidade de Aalborg durante três semanas. Como não tenho condições de me comunicar em dinamarquês aperfeiçôo aquele que é o idioma corrente nas universidades escandinavas. Assim, cinco vezes por semana, por 1,5 hora por jornada estou na Inglês Soho com o professor Jonathan E. Hutchins; também é Pastor da Igreja Batista Esperança. Polêmicos diálogos com teólogo competente me ajudam no aperfeiçoamento de um idioma que tenho bastante dificuldade. Junto com essa atividade ainda mantenho três vezes por semana uma hora na Academia Treinar. Assim as férias emagrecem.
Por falar em férias ontem a Gelsa e eu assistimos ao filme "Os Abraços Partidos" (Los Abrazos Rotos) mais uma excelente produção do cineasta espanhol Pedro Almodóvar. Em "Os Abraços Partidos", Penélope Cruz (em sua primeira estreia após ganhar o Oscar) vive uma mulher pela qual dois homens estão loucamente apaixonados: seu marido magnata e um diretor de cinema, depois paralisado por uma cegueira acidental. Valeu muito o espetáculo.
Duas, entre as muitas sensações que me acometem quando leio um texto são: isso é algo que gostaria de ter escrito. Ou oposto: como se gastou papel (e tempo) para algo realmente que – a meu juízo – não merece a pena. Aqui está uma expressão que pesquisei é não encontrei uma boa explicação para seu uso: isso não merece a pena ou isso não paga a pena. Como sei que tenho alguns leitores expertos em linguistica, que venham em meu auxílio.
Mas esse preâmbulo é para trazer o texto ‘Afinal, por que ler nas férias?’ que gostaria de ter escrito. Foi publicado no Mais da Folha de S. Paulo de 27DEZ09. Seu autor é Ivo Barroso, poeta e crítico. É autor de "A Caça Virtual" (ed. Record) e tradutor de "Arthur Rimbaud - Correspondência" (Topbooks).
Vejam se não tenho razão. Preciso primeiro fazer uma ressalva. Minha mulher não faria a observação que está no texto.
Quando minha mulher me viu enfiar o suspeito embrulho na mala do carro, foi logo
perguntando: "Que é isto? Não vai dizer que está levando livros para ler nas férias?!"
O espanto era natural: ela não podia admitir que alguém, que passa o ano inteiro metido nos livros, os carregasse para a montanha ou a praia, onde o ideal seria quebrar essa rotina de ler e de escrever.
Explico que a leitura das férias é totalmente diversa da que fazemos por dever de ofício. São férias de leitura essas leituras das férias; nelas saboreamos de novo o prazer de ler sem compromisso, numa boa, por mera distração.
Rodeado de verde ou embaixo de um para-sol, a leitura se torna tão agradável e menos cansativa do que as caminhadas pelo mato e as braçadas na piscina.
Não que uma coisa vá impedir a outra, pois as férias nos permitem saborear esse coquetel de ação e meditação: exercício muscular e repouso mental associados a repouso muscular e exercício mental.
Nas férias, você pode ler aquele livro que seus colegas de trabalho estavam comentando com você por fora.
Se não gosta de best-sellers, está bem, mas, nas férias, não custa ver por que motivo estão falando de vampiros as mesmas pessoas que no ano passado falavam de Harry Potter.
Claro, se você é chegado às letras, aproveite para pegar de novo aquele livro fundamental que você deixou no capítulo 14.
Novidades? É só passar numa livraria que os tentáculos envolventes de centenas de tomos, com suas capas chamativas e títulos provocantes, estarão prontos para te agarrar ou desejosos de serem agarrados.
Nos escaparates (é assim que se diz vitrines em Portugal – aprendi isso num livro), centenas de autores estarão disputando a possibilidade de entrar em férias... com você.
Leve algum, não hesite: haverá sempre um dia de chuva, um churrasco indigesto, uma festa de crianças que lhe permitirão refugiar-se no barato careta da leitura.
Com votos de uma excelente sexta-feira curtida na expectativa de um generoso fim de semana. Adito o convite para lermo-nos amanhã aqui para mais uma dica de leitura
Mestre Chassot, o texto de Ivo Barroso não poderia ser mais apropriado para a situação na qual me encontro. Agora, livre das leituras obrigatórias da academia, posso dedicar-me a eleger o tipo de leitura que quero fazer, e o prazer que tenho com essas leituras é incomparável com o das leituras anteriores.
ResponderExcluirÓtimo dia.
Muito prezado Marcos,
ResponderExcluirrealmente admiro tua situação privilegiada. Quem bom que em tempo de férias de leituras possas fazer leituras de férias.
Permito-me um alerta. Na blogada de hoje á uma contestação a comentário teu. Estás com a palavra;
Adianto que vais gostar da dica de leitura de amanhã.
Um bom fim de semana
attico chassot
Inesquecivel Chassot,
ResponderExcluirEste filme os abraços partidos perece ser ótimo. Me interessei em assisti-lo. Quanto às leituras nas férias, principalmente nas praias, ainda se vê alguém lendo. Eu sempre gosto de ler "sem compromisso" e de preferênciaalgo que não seja da minha área.Terminei o livro: Mentes perigosas de Ana Beatriz Barbosa Silva. Muito bom.
Desejo a você um final de semana repleto de alegrias.
Saudades.
Muito querida Joélia,
ResponderExcluirsempre é bom te receber aqui. Se estou certo estás escrevendo da praia.”Os abraços partidos” tem como diretor (Pedro Almodóvar) alguém que sempre me encanta. Não conheço ‘Mentes perigosas’. É muito bom fazer férias de leituras com leitura de férias.
Retribuo votos de um muito saboroso fim de semana com um convite para conhecer a dica de leitura sabatina amanhã e domingo uma blogada muito original.
Um afago do
attico chassot