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domingo, 6 de dezembro de 2009

Algo apetecível para um domingo, com um desafio.

Edições de 30JUL2006 a 30NOV2009 em achassot.blog.uol.com.br/

Porto Alegre Ano 4 # 1222

É chuvosa a manhã do domingo onde muito de nossos anseios estão na abertura, hoje, da COP-15 – Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU, em Copenhague. Desejamos que a ‘modesta’ delegação brasileira de ‘apenas’ setecentos membros ajude a alertar ao Planeta um ditado africano que diz que não deixamos a terra de herança para nossos filhos e netos. Estamos tomando-a emprestada. Se somos responsáveis, precisamos devolvê-la nas mesmas ou em melhores condições. Esse é o nosso compromisso.

Essa é a primeira edição dominical – no segundo domingo do Advento2009 – na nova fase deste blogue, inaugurada dia 1º. Os problemas operacionais vão sendo resolvidos. O contador de visitas parece funcionar. Há uma novidade que mostra as conexões por país e ainda a informação em que cidade há conexões on line. Na manhã de ontem vi que havia 3 leitores em Porto Alegre, um em Maravilha e outro em Paris. Isso é uma maravilha. Persistem as dificuldades de postagem de comentários. A sugestão por ora não diferente: abrir uma conta no Gmail.

Ainda um registro muito fraterno: A Morada dos Afagos recebeu ontem a Fernanda Wanderer e o Luiz Bica, uma e outro professores da Unisinos. Ela foi orientanda de mestrado e doutorado da Gelsa. Ele, um competente sociólogo do Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais. Foi muito saboroso chimarrear ao por-do-sol, para prosseguir num jantar, onde um menu árabe estendeu muito agradável prosa quase até o domingo. **

Parece que aos domingos o blogar deve ser mais apetecível. Não é dia muito próprio para circunspeções, na acepção de exame demorado de um objeto ou ideia, considerado por todos os lados. Conheço quem diga que o Caderno Mais da Folha de S. Paulo não se presta para ler aos domingos, pois intelectualizado demais. Assim uma amenidade, mas antecipo que vou propor um desafio.

Quando discuto os cada vez mais tênues limites entre o humano/não humano afirmo que a maioria das mensagens que recebemos é nos enviadas por robôs. E são robôs que são inclusive muito solícitos conosco. Muitas homens e também mulheres (afinal, os robos nem sempre sabem identificar o gênero) recebem com muita frequência mensagens muito preocupadas com sua saúde. Há algumas do tipo: “Prezado senhor, estamos aptos para sugerir-lhe exercícios manipulatórios que em menos de dez dias tornarão seu pênis dois centímetros maior e darão ao mesmo uma consistência granítica, basta que...” Não fosse o medo de vírus uma oferta assim deve ser bastante sedutora... Agora quando os teólogos já discutem batizar ou não batizar robôs, ninguém há de me assegurar que o robô-rementente não seja um pagãozinho incitado-nos a pecar sozinhos contra o sexto mandamento.

Há outro grupo muito grande de mensagem são enviadas por humanos. Elas têm como remetentes aqueles que tudo que recebem parece que deva interessar a mais um bando. Destes recebemos receitas para emagrecer, como cuidar de seu intestino grosso, correntes para ficar milionário, recomendações de como granjear amigos ou sentir-se querido e também extensos e sonorizados PowerPoint onde até deus fala conosco. Esses usualmente nem retira os nomes da imensa listagem que receberam e fazem Forward(Fw) de Fw(Fw). Tenho pelos menos dois ou três desses que me mandam uma dezena de mensagens.

Um deles é o jurista curitibano Roberto Capecci, que me manda (e mais lote de pessoas) pelo menos uma dezena de mensagens. Há aquelas que liminarmente descarto pois ferem o MST ou fazem patrulhamento a lideres de esquerda. Mas há muitas que são preciosidades que em alguns casos merecem ser repassadas.

Essa semana, recebi dele o texto “Parece impossível” que convido meus leitores a saborear a seguir:

Sem nenhum tropeço posso escrever o que quiser sem ele, pois rico é o português e fértil em recursos diversos, tudo isso permitindo mesmo o que de início, e somente de início, se pode ter como impossível. Pode-se dizer tudo, com sentido completo, mesmo sendo como se isto fosse mero ovo de Colombo.

Desde que se tente sem se pôr inibido pode muito bem o leitor empreender este belo exercício, dentro do nosso fecundo e peregrino dizer português, puríssimo instrumento dos nossos melhores escritores e mestres do verso, instrumento que nos legou monumentos dignos de eterno e honroso reconhecimento

Trechos difíceis se resolvem com sinônimos. Observe-se bem: é certo que, em se querendo esgrime-se sem limites com este divertimento instrutivo. Brinque-se mesmo com tudo. É um belíssimo esporte do intelecto, pois escrevemos o que quisermos sem o "E" ou sem o "I" ou sem o "O" e, conforme meu exclusivo desejo, escolherei outro, discorrendo livremente, por exemplo sem o "P", "R" ou "F", o que quiser escolher, podemos, em corrente estilo, repetir um som sempre ou mesmo escrever sem verbos.

Com o concurso de termos escolhidos, isso pode ir longe, escrevendo-se todo um discurso, um conto ou um livro inteiro sobre o que o leitor melhor preferir. Porém mesmo sem o uso pernóstico dos termos difíceis, muito e muito se prossegue do mesmo modo, discorrendo sobre o objeto escolhido, sem impedimentos. Deploro sempre ver moços deste século inconscientemente esquecerem e oprimirem nosso português, hoje culto e belo, querendo substituí-lo pelo inglês. Por quê?

Cultivemos nosso polifônico e fecundo verbo, doce e melodioso, porém incisivo e forte, messe de luminosos estilos, voz de muitos povos, escrínio de belos versos e de imenso porte, ninho de cisnes e de condores.

Honremos o que é nosso, ó moços estudiosos, escritores e professores. Honremos o digníssimo modo de dizer que nos legou um povo humilde, porém viril e cheio de sentimentos estéticos, pugilo de heróis e de nobres descobridores de mundos novos.

Pretensiosamente, acredito que tenha acrescento algo a mais no regalo que ofereci. Não informei (como vinha no texto que recebi) qual a lógica textual. Não sei a que altura meus leitores se aperceberam que a proposta é escrever um texto sem a letra A.

Há os que poderão acusar a composição de verborrágica. Talvez! mas devo afirmar que para mim ao invés do título; “Parece impossível” poderia chamar-se “É (quase) impossível!” Tentei escrever dentro da mesma lógica uma mensagem de agradecimento. Não consegui.

Assim aqui está meu desafio. Ofereço um exemplar de “A Ciência é masculina?” com autógrafo personalizado, a cada um dos 20 primeiros leitores que postarem um comentário consistente (ou enviarem por correio eletrônico para achassot@uol.com.br) com no mínimo 40 palavras sobre assunto pertinente a este blogue. Pode ser em qualquer idioma corrente entre nós (não vale, por exemplo, em mandarim, tai, polonês...). O limite para concorrer ao presente natalino deste blogue será às 23h59min do dia 20 deste mês (ou quando atingir o 20º regalado).

Enquanto curtem o desafio a chuva frustra de curtir os jardins da Morada dos Afagos. Esta semana eles receberam um tratamento muito especial dado pelo seu Valter e pelo seu Henrique. Este marceneiro competente, que já foi referido nesse blogue em outro momento, para resolver minha busca de jardineiro mostrou que é um factótum que, alem de ter construído todo o deck, já me resolveu problemas hidráulicos, elétricos, de impermeabilização. Como um bom polonês, ante minha nominação ele é faz tudo disse que devia de chamá-lo de ‘chiskozrobi’. Aproveito para uma visitação dominical ao meu pequeno Éden. Assim uma sequência de fotos para um pequeno périplo:******

**.Votos de bom domingo revitalizador para a semana que se inicia.





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6 comentários:

  1. Mestre Chassot, como disse da outra vez em que postou esse texto, eu sempre achei que era impossível bolar um texto extenso sem utilizar uma vogal tão recorrente quanto a letra a. Entretanto, sua proposta de premiação despertou meu interesse para esse tipo de exercício, que parece ser uma questão de esforço e rebusco ao vocabulário. Tentarei compor algo e, se conseguir, enviarei ainda hoje.
    Quanto a COP-15, as expectativas estão altas. Ótmo dia.

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  2. Meu caro Marcos Vinicius,
    nesse domingo te fizeste madrugador. Mal postei o blogue e havia o teu comentário. Não pude com presteza te responder. Agora, à tarde, recebo teu texto sem a letra “A”. Excelente. Já tens teu “A Ciência é masculina?” garantido com primazia. Parabéns.
    Um bom saldo de domingo e uma melhor semana,

    attico chassot

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  3. Querido Chassot!
    Ao acordarmos, Bica e eu fomos rapidamente visitar teu blog. Ficamos encantados ao ver nossas fotos e tua descrição sobre a noite de ontem. Para nós, foi um imenso prazer termos estado contigo e com Gelsa naquela noite brindada por afetos, carinhos e gostosas conversas. Que possamos repetir esses momentos felizes...
    Um abraço carinhoso, Bica e Fernanda.

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  4. Muito queridos Fernanda e Bica,
    a Gelsa e eu também nos encantamos com a noite de ontem. Foi muito agradável fazer o registro da fraterna estada de vocês na Morada dos Afagos.
    Unimo-nos aos desejos de vocês: que repitamos esses momentos.
    Uma muita boa semana para os dois
    attico chassot

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  5. Muy querido Mestre, de quien no diré su homólogo en mi registro lingüístico ni su nombre –por obvios motivos-, pero que con respeto en otro tiempo dirigí mis textos como Profesor.
    Entretenido y novedoso reto el que hoy su blog nos pone, de difícil pero no imposible composición. Espero cumplir con él y ser entonces feliz de obtener un libro suyo, premio merecido de un precedido esfuerzo.
    Que el primer domingo de diciembre culmine lleno de gestos tiernos y de sorprendentes escritos.

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  6. Muy estimada Matilde,
    gracias por tu comentario. Estoy en torcida para que un de los libros siga para Ecuador. Uno de ellos ya ha sido conquistado por Marcos con texto muy precioso.
    Agradezco y retribuyo sus votos por el secundo domingo de adviento y hago mis votos por una semana muy fecunda.
    attico chassot

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