Porto Alegre Ano 4 # 1236 |
É madrugada de segunda-feira. Estamos já naquela que é a mais movimentada – e também a mais festiva – semana do ano. Há, ainda por conta da gripe – esta parece não ter existido, salvo em famílias onde deixou sequelas dolorosas – agendas acadêmicas a cumprir. Essa é mais uma razão para os primeiros três dias serem ainda mais densos. Mas no horizonte de todos estão os sonhos estão os dias 24/25 de dezembro e depois na virada do ano.
Mas o domingo já teve sabor de recesso natalino. Foi marcado por envolvimento em leituras que tiveram entremeada uma ida a mercado para compras para a celebração de Natal que acontecerá na Morada dos Afagos no entardecer do dia 24.
O mormacento fim de semana, no qual já aperitivamos o verão que está começando hoje, ensejou estrear a piscina. Tivemos também uma curtida visita do Antônio. Há duas fotos que registram momentos muito bonitos dele aqui. Na primeira ele curte com sua avó os novos móveis dos jardins, momentos antes de um temporal (quase) arremessou o guarda-sol à vizinhança. Na outra ele atira bolhas de sabão no seu avô, enquanto esse
se envolvia na solução de sodoku na rede. Foi muito gostoso acompanhá-lo alimentando os peixes e regando plantas. Nesta operação cuidou muito de afastar as formigas que queriam chegar às flores. O Antônio também se encantou na contemplação de dois bonitos cartões de Natal animados que recebi. Já sonhamos com os cinco netos aqui na quinta-feira.
Mas falei que o domingo foi de leituras. Ainda no sábado fiz a inserção de 16 livros mais que ganhara ou comprara mais recentemente no programa onde tenho todos os livros de minha biblioteca registrados. À noite me chegam cinco preciosidades que tinha encomendado.
Um deles Cenas da Vida na Aldeia – último livro de Amós Oz, um dos meus escritores preferidos e que já foi muitas vezes aqui comentado. Outro, Teoria da viagem, poética da geografia – um livro muito recente do filósofo Michel Onfray, aqui também muitas vezes presente. Eis uma amostra “A genealogia de ícones inconscientes úteis para escolher destinações ganha em celebrar o texto, o livro, o romance, o poema, o relato de viagem. Qualquer linha de um autor, mesmo medíocre, aumenta mais o desejo do lugar do lugar descrito do que as fotografias, muito menos filmes, vídeos ou reportagem. Entre o mudo e nós, intercalaremos prioritariamente as palavras”.
Por fim algo supimpa: uma linda caixa contendo a preciosa trilogia de Maximo Gorki. A edição dos três livros, Infância, Ganhando Meu Pão e Minhas Universidades, é da Cosac Naify. Tradução, apresentação, ensaios e informações valiosas sobre o autor são de Rubens Figueiredo e Boris Schnaiderman. Alguém já disse que quem lê Máximo Górki, não precisa ler mais nada. Já li ontem algo do primeiro volume: um texto magistral, enxuto, conciso e deslumbrante.
Acrescente-se a isso edições dominicais de dois diários. Estava como criança em um parque de diversão. Que venham os dias de férias. Já estão sinalizadas resenhas para os próximos sábados.
Ainda no caderno Mais havia o relato de Bernardo Carvalho (de que já resenhei Mongólia) de sua experiência de ficar três dias no aeroporto de Guarulhos (o maior e mais movimentado da América do Sul). Esse texto de duas páginas aditado de uma entrevista de uma página com escritor suíço Alain de Botton, que aos passar uma semana no aeroporto de Heathrow (um dos mais movimentados do mundo) em um livro (A week at the Airport) defende que aeroportos são espaços democráticos, mas diz também que as pessoas não deveriam viajar tanto.
Trago esse relato com duas dimensões: a primeira, por ser Guarulhos (excluído o Salgado Filho de Porto Alegre) o aeroporto que mais pousei/decolei e com a reportagem fiquei sabendo de coisas como sua semelhança a bunker cinzento, por dentro e por fora, pois foi construído a 25 anos em plena ditadura militar. Outra, uma história muito pessoal com este aeroporto: no começo da década de 90, ia com muito frequência a São Paulo, para participar de reuniões da editoria de Química Nova na Escola. Uma noite, chego ao aeroporto e me é destinado o último lugar em voo para Porto Alegre. Mas comigo havia colega que teria que tomar ônibus para o interior. Cedo-lhe o lugar. Fico em lista de espera para o seguinte, onde não consigo lugar. Havia ainda uma alternativa quase meia-noite. Lenta e expectante demora. Mais uma vez meu embarque é protelado, mas agora era para às 6h da manha do dia seguinte, tendo que estar sedo para disputar uma lista de espera. Vi que não seria prático buscar um hotel. Tinha bom livro. Escolhi um assento bem localizado e me instalei. Passaria a li minhas horas de espera. Depois de um tempo, uma senhora me questiona: ‘O senhor está no meu lugar!’. Fico surpreso. Cedo o lugar e procuro outro mais adiante. Depois recebo a explicação. Há moradores de bairros periféricos que por segurança e conforto (ar condicionado e banheiros (que não dispõem em suas casas) vem dormir a cada noite no aeroporto. No dia seguinte, consegui lugar no primeiro voo, tendo amealhado mais uma história de aeroporto, que depois de mais de quinze anos rememoro hoje aqui.
Quando encerro esta blogada anuncio que na próxima quarta-feira vou publicar aqui os quatro textos sem a letra A cujos autores receberão exemplares com dedicatória pessoal de A Ciência é masculina? É sim senhora. Até amanhã à noite ainda é possível remeter texto conforme instruções que estão em: Algo apetecível para um domingo, com um desafio, na edição 1222 de 06DEZ1009.
Com votos que a alegre expectativa das festas seja prenúncio de um frutuoso 2010. Um muito bom verão para os leitores do hemisfério Sul e para os do hemisfério Norte um bom inverno. Amanhã, aceitando o convite, nos lemos, aqui, uma vez mais.
Muy querido Profesor Chassot,
ResponderExcluirRecuerdo que hace tiempo, deseos suyos por un buen invierno/verano a sus lectores de los trópicos hizo que le escribiera por primera vez.
Como en mi registro ecuatorial sólo existe un clima in continuum, no olvide desearnos vientos frescos cuando justo en esta época comenzará pronto la temporada de lluvias, con recrudecimiento del calor.
Por otra parte, ¿qué ha pasado con Marcos? extraño (=tener saudades) los comentarios de su comentarista estrella.
Que tenga una linda semana pre-natalina,
Estimada Matilde,
ResponderExcluirme hiciste recordar que en el ano de 2008, el pasaje de de otoño para inverno en hemisferio Sur (22 de junio) he deseado un bueno invierno / verano. (hemisferio norte). Pues hoy acá pasado 1,5 año tenemos La situación invertida. Así, deseo a todos mis lectores y lectoras de la zona ecuatorial, particularmente Guayaquil y Belém vientos frescos. También tengo extrañado la ausencia por el tercero día de Marcos. Por tal hago una copia de este mensaje para el.
También para ti deseos que eses agitados días pré-natalinos sean los mejores y que en la noche del prójimo jueves tengan tú y los tuyos los mejores momentos.
Con agradecimientos,
attico chassot
Mestre Chassot, fiquei sem palavras quando li o comentário da Matilde. É comum que o senhor, por ser o editor deste blogue, sinta minha ausência, mas as palavras da Matilde me pegaram de surpresa. Como informei na postagem tardia da blogada de sábado, eu estava na praia e sem acesso a internet. Porém, assim que cheguei em casa, liguei o notebook e a internet, e corri para ler asblogadas anteirores. Agora sinto-me mais aliviado, e feliz por saber que, assim como senti falta de postar aqui, também foi sentida falta de meus comentários. Obrigado, Matilde.
ResponderExcluirÓtimo dia.
Meu caro Marcos,
ResponderExcluirRealmente a mim também surpreendeu o comentário de Matilde. Não imaginava que havia uma leitora tão atenta as postagens que ocorrem aqui.
Isso me alegra e fico contente que estás de volta. Tu tens já fazes história aqui.
Antecipo que a blogada de amanhã terá uma denuncia muito forte em relação ao meio ambiente do Rio Grande do Sul.
Já aguardo teu comentário.
Com muita admiração.
attico chassot