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sábado, 14 de setembro de 2013

14.— PUBLISH OR PERISH//PRODUZIR OU SOCUMBIR


ANO
 8
LIVRARIA VIRTUAL em
www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 2536


Quando esta edição sabatina circular, provavelmente, estarei na free-way (não há como não evocar o que significou nos anos 1970 a inauguração desta rodovia) retornando a Porto Alegre após palestra na FACOS, na Semana de Matemática. A semana densa se complementa esta manhã no seminário Reabilitação e Inclusão, no Centro Universitário Metodista do IPA que compartilho com o Prof. José Clovis Azevedo.
A edição de hoje se tece, uma vez mais, dentro de ações do malfadado produtivismo que envolve a Pós-graduação, nefasta atividade, na qual o Brasil não é exceção. Trago hoje mensagens que troca de mensagens, há pouco ocorrida, com uma mestranda que recém ingressou num Programa de Pós Graduação em Educação e já tem um grande objetivo: produzir artigos. Apenas por ser plausível, troquei o nome da mestranda.
Enviada em: domingo, 1 de setembro de 2013 17:29
Oi professor, tudo bem? Hoje a tarde produzi um artigo e gostaria que se o senhor pudesse olhar!!!! Bem, mas meu objetivo, é coletar idéias do senhor sobre temas de artigos que posso produzir. Professor preciso fazer mais um artigo sobre qualquer tema para uma das disciplinas e gostaria de ideias. Estive hj a tarde pensando em fazer sobre os livros didáticos da química e como eles trazem os conteúdos para os alunos. O que o senhor acha? Se o senhor tiver materias, artigos, livros para me enviar, eu agradeço!!!!!Abraços professor e boa semana!!!!
Enviada: Domingo, 1 de Setembro de 2013 19:24
Prezada Ana Maria! Recebo tua mensagem com teu artigo. Ainda não o olhei. Esta semana espero te dar um retorno. Teu texto chega-me quando estou densamente envolvido em direção contrária a esta exigência desabrida (claro que não és culpada! és vítima!) de produtividade de artigos. Aliás, esse o tema central de minha última blogada.
Adicionar legenda
Recorto de tua mensagem dois excertos:
1) Hoje a tarde produzi um artigo. Acredito em minha já extensa história acadêmica nunca produzi um artigo em tão curto espaço de tempos. Levo dias... talvez, semanas tecendo um artigo. Estou torcendo para que tua produção seja algo muito bom, assim, com minha inferência tu serás mais uma peça desta engrenagem que tem como objetivo de engordar Lattes.
2) preciso fazer mais um artigo sobre qualquer tema para uma das disciplinas e gostaria de ideias Este novo modismo de em cada disciplina produzir um artigo, ancora-se no produtivismo que citei antes. ¿Um artigo ‘sobre tema qualquer’? A disciplina (neste semestre que está recém começando) não te deu ideias e precisas sugestões! Ideias para escrever um artigo nós as produzimos e não nos são fornecidas.
Talvez, pudesses sugerir (numa brincadeira): faz um artigo sobre a anedota acerca de pulgos, pulgas e elefante que contei no blogue na sexta-feira. Tenho até uma pergunta para dissertares: como um animal pode matar outro que tem uma massa 109 vezes maior que a sua.
Mas tu não me escreveste para brincadeiras. Como licenciada em Química e aluna de um mestrado em Educação, podes escrever algo acerca do quanto o ensino de Química hoje é eficiente na alfabetização científica. Na quinta-feira, em Araraquara falei com uma aluna da UNESP que analisa meu livro Para que(m) é útil o ensino? 20 anos depois de sua primeira edição. Outra sugestão para um artigo: fazer uma análise crítica acerca do capítulo “Diálogo de aprendentes’ do livro ‘Educação Química em foco’ que deves conhecer. 
Espero ter colaborado. Durante a semana vou ler teu artigo. O melhor setembro para ti, ac
Enviada em: domingo, 1 de setembro de 2013 20:50 Professor, somente gostaria de ressaltar que o artigo nao esta pronto, joguei algumas ideias que estava em foco, na mente!!!!! Gostaria de saber se achas que es valido seguir para este rumo, ou posso fazer algo mais produtivo, com temas mais relevantes. Estou em fase de treinamento ate mesmo de producao de artigos!!! nao tenho muito conhecimentos e habilidades como ja ressaltei ao senhor!!! Mas sou uma aluna bem regrada e gosto de criticas e "puxoes de orelha""!!!! Abracos!!!!!
Enviada: Quinta-feira, 5 de Setembro de 2013 22:25
Estimada Ana Maria!
Como prometi, agora no quase ocaso da quinta-feira te anuncio que olhei o teu texto. Anexo tua proposta de artigo com anotações.
Precisaria de mais de uma hora para conversar contigo sobre ele. Não conhecia tua escrita. Gostei dela. Do ponto de vista científico é um texto bom.
Mas... não te assuste, não vou dar puxões de orelha. Pretendo ajudar a construir novos textos. Primeira pergunta que eu te faço: Para que público escreveste? Isto é fundamental. Eu quando escrevo sempre tenho meus leitores ocultos. Não deve ser para teus pares na Academia? Não é para teus colegas professores de Química? Não é para alunos de ensino médio? Não para alunos do ensino fundamental? Poderia mostrar-te, por diferentes excertos, que teu texto não é para nenhum destes segmentos.
Escreveste um texto sobre ‘modelos atômicos’ ou melhor como evoluíram as concepções de modelo, mas em nenhum momento teorizas acerca do que é mais relevante: a concepção de modelo. Por que trabalhamos em Ciência com modelos? Quais são as reais necessidades de trabalhar com modelos? Por que não trabalhamos com a realidade?
Estas e mais outras perguntas são fundamentais para definir que modelo vou construir e propor. O modelo que propões serve para quê? Acredito, pelo teor didático de teu texto que te diriges a professores. Acertei? Para eles não posso podes falar de um modelo acabado de átomo que tem mais de 100 anos. Uma segunda dimensão é como se constrói um modelo. Por exemplo, falas de Rutherford; Quando ele propõe o modelo de átomo nuclear, em 1911, ele não apenas faz a experiência que referes; mas, ele levantou hipóteses que foram verificadas que precisam ser destacadas. Não podemos apagar os rascunhos.Temos muito a caminhar. Define o teu público vamos reescrever teu texto. Expectante, ac
Enviada: Sexta-feira, 6 de Setembro de 2013 10:21
Oi professor obrigada por ter lido o texto. O texto era para ser para professores , mas afinal nao esta bem claro... vou le enviar outro artigo que fiz sobre praticas educativas!!!! Abraços professor. Podes me enviar ideias. Agradeço!!! Abraços 
A troca de correspondências segue, com a mestranda sonhando em produzir artigos, pois decretaram para Ana Maria “Publish or perish”. Agora ela tem a escolha para definir sua vida acadêmica: “produzir ou sucumbir!”

6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Limerique
    Impõem-se de um modo virulento
    Publicar trabalho a todo momento
    Mas Chassot, diga à Maria
    Se quer produzir sabedoria
    É compulsório o uso de acento.

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  3. La citometría(obligación de ser citado), como razón de ser del "status quo" intelectual del siglo XXI, no es más que snobismo de la concepción sistémica de educación imperante.
    Hacer creer a un estudiante que puede escribir un artículo en un día, sería sinónimo de que entendiera posible que los alimentos de un mes se puden consumir en un día.
    Seguimos transitando elcamino previsto por T.S. Eliot, quien se preguntó una vez:
    “¿Dónde está el conocimiento que hemos perdido con la información? ¿Dónde está la sabiduría que hemos perdido con el conocimiento?”.

    Saludos;
    Enzo.

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  4. Uma tese deve ser acerca de uma questão que nos aflige, sobre determinado tema que acreditamos ter resposta diferente do senso comum. Com a nossa jovem a questão é inversa, o que a aflige é não saber sobre o que escrever. Deveria escrever sobre isso...
    Em a conversa recente com um jovem cientista político com vários títulos e estudos até em conceituadas instituições no exterior, comentei com o mesmo que tinha simpatia pelo texto "Oração ao Moços" de Rui Barbosa. O mesmo prontamente me respondeu que não conhecia a obra. Insisti nas minhas perguntas dessa vez citando outro famoso texto de Rui Barbosa, "A paixão da verdade", novamente o jovem confessou total desconhecimento da obra. Rui Barbosa é considerado o pai da dialética, patrono dos advogados, tendo inclusive o texto "Oração aos Moços" um discurso preparado por Rui em 1920 para uma turma de formandos em direito. Não foi lido por Rui Barbosa pois o mesmo encontrava-se muito enfermo. Isso nos mostra que a qualidade perde hoje pela quantidade.

    abraços

    Antonio Jorge

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  5. Muy apreciado colega y amigo Enzo,
    primero celebro ti presencia con comentario en este blogue de lo cual te reconozco como lector hace mucho.
    Muy bien asestadas tus colocaciones.
    Vimos que eso de la cintometría no es un problema uruguayo o brasileño; pienso que hoy es casi universal. Nosotros tenemos aquí el ‘currículo Lattes’ y hay aquellos que a cada mañana lo miran y dicen, a semejanza de la bruja de la fábula: “¿Lattes, Lates mío, podrá haber alguien mejor do yo?”
    Yo no conocía la cita de T S Eliot y su traída es mui oportuna.
    Gracias por tus continuadas luchas por la Educación en la banda Oriental.

    attico chassot

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  6. Professor, tudo bem??
    Sempre é produtivo ler o senhor...
    Na verdade estou pensando em fazer a seleção para o doutorado, mas me desanimei um pouco agora só de lembrar dos malditos artigos que "eram pra ontem" e a gente tem que correr para escrevê-lo, como algué escreveu: atirar/jogar as ideias...
    Abraçao!

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