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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

30.— UM ÍCONE: PARA DESPEDIR SETEMBRO.


ANO
 8
LIVRARIA VIRTUAL em
www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 2548

Uma pergunta para abrir uma blogada: Por que hoje é oDia da secretária’, ‘Dia do tradutor’ e o ‘Dia do bibliotecário’? Uma resposta erudita (que oportuniza uma classificação recorrente que recebo neste blogue, carola): hoje é dia do celestial patrono dos três importantes (e correlatos) grupos profissionais: Jerônimo de Estridão. Convenhamos, uma resposta quase hermética, mesmo que acrescentasse que este patrono na Umbanda foi sincretizado como Xangô, orixá da justiça, do relâmpago, do fogo, da pedreira.
Todavia, se disser que hoje é dia de são Jerônimo, por extensão, entre algumas denominações cristãs, o Dia da Bíblia, acredito que já tenha migrado, um pouco, do esoterismo ao exoterismo, até porque não sei quanto dos meus leitores viajam com esta informação ao começo do medievo para encontrar, então, a operosa e variada vida do patrono de município da região metropolitana de Porto Alegre, que assiste o encontro do Taquari com o Jacuí.
Hoje é dia festivo de um dos santos que tem uma muito significativa produção. Veja-se as três importantes profissões pós-modernas, que ele abençoa, e que as desempenhou com garbo há 1.600 anos antes do presente.
São Jerónimo (português europeu) ou Jerônimo (português brasileiro), nasceu em Estridão na Ilíria (= Terra dos Livres, na região da Dalmácia, hoje Croácia), entorno do ano 347 e morreu em Belém, em uma cela monástica, junto à gruta onde teria nascido Jesus, em 30 de setembro de 420. Nascido como Eusébio Sofrónio Jerónimo (em latim: Eusebius Sophronius Hieronymus; em grego: Εσέβιος Σωφρόνιος ερώνυμος). Foi um padre e apologista cristão. Sua família era rica, culta e de raiz cristã. Na ilustração: São Jerônimo, por Domenico Ghirlandaio, da Wikipédia.
Após a morte dos pais, com a herança que lhe coube Jerônimo foi morar em Roma. Lá, estudou retórica e oratória, com os melhores mestres da época.
Apesar de vir de uma família cristã, Jerônimo ainda não tinha sido batizado. Só aos vinte e cinco anos ele tomou uma decisão e pediu o batismo. Foi batizado pelo Papa Libério. Então, sentiu o chamado para a vida monástica dedicada à oração e ao recolhimento e ao estudo. Foi quando encontrou monges que viviam na Gália, atual França, para onde se transferiu. Incorporou-se a uma comunidade dedicada ao estudo da Bíblia e das obras de teologia.
Jerônimo tinha um temperamento forte e radical. Por isso, foi procurar o deserto. No deserto, entrava num ritmo de orações e jejuns tão rigorosos que quase chegou a falecer. Tempos depois de se fortalecer no deserto, ele foi para Constantinopla, segunda capital do império romano. Lá, se encontrou com São Gregório. Este lhe encantou com o estudo das Sagradas Escrituras.
Então Jerônimo decidiu dedicar sua vida ao estudo da Palavra de Deus, para transmitir o cristianismo em sua máxima fidelidade, ao maior número de pessoas passível. Por esta causa estudou hebraico e grego. Seu objetivo era compreender as escrituras nas suas línguas originais.
A fama da cultura e sabedoria de Jerônimo se espalhou e chegou até Roma. O Papa Damaso o chamou e o fez seu secretário pessoal e lhe deu a missão de traduzir a Bíblia para o Latim, a língua ainda corrente entre o povo no Império Romano.
A realização desta tradução de Jerônimo, conhecido como a Vulgata, pois era acessível ao povo, exigiu vários anos, pois ele procurava, em cada versículo, a tradução mais fiel possível aos textos originais. Essa tradução se tornou a base da tradução bíblica da igreja romana. Foi aprovada como a palavra de Deus, mais de mil anos depois no Concílio de Trento (1545 a 1563), para marcar diferenças com traduções feitas por Lutero, em decorrência da Reforma Protestante de 1517.
Terminado o extenso trabalho de produção da Vulgata, Jerônimo foi morar em Belém onde retomou uma vida de reclusão. Morreu com quase 80 anos.
Trancrevo um excerto do que escrevi, há 20 anos, na p. 104 de A ciência através dos tempos acerca de São Jerônimo: “Considerado o maior conhecedor de latim de seu tempo (além de grego e hebraico), fez de sua versão da Bíblia algo agradável de ser lido, podendo ser considerado, na difusão de obras escritas, um ‘proto-Gutenberg’.” Hoje, sem diminuir minha admiração, talvez o chamasse de um ‘proto-Lutero.’

5 comentários:

  1. Dogmas a parte é reconfortante conhecer e saber da existência de pessoas que fazem a diferença. A literatura bíblica, independente de crença, é uns dos mais ricos arquivos de nossa história, e propagá-la como fez o nosso "santo" foi uma grande contribuição para a humanidade.
    abraços

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  2. Ave Chassot,

    estou com vontade de seguir Jerônimo e ir para o deserto...
    Encontrar o verdadeiro sentido da vida... Sem qualis.

    Abraços áridos

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    1. Meu caríssimo Guy,
      pareceu-me excelente tua ideia.
      Fundemos a ordem monástica dos desqualisficados
      Expectante pelo deserto
      attico chassot

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  3. Limerique

    Secretário, bibliotecário, tradutor tem dia
    São Jerônimo lhes deu essa alegria
    Esse santo erudito
    Nos anais escrito
    Fora ilustre, rico e cheio de sabedoria.

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  4. Adorei a ideia de fugir desse mundo de qualis, lattes, data capes. Mundo que ainda não estou completamente capturada, mas que se insistir nessa carreira não terei como fugir. Ao mesmo tempo que anseio pela possibilidade de ter uma voz que seja ouvida e pensada na educação essas tantas amarras inerentes me atemorizam e quase fazem sucumbir antes mesmo de chegar a imersão total e completa. Mestre Chassot, com suas palavras sempre tão inquietantes, reflexivas, palavras pensadoras que não nos deixam passar incólume. Abraços

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