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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

27.- Curtindo saudade com uma novidade

Ano 6

PORTO ALEGRE

Edição 1911

Ao concluir a edição de ontem anunciava que o assunto dos testes poderia ter sequência hoje, Vou posterga-lo. Na manhã chuvosa e ainda sabendo a ressaca da noite anterior com quatro aulas, surgiu uma novidade. Mesmo que seja apenas local, ei-la.

Quantas vezes tu já saboreaste um exemplar do dia de um jornal com estes dados na capa: Ano 1 No

1. Pois, eu fiz isto ontem. E mais, fiz isto curtindo saudades.

Aqui, o paradoxo é aparente, pois o jornal que entrava no cenário de uma Porto Alegre invernosa quando os jacarandás primaveris (também na foto) estão em floração plena era um velho conhecido. Justifico. Eis três excertos do que escrevia em julho de 2002, quando arrumava as malas, quase ao encerrar o período de pós-doutorado em Madri.

Outras de minhas paixões aqui foram os periódicos, já disse que se não tivesse nada a fazer aqui, me faltaria tempo para ler os sumarentos jornais. Já sei, quando voltar ao Brasil, o quanto terei saudades dos jornais gratuitos que conheci em varias cidades da Europa e me encantam por sua objetividade noticiosa, e trago uma confissão um pouco indiscreta: ler alguns dos anúncios classificados tem um sedutor sabor erotismo.

[...] Vale referir ainda a existência de pelo menos dois jornais noticiosos, que circulam de segunda a sexta-feira, que são oferecidos gratuitamente e que têm milhares de leitores. Mais de uma vez, estes justificaram a opção de uma estação do metrô mais distante, por esta ser uma onde há ponto de distribuição, para ter pelo menos um deles como leitura de bordo. Aliás, esta distribuição de jornais gratuitos nem sempre tem sido muito tranquila. Em fevereiro de 2002, por exemplo, em Paris houve várias manifestações iniciadas pelos sindicatos dos distribuidores de jornais e revistas, que incluíram destruição dos jornais distribuídos gratuitamente. Em Madrid, numa viagem matinal, no Metrô pelo menos uma pessoa em cada três está lendo um destes jornais.

[...] E agora uma inconfidência. Um dos meus prazeres na vida é ler jornal. Isso está entre as minhas necessidades quase vitais. Devo confessar que todos meus escrúpulos de alguém envolvido também com Educação Ambiental são violados nessa quase paixão, pois minhas necessidades não são saciáveis com leituras de jornais digitais. Tenho precisão de notícias em papel. Esqueço-me de quantas árvores devem ser abatidas para a produção do papel ou quanto cloro foi usado no branqueamento da celulose ou quanto descarto de folhas de jornal por semana. Para absolver um pouco minha consciência deposito, com compunção, em um dos muitos containers que recolhem diferentes tipos de materiais para reciclar. Há algo sensual até no ir a “minha banca de jornais” de alpargatas, antes do café da manhã dominical. Aliás, um desjejum com jornais é muito mais saboroso.

Estas memórias se fizeram fortes ontem. Há por que. Agora, Porto Alegre tem o Jornal Metro, uma publicação do Grupo Bandeirantes, começou a circular nesta quarta-feira, nove anos depois que me despedia dele em Madri. Aqui ele vai circular em 31 pontos da cidade, com tiragem inicial de 40 mil exemplares e distribuição gratuita. Essa será a oitava edição brasileira da publicação, que já circula em São Paulo, Campinas, ABC Paulista, Santos, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte.

De acordo com a equipe de marketing do Metro, a versão gaúcha da publicação vai priorizar notícias locais, com foco principalmente em Porto Alegre, além dos fatos mais importantes do Estado. As edições estarão divididas basicamente em Cidade, Cultura e Esportes.

Com a nova edição, o jornal passa a circular em 129 cidades de 22 países no Planeta. A tiragem total é cerca de oito milhões exemplares/dia. É possível acessar cada uma destas edições locais em www.metropoint.com. Somente no Brasil, a publicação chegará a 440 mil exemplares diariamente.

Há sempre uma interrogação: como um jornal de boa qualidade (não estou dizendo que seja tão bom quanto a Folha de S. Paulo, por exemplo) pode ser distribuído gratuitamente? A resposta é óbvia: a publicidade que está inserida. Então, ¿por que os grandes jornais, que têm páginas e páginas de publicidade e cadernos de pequenos anúncios são tão caros, inclusive para os assinantes?

Não é sem razão que em alguns lugares se ‘ameaça’ a distribuição gratuita! Por ora, além de matar a saudades, resta desejar que o maior acesso a informação que será oferecido, sem maiores custos aos leitores, sirva para formar cidadãs e cidadãos mais esclarecidos, sonho que já era de Diderot e D’Alambert quando anunciaram, no Século das luzes, a Enciclopédia.

Adito agradecimentos a Rose, que catalisada pela Gelsa, me trouxe Ano 1 No 1 do Metro Porto Alegre. Uma boa quinta-feira a cada uma e cada um.

6 comentários:

  1. Caro Chassot,

    já tinha visto este jornal em São Paulo e ontem não me dei conta de que a sua distribuição estava iniciando aqui em Porto Alegre também. Vi os carrinhos nas esquinas mas não fiz a ligação com o jornal. Este novo periódico vem contribuir para a melhor informação. Gratuito será na distribuição, mas poderá se tornar muito caro caso o leitor não se posicione criticamente, em reflexão diante dele e embarque, sem necessidade, nas suas ofertas publicitárias.

    Um abraço,

    Garin

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  2. Pois então guarde bem este exemplar, mestre. O número 1 um dia podera ser bem vendido como uma raridade kkkk ( brincadeira)
    Outros jornais de bairro são distribuídos gratuitamente, como o Já!, um bom jornal, com materias locais pertinente e versão online também.

    tenhamos um bom dia, que se anuncia lindo demais!

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  3. Muito caro Garin,
    excelente lembrança. Como dizia minha mãe: ‘o barato pode sair caro’. No número inaugural 37,5% das 16 páginas são de publicidade e destas 25% são de duas universidades (anunciando uma mercadoria muito cotada na OMC: ensino) da região metropolitana.
    Obrigado por teu oportuno alerta,
    attico chassot

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  4. Muito querida Marília,
    que faz saudades das aulas de Filosofia de uma gloriosa turma do Centro Universitário Metodista do IPA, vale guardar o numero inaugural, pois um dia poderá ser pedido de uma Gincana (tu não eras nascida quando Porto Alegre viveu a fase das gincanas, que eram atividades que disseminavam conhecimento e cultura.
    Bem lembrado que o Metro não é o primeiro jornal de bairro.
    Obrigado por tua presença aqui,

    attico chassot

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  5. Caro Chassot,
    Parabéns pelo bom hábito de leitura dos noticiosos que você tem. Quando ao novo jornal, PA estará inseria a partir de agora no mundo Metro o que uma coisa boa. Abraços, JAIR.

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  6. Meu caro Jair,
    obrigado pela torcida.
    Por Porto Alegre agradeço teus votos.

    attico chassot

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