Porto Alegre Ano 4 # 1262 |
É o sábado que inaugura as minhas férias relativas ao ano letivo de 2009; meu 49º letivo. Evoco minhas primeiras férias enquanto professor: verão de 1961/62. Então, mais uma vez preparei vestibular. No ano anterior fora reprovado e então o destino me fez professor. Nesse verão, com alguns daqueles que foram meus alunos no meu primeiro ano estudei extensamente vestibular. Mais uma vez tentei Engenharia. Não deu. E a fatalidade me sorriu. Fiz vestibular para Química na segunda chamada. Sucesso, que me fez professor.
Mas antes da dica de leitura de hoje, comentários da intensa sexta-feira que marcou o encerramento do ano letivo de 2009. Talvez o envio do relatório acadêmico do ano tenha sido um momento símbolo. O usual almoço das sextas-feiras com meu trio ABC teve alteração. Como o
Bernardo está ausente de
Porto Alegre em férias o André trouxe o Pedro que estreou o caldo de feijão do Manifesto. Nas sequência de três fotos momentos do almoço de ontem, ai qual a Clarissa chegou trazendo lindas flores que ora engalanam a Morada dos Afagos.
À tarde tive aqui a companhia de meu colega Marco Antônio Azevedo ara juntos elaborarmos uma proposta de atividade acadêmica para o próximo semestre letivo. Mas foi a formatura dos licenciandos em História do Centro Universitário Metodista IPA, que referi de maneira especial na edição de ontem que fez o encerramento com chave do ouro de 2009 acadêmico.
Foi muito bom ter recebido, nos muitos abraços a formandos o reconhecimento dos mesmos a minha contribuição na conquista do título que recebiam. Formalmente, o Marcos Vinicius, que destaquei ontem aqui, enquanto orador da turma homenageou três professores tidos como aqueles que mais foram significativos para o grupo: Edson Cruxen, o paraninfo da turma; Eder Silveira, que em julho deixou a instituição e eu.
Trago três fotos da noite de ontem. Na primeira estou com um grupo de formandos antes de começar a solenidade. A segunda, não muito
nítida pois eu a tomei da plateia (prejudicado pelos fotógrafos profissionais que sempre estavam na frente
dos formandos).A terceira não diferente tecnicamente da segunda, tomada do telão, pois em nenhum momento um fotógrafo saiu da frente do Marcos enquanto ele fazia o discurso. Mas valeu muito ter compartido parte da noite de ontem com um grupo que para mim é muito querido.
A dica de leitura de hoje é quase natural. Ela acompanha aquelas dos dois primeiros sábados de 2010. O terceiro volume da trilogia de Máximo Górki. No dia 2, trouxe aqui Infância e no dia 9 a dica foi Ganhando Meu Pão e, hoje, encerro com Minhas Universidades.
Já comentei que os três volumes em recente edição brasileira são apresentados em uma artística caixa: [ISBN 978-85-7503-652-5. 1048p os 3 volumes] da Editora Cosac Naify. Pela primeira vez, o leitor brasileiro tem a seu dispor os três volumes da obra memorialística de Górki. A tríade tem tradução, apresentação, ensaios e informações valiosas sobre Górki de Rubens Figueiredo e de Boris Schnaiderman. Este nasceu em Úman, na Ucrânia, em 1917, e aos oito anos veio com os pais para o Brasil. Começou a traduzir autores russos em 1944 e a colaborar na imprensa brasileira a partir de 1957. Apesar de não ter curso formal de letras, foi escolhido para iniciar o curso de Língua e Literatura Russa da Universidade de São Paulo, em 1960.Vale uma curiosidade lateral acerca (do nome) da editora, que já teve outras produções primorosas comentadas aqui: A história da Cosac Naify começou em junho de 1997. Seu nome está ligado aos fundadores da editora, Charles Cosac e Michael Naify,.
Capa três O terceiro volume tem a seguinte ficha bibliográfica: GÓRKI, Maksimim. Minhas Universidades [Original: Moi universitety] Tradução e prefácio Rubens Figueiredo e posfácio: Boris Schnaiderman.
Ilustração baseada em gravuras lubok russas. São Paulo: Cosac Naify, 2007, 280 p. ISBN 978-85-7503-651-8.
Diferente dos dois primeiros volumes da trilogia autobiográfica, este último ocupa-se da transformação de Górki em intelectual e escritor preocupado com as questões sociais de seu país. Ao chegar à cidade de Kazan, onde foi com o objetivo de estudar, percebe que na universidade não há lugar para alguém de sua origem e classe social.
Seu aprendizado, portanto, se realizará em outros espaços, as "suas universidades" são os prostíbulos, as tavernas, os porões infecto onde mora, a padaria em que trabalha, na qual produz pães para estudantes revolucionários; lavadeiras, prostitutas, carroceiros, zeladores, operários, comerciantes, funcionário, enfim a pequena aldeia, onde trava uma convivência marcante com os mujiques (camponês russo, de antes da revolução de 1917 ou homem rude; povo), as portas de fábrica. Nestas ‘universidades’ se formou um dos maiores escritores do século 20.
O escritor e jornalista Nei Duclós, em denso texto publicado no caderno "Cultura" do Diário Catarinense, em 9 de agosto de 2008, traz essa apreciação: “As universidades de Górki são as pessoas. Nelas tenta decifrar os enigmas. Gente o invoca de todas as formas. Acha que estão escondendo algo, perdem o tempo e a vida em rotinas autodestrutivas. Por toda parte onde vá, ele é o homem que lê, que tem chance de se livrar daquelas amarras. É tratado com pena pelos seus contemporâneos, que vêem nele o maior desperdício da nação rota que a todos devora. Mas ele conseguiu se superar. Não graças à revolução, do qual foi também crítico quando achou necessário e da qual, dizem, talvez tenha sido uma das vítimas, pois teria sido eliminado por Stalin. Mas graças ao seu talento, que nos subjuga como um sol recém-nascido e nos leva para a grandeza da arte incomparável que é a literatura de quem sabe o que faz. Tchekhov, o mestre absoluto, quando lia Górki, tinha vontade de dançar de alegria”.
Assim, num panorama muito rico do ambiente intelectual que dominava a
Deste volume realmente sumarento queria destacar “Sobre o primeiro amor” (p. 221-258) que foi escrito em 1923 colocado em ‘minhas Universidades’ como apêndice junto com outro texto ’Vigia’ onde Górki narra sua experiência como funcionário de uma ferrovia. Parece, como já foi trazido em outras blogada, que diferentes ‘grandes amores’ podem ser considerados o primeiro. O texto tem uma beleza e uma poesia que encantam, e mesmo que ele é parte final de um conjunto de mais de mil páginas, se lamentam quando se encerra.
E como encerramento, votos de um bom sábado e um muito domingo. Para amanhã anuncio um petisco dominical.
Caríssimo Attico e Marcos. Acompanhei a formatura e seus detalhes um pouco á distância, mas com vivo interesse. Muitos alunos da turma se mostraram valorosos e dedicados no tempo de convívio que nos foi dado e a eles faço os melhores votos de sucesso, lembrando-os de que o primeiro passo de uma longa caminhada foi dado, o que é motivo de júbilo. Agradeço muitíssimo as lembranças de ambos, do Marcos no discurso e do mestre Attico no blog.
ResponderExcluirUm grande abraço do
Éder
Mestre Chassot, muito obrigado por sua presença na formatura do Curso de História. Logo que eu cheguei, meus colegas começaram a perguntar, entusiasmados, se o senhor compareceria, e isso demontra o quanto sua passagem em nossa turma foi importante. O momento da foto com as pernas para fora da toga não poderia ter sido mais engraçado para a sua chegada. Mais uma vez, obrigado.
ResponderExcluirQuanto a Górki, nessas blogadas sabatinas o senhor conseguiu fazer com que esse meu ilustre desconhecido se tornasse um autor cuja obra eu desejo conhecer o quanto antes.
Ótimo dia.
Professor
ResponderExcluirLí seus três últimos textos e no 15º retornei ao passado, que como o senhor, trabalhei por 20 anos no CURSO NORMAL de Nível Médio.Formação de Professores, todos eles nos ensinam muitas coisas, principalmente a sensibilidade. E a leitura de Gorki é sensibilizadora, Juro que vou procurar... Quanto ao seu neto, bebê lindo. Eu estou esperando a neta, para maio, chegará a Manoela...
Um abraço, é muito bom ler seus textos.
Meu caro Eder,
ResponderExcluirna noite de ontem lembrei-me muito de ti, especialmente durante a formatura.
Faltava alguém que eu sabia havia contribuído de maneira muito significativa para com os formandos. Penso que o marcos soube reparar um pouco injustiças. Recordo o que te escrevi em julho, quando os alunos de História e eu lamentávamos tua demissão: “Meu sempre colega Éder, que bom que restarão sempre boas lembranças. Teu exemplo de competência profissional e maneira fidalga no trato há de permanecer”.
Isso não foi desmentido.
Obrigado dor tua presença neste blogue,
attico chassot
Meu caro Marcos,
ResponderExcluirobrigado por depois do fia memorável de ontem me brindares com tua presença.Foi muito bom receber os acarinhamentos de tantos de vocês ontem à noite.
Obrigado também por tuas palavras tão significativas no teu denso discurso.
A estima e admiração do
attico chassot
Muito estimada colega Loi,
ResponderExcluirdepois de um dia de avonar coma a Maria Clara e Antônio (fotos na edição de amanhã) imagino tua expectativa com a chegada da Manoel.
Minha experiência como professor de “Curso Normal” foi pequena: no meu primeiro ano de magistério. Por muitos semestres trabalhei no curso de Pedagogia. Foi muito bom.
Vais curtir Gorki.
Um bom domingo
attico chassot