Porto Alegre Ano 4 # 1266 |
Uma quarta-feira que sucede a mais um dia com chuvaradas históricas no Rio Grande do Sul, mas que teve também um memorável pôr-do-sol e à noite fomos levado a acreditar que milagre existe neste 2010 tão trágico: a televisão mostrou, no Haiti, uma mulher resgatada viva no oitavo dia sem água ou alimento.
Hoje vou resumir a blogada deste dia de São Sebastião na transcrição de mensagens de/para um ex-aluno. Para não ferir a privacidade, que a situação exige, altero o nome, endereços e também a residência do mesmo.
De: romualdo salpetrie [mailto:profsalpetrie@hotmail.com]
Enviada em: sexta-feira, 8 de janeiro de 2010 16:25
Para: attico.chassot@metodistadosul.edu.br
Assunto: doutorado em educação nas ciencias:quimica da vida
De: Professor Romualdo
Para: Professor Attico
oi professor Attico!
Como anda o senhor? com certeza bem né...
professor gostaria de uma auxílio seu,,, uma idéia, sugestão para eu montar um projeto de doutorado em educação nas ciencias: quimica da vida e saúde na Ufrgs. Sinceramente hoje estou meio sem chão, mas com sua sugestão com certeza facilitará as coisas.
Bom de qualquer modo, desde já agradeço,
Abraços desde cacimbinhas que está muito quente, hoje está em torno dos 41º graus
Professor Romualdo
De: Attico Chassot [mailto:achassot@gmail.com]
Enviada em: domingo, 10 de janeiro de 2010 23:30
Para: De: romualdo salpetrie
Assunto: RES: doutorado em educação nas ciencias:quimica da vida
Meu caro Romualdo,
no entardecer de sexta-feira recebi teu pedido. Nesse fim de semana mais de uma vez pensei em que te responder.
Agora, no acaso de domingo não quero deixar uma mensagem ‘complicada’ para segunda-feira.
Tu hás de convir que se estás sem chão, para mim ocorre o mesmo pois não tenho a mínima idéia de tua dissertação de mestrado bem como do que está sendo problema para ti e que buscas responder em um doutorado. Qual é o teu problema de pesquisa?
É um grande facilitador quando conseguimos escrever este problema sobre a forma de uma interrogação. Como não me deste nenhuma alternativa não sei por onde te sugerir algo.
Quando tiveres definido o problema de pesquisa procura responder a interrogações em pelo menos três dimensões:
#1) buscar respondê-lo é um resposta as interrogações que tem o investigador (o graduando ou o mestrando ou o doutorando) em torno do assunto. Isso é o problema de pesquisa é realmente um problema para quem quer investigar. Assim se alguém me traz um problema para o qual já sabe a resposta, desestimulo, pois já não é mais problema. Vê que o problema de pesquisa deve ser problema para o investigador. Ele deve querer ver respondido uma interrogação (eu exageraria dizendo quase existencial para ele) que ele tem.
#2) quais os significados da investigação para a comunidade que investigador está envolvido. É apenas um deleite intelectual ou é um problema relevante para ser buscada uma resposta. Para que vamos nos envolver dois anos de mestrado para responder a questão que se pretende investigar? Valerá a pena para aqueles que serão sujeitos da pesquisa?
#3) se uma outra pessoa que não estava envolvida no teu projeto ou na dissertação ou na tese ler o trabalho, o que ela poderá aproveitar para suas atividades daquilo que envolveu durante um tempo orientando e orientador? Ou seja, serve para que resolver a questão investigada? Qual a dimensão da pesquisa fora do círculo restrito daqueles que foram envolvidos na investigação. Ela será proveitosa para outros? Qual a dimensão social daquilo que investigamos? Para que(m) é útil?
Isso definido deves trazer Acenos de caminhos teóricos onde deves mostrar no teu projeto que já sabes que pode fundamentar teoricamente o teu trabalho. Primeiro começas com teóricos que conheces, mostrando como estes podem contribuir para a busca de resposta ao teu problema. Aqui deverás achar duas significativas inserções: O que define os estudos que fazes com enquanto professora e como isso se vincula a Linha de Pesquisa que mais te entusiasmou no Programa de Pós-Graduação em Educação e segundo o quanto te inseres nas problematizações que vem fazendo o pesquisador que queres indicar para orientador.
Depois nas Caminhadas metodológicas deves mostrar muito do que vens te envolvendo. Há diferentes propostas metodológicas. Se tiveres possibilidade de mostrar o quanto vais optar por uma qualitativa. No meu livro Para que(m) é útil o ensino? conto uma pouco de minha transição da pesquisa quantitativa para a qualitativa. No Alfabetização científica: Questões e desafios para a Educação aparece de uma forma mais prática, quando fala de algumas práticas de pesquisa. Sete escrito sobre Educação e Ciência descreve uma prática de pesquisa que procura responder aquilo que escrevi acima. Na minha página há detalhes sobre esses livros.
Tu aqui deves contar o trabalho de pesquisa que vais realizar envolvendo a tua prática. Como fazes e porque fazes essas atividades. Este é momento de uma descrição de teus fazeres.
Mas tudo começa com a minha primeira observação Qual é o teu problema de pesquisa?
Obrigado por teu abraço desde Cacimbinha que no ano passado esteve duas vezes em minha agenda, mas teve que ser cancelada.
Um abraço do attico chassot
Já faz mais de 10 dias e até hoje não recebi nada do tipo ‘obrigado, professor, recebi sua mensagem, Romualdo’
Com votos de uma boa quarta-feira. Que São Sebastião – que dá aos cariocas um feriado hoje – seja pródigo a todos. Amanhã nos lemos de novo.
Mestre Chassot, as chuvas trouxeram um pouco de alívio às temperaturas elevadas dos últimos dias. Pelo menos as noites são mais agradáveis ao sono.
ResponderExcluirQuanto a sua resposta ao e-mail do Professor Romualdo, as diretrizes que o senhor apontou são elementos importantes para a elaboração de qualquer pesquisa, e são dicas valiosas a todos que acessam sua blogada.
Ótimo dia.
Meu caro Marcos,
ResponderExcluirrealmente este dia de São Sebastião, que deu ao cariocas um verão de 40 C para nós foi muito agradável. Concordo contigo que a dica ao ‘Professor Romualdo’ tem algo válido.
Mas volto ao santo do dia. Sabias que São Sebastião é adotado como ícone pop-gay desde Oscar Wilde, São Sebastião é mundialmente associado às questões LGBT (GLBT ou GLS, no Brasil).
Isso ocorreu porque no século XIX muitos artistas homossexuais buscaram no santo uma identificação para sua condição marginal. Baseavam-se tanto nas representações andróginas do Renascimento, quando na história do santo: um mártir que assumiu uma identidade polêmica (a de cristão), mesmo que às custas de sacrifício, sofrimento e morte.
Esta aí um bom assunto para uma futura blogada.
Amanhã vou voltar a trazer algo de minha caixa postal
Uma muito boa noite
Attico chassot
Não fico admirado com certos comportamentos, principalmente num mundo marcado pelo egoísmo e pelo individualismo, resultado inevitável de uma sociedade onde se busca tão somente o sucesso a qualquer custo. E olhe que estamos falando de pessoas com razoavel nível intelectual. Valores como gratidão, gentileza e coletividade parecem passar ao largo. Abraços do JB.
ResponderExcluirMeu caro Jairo,
ResponderExcluirhoje tive vontade de mandar uma mensagem para o ‘pseudo-Professor Romualdo’ convidando a visitar o blogue. Depois pensei que poderia passar por indelicado.
Somos nós que devemos educar esses professores. Realmente dá pena que um sujeito assim não sabe ser grato.
Uma muito boa noite e um convite para amanhã mais uma edição desta série.
attico chassot
Prof Chassot
ResponderExcluirAqui em Santiago, estamos assustados, o temporal dizimou a natureza de ITUMIRIM, Município de Unistalda, bem próxima daqui. Volto a refletir sobre o que estamos fazendo para colheita tão alta...Vasta... Qual mundo deiraremos para os filhos e netos? E reforço a indagação ao "prof Romualdo", a solidariedade e a gratidão são valores que não podemos deixar cair no esquecimento, eles devem fazer parte do universo onde se vive como pessoas.
Gosto muito de ler seu escritos, isso nos leva a refletir...
Um abraço, até...
Estimada Loi,
ResponderExcluirobrigado por chegares, uma vez mais, desde a simpática Santiago. Recordo quando estive aí não tive resposta a minha curiosidade do porque do nome tão exótico – Unistalda– deste município vizinho de vocês. A curiosidade voltou esta semana quando ele foi manchete de mais uma fatalidade de 2010.
Quanto a nosso colega Professor Romualdo (um segredo: é de um município missioneiro não distante de Santiago) perdeu uma oportunidade de ser grato.
Que a quinta-feira seja pródiga
attico chassot