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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

05.- Um Nobel para um morto

Ano 6

PORTO ALEGRE

Edição 1889

Depois da maratona setembrina com 14 palestras em seis estados diferentes não dá para parar abruptamente. Volto hoje ao Paraná, aliás, o único estado em que estive em duas cidades no mês passado.

Nesta quarta-feira viajo pela manhã à Curitiba de onde sigo para Ponta Grossa onde ministro um minicurso acerca de Historia e Filosofia da Ciência dentro do III Simpósio de Graduação e Pós-graduação em Química da UEPG e amanhã participo de uma mesa-redonda: Energias Renováveis: um desafio para os químicos. Na sexta-feira retorno a Curitiba, para viajar a Belo Horizonte e depois a Viçosa para participar do I Simpósio Mineiro de Educação Química, de sexta-feira a domingo.

Outubro é o mês da divulgação dos seis prêmios Nobel (Fisica, Química, Medicina/Fisiologia, Paz, Literatura e Economia). O de Medicina foi anunciado na segunda-feira e de Física, ontem. A tese de que a Ciência é masculina, se aceito as láureas do mais badalado prêmio, foi significativamente ratificada: três homens foram os premiados em Medicina e três homens em Física. Os totais nas três categorias de Ciência são:

PREMIO

TOTAL até 2010

Mulheres

Total após 2011

% Mulheres

FÍSICA

189

02

192

cerca de 01

QUÍMICA

160

04

*****

cerca de 2,5

MEDICINA

196

10

199

cerca de 05

TOTAL

545

16

551

cerca de 03

Antes do anúncio dos outros três prêmios que ocorrerá nos próximos dias a situação é a seguinte:

Literatura foram premiadas onze mulheres em cem premiações.


Paz foram concedidos a doze mulheres entre 95 pessoas e 30 organizações.

Economia: 2009 um homem e uma primeira mulher Elinor Ostrom (1933 USA).

Trago das agências de notícias, uma informação das duas primeiras premiações com algo inédito: um morto será premiado.

Três cientistas que desvendaram o funcionamento do sistema imunológico vão receber o Nobel de Medicina deste ano. Os laureados são o luxemburguês Jules Hoffmann, o canadense Ralph Steinman e o estadunidense Bruce Beutler. O anúncio foi feito segunda-feira, em Estocolmo, na Suécia.

O trio transformou a compreensão sobre como o organismo se defende de ameaças, revelando que existem duas linhas de defesa contra vírus, bactérias e outros invasores. Lars Klareskog, presidente da Assembleia do Nobel, disse que as descobertas do trio podem levar a novas vacinas contra infecções, já em desenvolvimento, o que é cada vez mais necessário em decorrência do aumento da resistência dos organismos aos antibióticos.

Espera-se que os princípios descobertos possam conduzir ainda a melhores tratamentos contra o câncer. O princípio é de estimular o próprio sistema imunológico a combater os tumores. Também poderão ser beneficiados pacientes com artrite reumatoide, diabetes, esclerose múltipla e inflamações crônicas.

Beutler e Hoffmann foram citados pela descoberta da primeira linha de defesa. Eles identificaram proteínas que reconhecem bactérias e outros organismos nocivos, ativando o sistema imunológico. Essa é a chamada imunidade inata. “O sistema imunológico inato pode destruir micro-organismos infecciosos e provocar uma inflamação que contribui para bloquear o ataque antes do surgimento de anticorpos”, explicou o comitê do Nobel.

Steinman revelou o segundo recurso do sistema de defesa, a imunidade adaptativa, acionada quando a primeira linha não é suficiente. Ele descobriu as células dendríticas, gatilho de uma reação na qual os micro-organismos são eliminados e anticorpos são criados. Steinman mostrou que as células conservam a memória do agressor

Morto vai receber o prêmio: O comitê do Nobel foi surpreendido ontem pela informação de que um dos laureados, Ralph Steinman, estava morto havia três dias. O Nobel só é concedido a pessoas viva

A informação chegou por meio de um comunicado da Universidade Rockefeller, onde o pesquisador de 68 anos trabalhava: “Ele foi diagnosticado com câncer de pâncreas há quatro anos, e a vida dele se prolongou graças à aplicação de uma imunoterapia à base de células dendríticas que ele mesmo criou”.

Apesar do veto a premiações póstumas, o comitê do Nobel argumentou que a concessão ocorreu com base na crença de que Steinman estava vivo e será mantida. O dinheiro irá para familiares do cientista. “A única coisa que podemos fazer agora é lamentar que ele não tenha tido a oportunidade de aproveitar” disse Goran Hansson, do comitê.

Steinman ganhou metade do US$ 1,5 milhão da premiação, já que é responsável por uma das duas descobertas destacadas. O reitor da Universidade Rockfeller, Marc Tessier-Lavigne, afirmou que a instituição estava encantada, mas contristada.

O prêmio Nobel de Física de 2011 foi concedido aos estadunidenses Saul Perlmutter e Adam Riess, além do australiano-americano Brian Schmidt, pela descoberta da expansão acelerada do universo, anunciou nesta terça-feira o comitê Nobel em Estocolmo.

"Estudaram dezenas de explosões de estrelas, chamadas supernovas, e descobriram que o universo se expande a uma velocidade em permanente aceleração" afirma um comunicado do comitê. "Observando um tipo particular de supernova descobriram mais de 50 supernovas afastadas cuja luz era menos intensa que o esperado: era um sinal de que a expansão do universo estava acelerando." "Há um século se sabia que o universo estava em expansão desde o Big Bang, que aconteceu há 14 bilhões de anos", afirma o comunicado.

"No entanto, a descoberta de que esta expansão se acelera é surpreendente. Se a expansão continuar acelerando, o universo acabará em gelo", completa o texto do comitê.

Saul Perlmutter nasceu em 1959 em Champaign-Urbana (Illinois, Estados Unidos) e é professor de Astrofísica na Universidade de Berkeley, Califórnia. Adam Riess, nascido em 1969 em Washington, é professor de Astronomia e Física na Universidade John Hopkins de Baltimore (Estados Unidos). Brian Schmidt nasceu em 1967 em Missoula (Montana, Estados Unidos) e dirige a equipe de pesquisas sobre supernovas na Universidade Nacional Australiana de Weston Creek.

4 comentários:

  1. Caro Chassot,
    Lamentável que o senhor Steinman tenha falecido antes desse evento que por certo seria a coroação máxima de sua vida de cientista. Quanto à expansão acelerada do Universo, ainda que não nos traga nenhuma aplicação prática imediata, é desconfortável para o leigo imaginar que um dia o Universo acabará congelando. Abraços, JAIR.

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  2. Caro Chassot,

    o prêmio de Física desse ano é uma coisa de louco: acabam de descobrir que cerca de 97% do Universo é absolutamente desconhecido - temos uma pálida noção e nada mais. Dá para perceber que estamos 'engatinhando' na matéria de conhecimento mesmo que esse se refira a elementos físicos.

    Um abraço e boas viagens!

    Garin

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  3. Meu caro Jair,
    deu-me dó – para usar uma expressão démodé – que Steiman não houvesse postergado sua morte em uma semana, afinal sua pesquisa lhe dera uma sobrevida de quatro anos, para curtir o Nobel. Que bom que o comitê do Nobel manteve o premio e a família leva a metade do 1,5 milhão de dólares.
    Desde o teu Paraná um agradecimento do,

    attico chassot

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  4. Muito precioso Garin,
    para usar uma expressão de nosso capelão, que dirão os criacionistas a Premio Nobel da Física, quando se derem conta que Adão não conhecia todo o Paraiso em que nomeara cada ser.
    Na alegria de tê-lo como meu leitor,
    attico chassot

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