Porto Alegre Ano 4 # 1256 |
Abro a blogada dominical com algo do cotidiano sabatino, para após trazer um ‘bom exemplo’ de viver momentos jubilares. Esse cotidiano foi marcado por emoções tecidas nas relações familiares. Essas têm duas dimensões.
A primeira – a partir do relato que fiz ontem acerca de despedidas – testemunhar olhares entristecidos do Antônio ‘ajudando’ a carregar bagagens da Júlia e do Benjamin. No aeroporto parecia que ele tinha noção da extensão de distancias e tempos que o separariam dos tios que ele tanto curtiu nos últimos dias.
Outra, as alegrias que a Gelsa eu tivemos com visita surpresa da Clarissa, do Carlos e da Maria Clara. Ao lado de ouvir filha e genro sobre seus fazeres, evocar as festas natalinas e comentar a partida da Júlia, a Maria Clara distribuiu-nos carinho que nos fez, uma vez mais,
encantados. Propôs lindas brincadeiras que pareciam bálsamo rejuvenescedor. Trago dois registros fotográficos da visita. Em uma a Gelsa fotografou a Maria Clara e eu nos contando histórias da Moly e da Muly. A outra, a Maria Clara, que já fala de seus quatro anos (em 26 de abril) clicou seus pais e avós. Demonstra um traquejo com a câmara que surpreende. Isso
parece ser usual com muitas crianças dessa geração que nem imaginam que nós tirávamos fotos e – e em tempos muito recentes – aguardávamos dias para ter o seu resultado em suporte papel. Hoje logo depois do clicar querem ver resultados, o que nos remete a ES emoções de quando íamos buscar o resultado das 24 ou 36 poses em um ‘laboratório fotográfico’ semanas depois de termos tirado a primeira das fotos de um economizado filme.
Para os domingos a proposta é trazer-se aqui algo mais ameno. Pois hoje ofereço um convite para a visitação de galerias de arte de um artista muito especial. Esta semana a Gelsa e eu recebemos uma linda mensagem para o novo ano de Ole Skovsmose, um colega que já
referido nesse blogue, particularmente quando de sua estada na casa da Gelsa e na Morada dos Afagos fevereiro passado. As fotos são na casa da Gelsa trazidas de arquivo de então.
Junto com o cartão recebemos três artísticas reproduções de primorosas telas da série ‘ Tocando o horizonte’ de produção do colega.
Ole – um professor dinamarquês – é dos principais responsáveis por divulgar o movimento da “educação matemática crítica” ao redor do mundo. Com mestrado em Filosofia e Matemática pela Universidade de Copenhague e doutorado em Educação Matemática pela Royal Danish School of Education Studies, Skovsmose defende em seus trabalhos o direito à democracia e o ensino de matemática a partir de trabalho com projetos.
Ele sempre se preocupou com os países de fora dos centros de poder, o que o levou a viajar pelo mundo orientando e desenvolvendo pesquisas. Está muito continuamente em contato com professores e pesquisadores da África do Sul, Colômbia e Brasil. Até recentemente dividia suas atividades como professor no Departamento de Educação, Aprendizagem e Filosofia da Universidade de Aalborg, na Dinamarca e no Programa de Pós -Graduação Educação Matemática da UNESP, em Rio Claro, São Paulo.
Pois ele chega aqui nesse domingo para contar-nos que entre seus planos para 2010 – aposentado de uma vida acadêmica mais extensa – está em voltar dedicar-se à pintura. Ole já fez exposição em galerias e museus na Inglaterra, Finlândia, Suécia, Holanda, Noruega e naturalmente, na Dinamarca.
Ele conta que com o passar do tempo, a demanda da academia arruinou a possibilidade de combinar de forma harmoniosa a sua carreira artística e suas telas ficaram um pouco de lado. Nesse 2010 volta a se dedicar novamente a pintura, ressaltando que viver parte de seu tempo na Dinamarca e parte no Brasil enriquece a produção de suas telas, marcadas por dois países tão diferentes.
Um significativo acervo de suas obras pode ser visto em www.bkf.dk/ole-skovsmose e em www.artguidedenmark.dk/Oleskovsmose. Vale a pena um passeio dominical a essas galerias. Que o dinamarquês não iniba a ninguém, pois a pintura tem uma linguagem universal.
Que este segundo domingo de 2010 seja agradável para cada uma e cada um. Um convite para nos lermos aqui amanhã.
Mestre Chassot, a menção feita ao filme fotográfico é algo estarrecedor se formos analisar com calma. Há menos de 10 anos a "revelação" de uma foto era algo extremamente trivial, e agora parece obsoleto ou, na outra ponta da análise, extremamente profissional, haja vista que os fotógrafos ainda se valem dos filmes fotográficos. É como diz o ditado: "tempora mutantur".
ResponderExcluirÓtimo dia.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMeu caro Marcos,
ResponderExcluirsim os ‘tempos mudam’ ou no mais exato sentido latino, na voz passiva ‘os tempos são mudados’ e o senso comum, ou já Ovídio, inspirado talvez em Heráclito, acrescentava: “Tempora mutantur, nos et mutamur in illis” .... e nós mudamos neles. Parece, pelo teu alerta que nós não mudamos ~~ plenamente ~~ com eles, pois o suporte fílmico continua válido para os fotógrafos. Há aí uma questão para inquirir a meu filho André que é fotógrafo. Não pensara nisso antes. Deve ser algo relacionado com a qualidade da reprodução
Um bom saldo de domingo e uma excelente semana onde a contagem regressiva a tua formatura passará mais devagar, pois o tempo de Cairós não tem o mesmo ritmo do tempo de Cronos.
attico chassot
Olá prof. Chassot.
ResponderExcluirEsse convivio com as crianças é algo "sem palavras". Como pedagogo, tenho me encantado nas várias vezes que tenho trabalhado com as crianças do berçários. Elas nos ensinam muito sobre o mundo. Nos re-ensinam a ver e perceber coisas, que fomos ensinados a deixar de lado. Simplesmente me encanto com o trabalho e com o convívio com as crianças pequenas.
Forte abraço, cabaneiro, Chassot.
Estimado colega Luís,
ResponderExcluirprimeiro meu encantamento com teu encantamento por seres Pedagogo.
Isso faz diferença na mirada que fazes do mundo das crianças. Felizes daquelas crianças que recebem a tua ‘direção’ como nos ensina a etimologia de tua profissão.
Realmente aprendemos muito com elas. Quem vive o privilégio do avonar, talvez por estar mais maduro, tem esse aprendizado edulcorado.
Continuo na expectativa de um aquerenciamento em tua cabana.
Com admiração
attico chassot
Professor Chassot.
ResponderExcluirVocê é um convidado especial da Cabana. Sempre que quiser e tiver disponibilidade de tempo, de uma passada lá, para trocarmos ideias, olhares.
http://cabanadolui.blogspot.com
E quando você passar por Pres. Lucena, fique a vontade para uma visita.
Abraço e uma semana iluminada.
Meu colega de blogares,
ResponderExcluiratendi o teu convite fui a tua cabana e deixei este registro:
Muito estimado colega Luis,
uma vez mais chego aqui nesta ‘quase’ mágica cabana. Estranha coincidência. Tu e eu falamos hoje (eu em um comentário resposta a Marcos Vinicius) de Cronos e Cairós. Realmente há surpresas. Recorda quando acompanhamos a virada do milênio 1999/2000? Agora 2010 parece que não tem mais jeito do ano novo; ele que inaugurou já a segunda década do primeiro século do terceiro milênio, nesses arbitrários calendários comandados por esse grande feitor chamado relógio, que não conseguimos esquecer.
Sabes que Presidente Lucena nunca esteve em meus roteiros. Vejo que é bem perto de Porto Alegre. Talvez nesse 2010 este andarilho que no ano passado realizou 24 viagens (excluídas duas internacionais) possa colocar em sua agenda a ‘capital da Schmier’ – algo tão ligado a minha infância que já recebeu escritos meus.
Mais uma vez obrigado por ser recebido com textos tão sumarentos nesta simpática cabana.
attico chassot