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domingo, 16 de outubro de 2011

16.- Ecos de um saboroso dia dos professores

Ano 6

PORTO ALEGRE

Edição 1900

Começou o horário de verão à zero hora de hoje domingo. Os relógios foram adiantados em uma hora e a mudança segue até 26 de fevereiro de 2012, em estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. A mudança ocorre neste ano, também a Bahia.

Segundo o governo federal, o período do horário de verão será o mais longo desde 1985 e terá 133 dias de duração. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê uma economia para o Brasil que pode variar entre R$ 75 milhões e R$ 100 milhões durante o período. No período, a ONS prevê a diminuição da demanda em 4,6%, ou o equivalente a 2.650 megawatts (MW

Foi meu 51º dia do professor, enquanto profissional. Tenho algumas lembranças dos primeiros. Não recordo da data enquanto aluno. Este ontem foi magnifico. Na metade da manhã a Gelsa e eu fomos a um dos roteiros da 8ª Bienal do Mercosul.

Nesta edição a Bienal está inspirada nas tensões entre territórios locais e transnacionais, entre construções políticas e circunstâncias geográficas, nas rotas de circulação e intercâmbio de capital simbólico. O título refere diversas formas que os artistas propõem para definir o território, a partir das perspectivas geográficas, política e cultural.

Uma das mostras centrais da 8ª Bienal do Mercosul é a exposição do chileno Eugenio Dittborn (Santiago do Chile, 1943), artista de referência na América Latina. A obra de Dittborn baseou-se na transterritorialidade, no nomadismo e nas estratégias para subverter as fronteiras e penetrar os centros sem se deixar neutralizar por eles. Dittborn trabalha desde 1983 em suas Pinturas Aeropostais, obras que são dobradas para serem enviadas em um envelope postal. Cada envelope possui inscrito o itinerário da viagem, as cidades para onde a obra foi enviada e os lugares em que foi exposta e é exibido ao lado da pintura aeropostal desdobrada, já que isso é a sua condição de possibilidade.

Estando no centro da cidade, ou como se chama agora, -- centro histórico – fomos fazer algo muito curtido: um recorrido no Mercado Público, onde além de curtir várias bancas. Almoçamos em uma delas e depois o mais exótico> comer picolé feiro na Coreia do Sul. Jamais, alguém que é da época em que produtos importados eram bacalhau da Noruega, passas de uvas argentinas ou azeite de oliva de Portugal poderia imaginar comer picolé importado. Parece que picolé coreano poderia ser um dos ícones da globalização.

À tarde agradeci a dezenas de mensagens pelo dia do professor. Elas chegaram por correio eletrônico, no blogue, no Facebook, no Orkut, por telefone e por torpedo. Dentre talvez uma meia centena, há uma que comoveu sobremodo: “Ao mestre atico, que deus continue te iluminando para que espalhe pelo mundo sua sabedoria. Parabéns professor! Eunice, Thaylise e Diego”. A dona Eunice, que assina a mensagem com seus dois filhos, trabalha para mim nas segundas e sextas-feiras, Além de cuidar de minha casa e de minhas coisas está sempre atenta no preparo dos apetrechos para minhas viagens. Hoje, ela fez-me lágrimas.

À noite fomos ao cinema, algo que também se fazia distante para nós. Assistimos CÓPIA FIEL (Copie Conforme). França-Irã, 2010. Direção: Abbas Kiarostami. Com Juliette Binoche e William Shimell. 106 min.

Diz a sinopse oficial do filme “Cópia Fiel”: “Um homem e uma mulher se encontram em um pequeno vilarejo, no sudoeste da Toscana. O homem, um escritor britânico, que acabou de dar uma palestra em uma conferência. A mulher, francesa, dona de uma galeria de arte. Essa é uma história comum. Poderia acontecer com qualquer um, em qualquer lugar”. Será mesmo? Vindo do talento criativo do diretor iraniano Abbas Kiarostami, não acredite.

Para começar, o homem é um escritor que levanta questões não triviais. Seu livro, Cópia Fiel, que dá nome ao filme, questiona o que é ser original e o que é ser cópia na arte e na vida. Cópias são tratadas como originais, na arte. Quantos “Beijos” de Rodin, por exemplo, originais, existem?

“Cópia Fiel” é um filme com personagens europeus ocidentalizados, falado em francês, italiano e inglês. A presença das três línguas aí contribui para mostrar as dificuldades atuais de comunicação, assim como quando o celular interrompe o próprio palestrante. O cartaz mostra Juliette Binoche em lábios com batom forte e longos brincos, o que seria impensável no Irã. Ela foi premiada em Cannes como melhor atriz por essa fita. É realmente um grande desempenho.

Kiarostami filma no exterior e já sabe que seu filme não deve ser exibido no Irã. É lamentável que o país, ao invés de se orgulhar da filmografia que conseguiu construir e que lhe deu inegável projeção cultural no mundo, cale ou interdite a voz de seus melhores cineastas. Regimes de força não conseguem, mesmo, conviver com a crítica, a inovação e o experimentalismo. É algo recorrente.

No caso específico de Kiarostami, ele é hoje um dos mais importantes diretores de cinema em atividade. Tem espaço mais do que suficiente para que seus filmes sejam conhecidos e apreciados em todo o mundo, a partir de sua apresentação nos grandes festivais de cinema europeus. É um cineasta global e um grande artista, que vive contribuindo para que o cinema experimente e avance.

Para despedir um presente com votos de um domingo muito bom. Um sítio extraordinário, porque nos leva ao mundo dos museus mundiais, à pintura, escultura, pinacoteca, slides, músicas e muito mais... Consultem-no e deliciem-se http://www.sabercultural.com

4 comentários:

  1. Caro Chassot,

    o teu Dia de Professor, fértil em programação, adicionou mais uma 'pulga' atrás da orelha: será que todas as cópias realizadas pelos nossos alunos, para se safarem de trabalhos acadêmicos, podem ser mesmo, apenas cópias? Não teriam alguns o trabalho de reconstituir textos, mesmos que 'esquartejados' de outros da internet? A conjugação de pedaços, construindo lógicas, não seria originais?

    O passeio pelo Mercado Público é uma 'viagem' de aromas e sabores.

    Bom domingo!

    Garin

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  2. Caro Chassot,
    Blogagem múltipla que passa pelo dia do Professor, pelo Mercado público, pela Bienal e pelo cinema. Assim vou me ater apenas ao Mercado. Quando da última etapa de minha vida profissional antes da aposentadoria, eu fazia um voo que a cada quinze dias terminava em Porto Alegre as 7 horas da manhã de sábado e só sai novamente as 22 horas da segunda feira. Um prato cheio para curtir a cidade no fim de semana. Um dos meus melhores momentos era ir ao Mercado e comer moranguinho com nata na Banca Nº 40. Uma delícia. Me aposentei há três anos e agora diabético nem posso me dar ao luxo de comparecer à Banca 40 quando vou a PA. Abraços, JAIR.

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  3. Meu Caro Garin,
    acho bem posta tua questão: serão cópias as colagem que fazem nossos alunos? Ou há produção? Vou qualificar mais tua colocação: nós blogueiros também não usamos muito o Ctrl C + CtrlV? Somos só copistas, ou produtores de algo novo?
    Em vez de responder a pergunta prefiro pensar nos aromas de nosso Mercado.
    Um bom saldo de domingo.

    attico chassot

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  4. Muito estimado Jair,
    teu comentário tem algo bom e algo ruim: a revelação de quanto conheces o apreciado Mercado Público e a restrição que de afasta de alguns prazeres da mesa.
    Com solidariedade
    attico chassot

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