ANO
8 |
A G E N D A em
www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
2535
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O 11 de setembro
já tinha dobrado a esquina do meio dia, quando postei, então, uma edição atemporã.
Um 11 de setembro nunca mais se fará incógnito.
A
sétima semana (de 18) na graduação é prenhe de muitos fazeres e nesta edição de
quinta-feira, cabe uma ligeira sinopse para registro do que se faz de diferente.
Na segunda-feira, à tarde, estive uma vez mais na Universidade do Adulto Maior,
onde dentro do tema: “Longevidade na
produção cientifica” sorvemos a emocionante entrevista com Rita Levi-Montalcini (Turim, 22 de abril de
1909 — Roma, 30 de dezembro de 2012) médica neurologista italiana. Agraciada
com o Prêmio Nobel de Fisiologia/ Medicina de 1986.
No mesmo dia, à noite, proferi a aula inaugural “Das disciplinas à indisciplina" para
alunos da Pedagogia das Faculdades Integradas São Judas, na zona norte de Porto
Alegre a convite da coordenadora do Curso Professora Rosmarie Reinehr, minha
ex-aluna no mestrado da Unisinos. Tive nesta atividade oportunas e generosas ajudas
do sempre dadivoso Prof. José Luis Novais.
Hoje pela manhã, falo em atividade de formação para
professores da rede estadual. Prognostico viver, então, as emoções de retornar
ao Colégio Júlio de Castilhos, onde em 1957/59 fiz o curso científico ‘inaugurando’
o prédio onde Julinho está hoje, na Praça Piratini. Ali também fui professor de
1964/68. Talvez já faça mais de um quarto de século não retorne ao local.
Na noite de amanhã, faço a palestra de encerramento
da Semana da Matemática, na Facos em Osório, onde a proposta é discorrer acerca
de “Fazer Ciência:
caminhos da teoria à prática”.
Ainda neste sábado tenho atividades no seminário de Educação e Inclusão no Mestrado
Profissional de Reabilitação e Inclusão.
Nesta semana, meus alunos das duas turmas de Teorias do
Desenvolvimento Humano assistiram o filme “Guerra do Fogo”. Acerca desta
preciosidade cinematográfica, tão relevante para trabalharmos a evolução dos
humanos, reproduzo aqui excertos extraídos de
CHASSOT, Attico; RIBEIRO, Vândiner.
O fogo catalisador de
guerras que já são milenares. In: OLIVEIRA, Bernardo Jeferson de. (Org.).
História da Ciência no Cinema 2 - O retorno. 1 ed. Belo Horizonte: Argvmentvm,
2007, v. 2, p. 85-94. ISSN: 9788598885131
“[...] Imaginar – permitimo-nos recordar ao pleno sentido dessa ação
verbal: fazer imagens – como deve ter
ocorrido a conservação do fogo – em eras imemoráveis, das quais não temos
qualquer vestígio de relatos e por isso chamados de tempos pré históricos – é
realmente complexo. Por mais fértil que seja a nossa imaginação, muito provavelmente
teremos dificuldades para remontar cenários e vivências ocorridas há mais de
oitenta mil de anos antes do presente e conceber nossos ancestrais fazendo
descobertas acerca do fogo e sua conservação e também suas propriedades.
Quantas descobertas foram feitas e quantos mistérios ficaram (e talvez ainda
fiquem) insolúveis.
Falar sobre os vestígios que possam comprovar a descoberta do
fogo é algo complexo. Alguns estes já encontrados não são aceitos por muitos
cientistas, pois acidentes naturais como a queda de um raio, podem facilmente
ser confundidos com as fogueiras feitas por nossos ancestrais, por exemplo. Os
sítios arqueológicos mais antigos que temos notícia é Swartkrans, na África do
Sul, com 1,5 milhão de anos; e Koobi Fora, Quênia, com 1,6 milhão. Possíveis
“provas” desta surpreendente descoberta, digamos mais confiáveis, permite-nos
inclusive hoje dizer que esta ocorreu a aproximadamente oitenta mil anos antes
do presente. Num sítio arqueológico descoberto por arqueólogos israelenses às
margens do rio Jordão (entre a África e a Eurásia) foram encontradas pedras que
podem ter sido utilizadas como fósforos, digamos assim. Também encontraram
redes de fogueira e restos de vegetais calcinados, alguns destes comestíveis.
A conquista do fogo trouxe mudanças muito significativas à vida
humana. Permitiu ao homem proteger-se de animais selvagens, aquecer-se,
cozinhar alimentos, o que, aliás, impedia muitas contaminações, criar
instrumentos etc.
[...] Há outras lições que nos A guerra do fogo oferece.
Foi dito antes que o uso que as duas tribos faziam do fogo era diferente.
Aquela que dominava a técnica de produção detinha não apenas produções
culturais ‘mais avançadas’ como habitações e ritos, mas também uma
significativa diferença no uso de grupos vocálicos usado para comunicação, que
mesmo que ainda primitivos, fazia diferença nas comunicações, se comparado com
o outro grupamento. Em pelo menos uma das fichas técnicas do filme, onde
usualmente consta o idioma do filme, para A guerra do fogo aparece: nenhum. Na verdade esse é um filme não
dublável. Os atores utilizam de memorável expressão corporal, utilizando também
deste artifício de linguagem para marcar mais diferenças entre os grupos. Essa
sutileza no trazer a emergência da linguagem em nossa ancestralidade que se deva a contribuição acerca
dos detalhes lingüísticos – a distinção entre a linguagem de uma tribo e de
outra – possa ser atribuída ao autor do roteiro, foneticista Anthony Burgess,
conhecido pelo livro Laranja Mecância, que foi adaptado para o cinema
por Stanley Kubrick.
[...] Mesmo que se tenha dado destaque a diferenças entre duas
tribos, é preciso explicitar que no filme aparecem três grupos de hominídeos. O
mais primitivo, que aparece apenas no início, sem uso de roupas e corpo coberto
de pêlo, talvez um australopiteco ou Homo habilis/ergaster. Um segundo
grupo, ao que pertencem os protagonistas, que lembram neandertais ou Homo
heildebergensis, vivendo em cavernas e abrigos, vestindo peles de animais e
com uma linguagem mais gestual que oral. Este grupo ainda se divide em
diferentes "culturas",
como a dos protagonistas, que têm tabu para canibalismo, e outros que são
canibais. Eles brigam uns com os outros. Por fim, estão os que se parecem ao Homo
sapiens, vivendo longe dos abrigos e cavernas, em cabanas construídas por
eles, corpos pintados, linguagem oral e, produzindo fogo, não apenas o usando.
Estes são pouco ou nada conhecidos pelo povo protagonista, a não ser como
presas dos canibais. Não existe guerra entre esses dois grupos, mas sim entre
as diferentes "variedades" culturais do segundo grupo. Mas o mais significativo
é que os avançados parecem dispostos a partilhar dos seus conhecimentos mais
facilmente que os outros, como se com o domínio do fogo, ganhassem também a
capacidade de difundir esse conhecimento. [...]
Heráclito dizia que tudo vem do fogo e tudo vai para o fogo. A vida é calor. Sem o sol não haveria vida, e de acordo com os cientistas estamos fadados a extinção com o fim desse corpo celeste.
ResponderExcluirabraços
Limerique
ResponderExcluirNa pré-história escrito nos anais
Homo sapiens igual aos demais
Então descobriu o fogo
Desequilibrou o jogo
Venceu outros primatas seus iguais.
Meu querido prof. Attico,
ResponderExcluirGrato por suas palavras, sempre generosas e elegantes.
Sua fala foi marcante para alunos e professores. Até o dia de ontem estavam comentando a Aula Magna.
O sr. é uma figura pública. Sou muito grato pelo privilégio de usufruir de sua amizade.
Um abraço,
Ze Luis
Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirPessoas assim faz uma enorme diferença, Obrigada por existir !.