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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

11.— UM DIA DE SAUDADES

ANO
 8
A G E N D A    em
www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 2534


Esta é uma edição temporã. Vou ao Priberam, e minha adjetivação ~~ Que vem antes de tempo próprio. Prematuro; precoce ~~ se mostra equivocada. Não tenho um dicionário de antônimos: a edição é atemporã. Autorizo-me ao neologismo.
Usualmente as postagens datadas, aqui, são escritas na vésperas e pre-postadas para entrarem em circulação a meia-noite. Assim já tenho a edição hebdômada da quinta-feira pronta.
De repente, numa tépida tarde primaveril neste ocaso de inverno, este 11 de setembro se fez saudades. De repente não: desde ontem ele já era saudade. Há, pelo menos, duas marcas fortes desta data na história de cada uma e cada um de nós.
A primeira: os quarenta anos do abjeto golpe militar que derrubou Salvador Allende no Chile. Tenho muito na memória aqueles dias. Cuidava, muito sozinho, de dois meninos. O André sonhava muito com sua festa de três anos. Não havia argumentos que ele aceitasse a não celebração. O Bernardo, que faria em dezembro cinco anos, era parceiro para organizarmos uma festa. Mas para mim acompanhar as notícias do Chile era mais significativos. Acredito, que foi também por isso que, há dois anos, quando visitei o museu da memória em Santiago, chorei revivendo aquele 11 de setembro de 1973.  
A segunda: há 12 anos caiam as torres do WTC em Nova York. Este episódio não precisa ser evocado aqui. Ele é recordado à exaustão. Mas para mim ele tem outra dimensão. No mesmo momento que um dos ícones do capitalismo se esboroava, minha mãe, com 92 anos, era sepultada no bucólico cemitério do Faxinal, nas franjas da cidade de Montenegro. Ontem, por essas imprevisibilidades de agenda, passei algum tempo em um velório. Parecia que era minha mãe que velava de novo. Isto se chama saudades.
Justificada está esta edição atemporã. Um onze de setembro não passa incógnito na história de ninguém. Não há quem não recorde um ou outro dos episódios que evoquei aqui. Amanhã, na edição semanal, vou falar do filme ‘Terra do fogo’.

Um comentário:

  1. Um dia de lamentação, e porquê não dizer também de reflexão. Devemos recordar e meditar até onde é capaz de ir a imprevisibilidade humana. Até onde somos capazes de chegar no encalço de nossos intentos? No filme "Quem quer ser um milionário" é denunciada a pratica criminosa de cegar crianças para escravizá-las como pedintes, crime bárbaro mais existente na Índia. O recente genocídio na Síria mascara requintes de crueldade e bestialização do ser humano. Perguntado uma vez a um velho índio uma definição para o bem e o mal ele respondeu: "O bem e o mal são dois grandes lobos, um branco e outro negro a brigarem em meu coração.". Perguntou-se então ao índio: "E quem vence a luta?" E ele respondeu: "Aquele que eu alimentar..."

    abraços

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