Porto Alegre Ano 4 # 1261 |
Não conseguimos nos desconectar do Haiti. É algo incrível. Ontem um pastor estadunidense – que já foi candidato à presidência dos Estados Unidos – encontrou uma explicação: há 200 anos os haitianos, para derrotar os soldados de Napoleão e se tornarem uma das primeiras Repúblicas da América, fizeram um pacto com o demônio, que agora cobra a sua parte.
Há algo muito complexo nesse mundo dito globalizado, quando se compara os indicadores (antes do terremoto) dos dois países que dividem a ilha Hespanhola: Repúblia Dominicana e Haiti . No Haiti 80% dos 10 milhões de habitantes vive com menos de 1 dólar por dia. O índice de mortalidade infantil no Haiti é 80, na República Dominicana 31 e em Cuba, seis. Há um tal desequilíbrio que parece que quase passo a acreditar no pacto anunciado pelo pastor.
Deixo um pouco a miséria haitiana. Nesta sexta-feira, às 20h, no campus do Americano, assisto a mais uma formatura no Centro Universitário Metodista - IPA. Contei aqui no último sábado que quando já cumpri meu 5º semestre na instituição, assisti a primeira colação de grau; foi sexta-feira passada a do curso de Licenciatura em Filosofia. Havia sido professor da turma, em dois semestres em duas disciplinas: Políticas da Educação no Brasil e Prática Pedagógica V. Isso me levou o desejo de estar com os formandos em data tão especial.
Hoje está na minha agenda assistir a formatura dos licenciados em História. Fui professor dos graduandos de hoje em 2008/1 na disciplina de Políticas da Educação no Brasil. Acredito que também por me espraiar por searas outras me liguei fortemente ao grupo. Em três momentos fui convidado por voltar a discutir assuntos ligados à (História da) Educação. Uma vez levado pela professora Luciana Coronel e outra pelo professor Éder Silveira; coincidentemente uma e outro não estão mais no IPA. Ainda, no semestre passado, participei como palestrante de seminário sobre História e Interdisciplinaridade, organizado pelos formandos de hoje. Também o blogue – luxiuoso.blogspot.com – mantido por alguns estudantes do grupo, em março do ano passado, me prestou emocionante homenagem. Em outro momento (2009/1) acompanhei a dor do grupo quando do falecimento do Hector, um aluno muito estimado. Fiz então aqui uma homenagem ao ex-aluno que admirava.
Há outro detalhe muito significativo. Um dos formandos – Marcos Vinicius Pacheco Bastos – desde o último 22 de março, portanto há 299 dias, tem postado diariamente, sem uma lacuna sequer, comentários neste blogue. E mais, na maioria das vezes são comentários que aditam (e extrapolam, em muito) os assuntos trazidos por mim, qualificando sobremaneira minhas propostas editoriais.
Assim tenho razões sobradas para colocar em meu shabath – como no sou judeu (ortodoxo) não me é vedado dar um número maior que os passos permitidos – estar com o Marcos e seus colegas nessa noite memorável.
Como não sei falar acerca da história deste grupo de Historiadores pedi para o Marcos aditar algumas linhas neste escrito. Assim, hoje o seleto comentarista é co-autor desta blogada. O texto que segue é dele.
Mestre Chassot, é uma honra poder participar de sua blogada como co-autor. Mas, fui chamado para falar sobre História e sobre histórias, e é isso que farei.
Éramos mais de 70 no primeiro semestre de 2007, e agora pouco mais de três dezenas irão concluir o curso. Alguns desistiram, outros viram que não era o que queriam, outros trocaram de instituição, e outro foi para o além-vida. Muitos foram os momentos que vivenciamos em três anos de convivência: brigas, piadas, tristezas, anseios, alegrias. Muitos foram os sentimentos que compartilhamos, e pouco desses sentimentos podem ser transcritos. Não serei falso em dizer que somos e seremos todos sempre amigos, pois isso é incondizente. O que posso afirmar é que fizemos grandes amizades, seja com colegas ou com os mestres, e são essas amizades que sempre manterão um vínculo entre nós.
Como proto-historiadores, muito estudamos sobre a história de muitos, mas, nesse momento, somos sujeitos históricos sujeitados à história que construímos juntos, mesmo que com motivações díspares. Mas, finalmente, mesmo com tempestades turbulentas, o nosso navio aportou em segurança, e agora temos um novo mundo pela frente, para vermos com outros olhos, olhos mais críticos. Porém, não podemos nos esquecer daqueles que nos conduziram em nossa jornada nesse imenso mar, e nossos guias eram estrelas sempre brilhantes, nos orientado rumo a um porto seguro, e fazem valer o que Newton disse: “Se eu consegui enxergar tão longe, é por que estava apoiado sobre os ombros de gigantes.” Não sei se falo por todos os meus colegas, mas sei que falo por mim e por meus amigos ao dizer obrigado a esta pessoa maravilhosa chamada Attico Inácio Chassot, por tudo que nos ensinou e por tudo que ainda nos ensinará. Obrigado.
Não me cabe nesse dia de júbilo puxar orelhas do Marcos. Mas não fora meu propósito dar-lhe a palavra para ele fazer elogios. Obrigado, contudo, Isso me oportuniza acrescentar algo mais do formando: ele é o padrinho de nossas dicas de leituras sabatinas. A de amanhã é previsível. O terceiro volume da trilogia de Gorki. Até ela.
Muy querido Profesor Chassot,
ResponderExcluir¡Felicitaciones a Marcos por su incorporación de Historiador!! qué maravilla contar con un nuevo profesional que tiene una mirada crítica y a la vez sensible.
Cuando leía aquello que escribió Marcos, pensé que los dos tenían algo en común: gustar de conocer la historia de otros, esa actitud "voyeurista" de la que hablaba el otro día. Al final de cuentas, todos la tenemos, es parte de nuestra naturaleza, de nuestro integrar el mundo.
Pero hoy, como bien dice Marcos, ¡es protagonista! hacedor de historia y narrador de ella. ¡Felicitaciones nuevamente!
Muy apreciada Matilde,
ResponderExcluirme he conmovido por Marcos por tu tan precioso comentario por el hoy hacerse de derecho aquello que es de facto: un Historiador (con la hache mayúscula). El en ese cuasi un año de comentarista dedicado y constante ha demostrado tener una visión muy crítica del mundo.
Tu, los lectores de este blog y yo somos privilegiados en tener una persona como Marcos entre nosotros.
Así, muchas gracias por tu comentario tan entusiástico
attico chassot
Caro Mestre Chassot! Ainda consternado confesso com a morte de Zilda Arns. São pessoas como ela que entram para a História, e que devemos relembrar ou citar em nossos textos sempre que possivel, pois um trabalho como esse não pode ser esquecido pela passagem de sua autora e construtora. Aproveitando a referência aos personagens que marcam a História, quero aqui parabenizar o Marcos pela formatura. Que bom sermos contemplados com a presença do Marcos em nossos textos e comentários daqui pra frente, agora como um historiador "de fato e de direito". Desejo a ele um futuro promissor na História e que, possamos aderir a parcerias profíquas, tal como essa que mantemos há tanto tempo. Abraço do JB
ResponderExcluirMatilde, fico emocionado ao ler suas palavras e seus desejos de felicitação. De certa forma, por meio desse blogue, fazemos mais do que alfabetização científica: fazemos laços de amizade.
ResponderExcluirEspero poder honrar o meu ofício e as expectativas que eu e outros tem sobre mim. Mais uma vez, obrigado, Matilde.
Mestre Chassot, anseio por vê-lo entre a multidão de hoje, para poder dar-lhe um abraço e agradecer pessoalmente pela condução até esse momento tão importante. Nos vemos mais tarde.
Ótimo dia.
Meu caro Jairo,
ResponderExcluirsim todos ficamos um pouco órfãos com a morte de Zilda Arns.
Em nome do Marcos obrigado por teus votos.
Com estima
attico chassot
Meu caro Marcos,
ResponderExcluirme encantou os cumprimentos da Matilde e do Jairo para ti,
Será muito bom testemunhar esta noite tua gradua como Historiador e Professor de História.
Com sempre renovada admiração
attico chassot
Obrigado pelos votos, Jairo.
ResponderExcluirFico honrado com as palavras e pelos bons votos.