Porto Alegre Ano 4 # 1250 |
Há alguns dias, havia elaborado uma agenda de assuntos para essas blogadas pré-férias. Sim, as minhas começam com o shabath de amanhã. Para hoje – postergara a terceira edição sobre a contagem do tempo – a chamada prevista era Férias de leituras, mas leitura de férias. Essa blogada ocorerrá na próxima semana, pois a tragédia do Haiti nos comove a todos. Particularmente no Centro Universitário Metodista - IPA há doze estudantes haitianos que choram desinformados acerca de seus familiares.
Referir aqui IPA merece ser mencionado que não foi sem emoções que encerrei na tarde de ontem o seminário de Filosofia e História da Ciência no Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão. A Martha Agustoni e a Claudia Scolari foram parceiras nesse rico fazer avadêmico neste 2009/2.
A morte de Zilda Arns faz ainda maior a tragédia do Haiti. Escrevi, em resposta ao comentário da Eloí ontem: “Realmente hoje estamos todos muito tristes. Um mundo que se diz globalizado não poderia ter um Haiti impotente para recuperar-se de uma catástrofe tão dolorosa. A noticia da morte de Zilda Arns me fez ter os olhos umedecidos de dor. Não foi o Haiti ou o Brasil que há perdeu. O Planeta perdeu uma das mulheres mais valorosas”. Antes de saber da morte da brasileira tida como uma das nossas mais importantes referências no campo social escrevia em resposta a outro comentário: “colega e amigo Jairo, vale recordar, todavia que se um terremoto com a mesma intensidade ocorresse no Japão os estragos seriam menores e as condições de socorro às vítimas seriam melhores.” Para mim essa é a fatalidade mais dura da tragédia. Por que sempre para os pobres – constituem 99% da população do famélico Haiti – o pior?
Zilda Arns, 75 anos, médica pediatra, fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da
Pessoa Idosa, participava de missão humanitária no Haiti quando tornou-se mais uma das milhares de vítimas do terremoto de 7 graus que assolou o Haiti.
O arcebispo emérito de São Paulo dom Paulo Evaristo Arns afirmou hoje que sua irmã Zilda "morreu de uma maneira muito bonita, na causa em que sempre acreditou". "Acabo de ouvir emocionado a notícia de que minha caríssima irmã sofreu com o bom povo do Haiti o efeito trágico do terremoto. Que nosso Deus, em sua misericórdia, acolha no céu aqueles que na terra lutaram pelas crianças e os desamparados. Não é hora de perder a esperança.”
Zilda Arns Neumann, três vezes indicada ao Prêmio Nobel da Paz pelo Brasil, foi inspirada a iniciar seu trabalho em 1982, depois de um membro das Nações Unidas incumbir o cardeal Arns, de promover a redução da mortalidade infantil no país por meio da Igreja Católica.
Formada em medicina e com especializações em educação física e pediatria, o trabalho de Zilda com crianças começa no Hospital Cezar Pernetta, na capital paranaense, entre 1955 e 1964. Depois de trabalhar em outras instituições, ela reforça seus laços com os jovens e com a Igreja - também graças ao irmão cardeal, ícone da luta contra o Regime Militar (1964-1985) e desde o início um dos maiores advogados das ações da Pastoral.
Zilda levou a primeira ação da entidade a Florestópolis, no Paraná, onde o índice de mortalidade chegava a 127 mortes a cada mil crianças. Após um ano de atividade, o índice recuou para 28 mortes a cada mil nascimentos. O sucesso inicial incentivou a Igreja a expandir a Pastoral da Criança para todos os Estados do país. A Pastoral estima que cerca de 2 milhões de crianças e mais de 80 mil gestantes sejam acompanhadas todos os meses pela entidade em ações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania.
Até sua morte no terremoto do Haiti na terça-feira (12), Zilda coordenava cerca de 155 mil voluntários, presentes em mais de 32 mil comunidades em bolsões de pobreza em mais de 3.500 cidades brasileiras.
O trabalho de Zilda Arns serviu de modelo para vários países, como Angola, Moçambique, Guiné-Bissau; Timor Leste, Filipinas, Paraguai, Peru, Bolívia, Venezuela, Argentina, Chile, Colômbia, Uruguai, Equador e México. Em algumas dessas nações a própria médica ministrou cursos sobre como estruturar as ações.
Além do trabalho reconhecido mundialmente com as crianças, Zilda também era fundadora e coordenadora da Pastoral da Pessoa Idosa, fundada em 2004. A entidade visa capacitar líderes locais para ajudar idosos a controlar as vacinas, evitar acidentes domésticos e identificar doenças físicas e emocionais.
Marcado pelo luto pelas perdas no Haiti – talvez a maior catástrofe que acompanho em minha história – repito a abertura da edição de ontem: Em uma hora como esta o significa sermos solidários? Sofremos com nossos irmãos e irmãs haitianos, mas isso é pouco. É preciso fazer mais do que ser empático!
Mestre Chassot, a tragédia no Haiti, segundo meu avô, também é a maior que ele já "presenciou" em seus 79 anos.
ResponderExcluirA morte de Zilda Arns, realmente, parece dar uma sensação de perda ainda maior, pois o mundo perde um ser humano que devotou sua vida em prol de seus semelhantes, até o fim. É algo para deixar-nos pensativos e tristes.
Ótimo dia.
Meu caro Marcos,
ResponderExcluirvê que não fui original. Te avô, meu coetâneo, fez a mesma avaliação.
A morte de Zilda Arns nos fez todos um pouco órfãos.
Na vibração com tua formatura amanhã.
A admiração do
attico chassot
Meu caro Mestre Chassot! O título de tua blogada de hoje diz muito. Me pergunto por que ficamos órfãos de pessoas como Zilda Arns? Por que neste lugar não estão aqueles que guardam dinheiro público nas meias e nas bolsas? Por que não estão aqueles que se servem dos mais humildes para tirar proveito próprio? Neste fim de semana minha intenção é homenagear Zilda Arns em meu Blog, me utilizando de algumas referencias dessa tua edição. Peço permissão. Abraço do JB
ResponderExcluirMeu caríssimo Jairo,
ResponderExcluirhá os que dizem que Deus chama para si aqueles que mais ama.
Eis por que chamou Zilda Arns e não chama esses corruptos que aludes.
Claro que podes usar material do blogue, formado por textos de domínio público.
Um bom saldo de quinta-feira
attico chassot
Amigos, perdemos uma grande heroína, mulher de ações concretas e amor ao próximo. Essa sim, deveria ganhar um prêmio Nobel da paz, e não Obama, um continuador de guerras. mas sabemos que ela ganhará a coroa imperecível de glória no céu. Parabéns Pelo Blog.
ResponderExcluirMuito prezado Artur Ricardo,
ResponderExcluirobrigado por tua visitação a este blogue. Lamento não ter teu endereço para dar-te conhecer esse ‘aditei’. Mas vi que és professor, musico e historiador no Ceará.
Seja bem-vindo aqui,
Quando Obama foi indicado para o Prêmio Nobel e depois quando o recebeu comentei a perda de significado da láurea. Dizes bem, Zilda Arns foi postergada por alguém que nem é discutível promessa.
Muito obrigado por te fazeres seguidor deste blogue.
A admiração do
attico chassot