14. No dia seguinte

Porto Alegre * Ano 5 # 1684

Agora estou – na contagem de meus dias de professor – no dia 1º do ano 51 (e atendo a recomendação para deixar de usar números romanos, pois há de ter quem não identificaria se escrevesse Ano LI). Mas hoje é o dia seguinte de uma data efusivamente comemorada.

E, não é sem razão, que o domingo se espraia nesta segunda-feira onde tenho pela manhã reencontro com meus alunos da Licenciatura em Música do Centro Universitário Metodista do IPA para mais uma aula de Conhecimento, Linguagem e Ação Comunicativa. À tarde falo na inauguração das atividades de 2011 da Universidade do Adulto Maior. O título da fala: “Memórias de um mestre escola”. Quando da celebração de meus 50 anos de professor constato que há algo que fiz missão neste meio século: alfabetização científica. O que mais realizei nas aulas que ministrei, nos livros e artigos que escrevi, nas blogadas que editei e nas palestras que proferi foi ensinar a linguagem da Ciência, essa linguagem que considero necessária na contemporaneidade para ler o mundo natural. A fala desta tarde também pode ter como mote: “Histórias de escrituras: da lousa ao I-Pad” onde vou evocar a gênese de minha escrita paleolítica – o guri que se diz da idade pedra, quando se alfabetizou em uma lousa de ardósia até que escreve no I-Pad, passando pela pena de aço, a caneta tinteiro, a chegada da caneta esferográfica, a máquina de escrever, o computador...

Mas hoje há mais um momento significativo: entrego da Editora do IPA – concorrendo ao edital que seleciona os livros que serão publicados este ano: os originais do Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto. São 380 páginas (queridamente impressas pela minha filha Clarissa neste fim-de semana). Há 51 capítulos, nominados de 1961 a 2011. Em cada capitulo contextualizo o ano e depois há um tema central do qual me faço memorista.

Mas queria trazer algo de ontem: e aí uma constatação bastante significativa. Excluída uma celebração com a Gelsa onde um espumante trouxe a marca de celebrações, a passagem do Bernardo e da Carla para abraçar-me e um telefonema da Clarissa, as comemorações muito afetuosas tiveram como cenário este blogue.

E, isto me parece muito natural, pois é no blogue que hoje, pretensiosamente, que tenho a minha grande sala de aula. Nela apareceram ontem mais de uma centena de leitores do Brasil e ainda uma dezena dos Estados Unidos, Itália, Equador, Espanha, Alemanha e Moçambique. Ali também recebi provas de carinhos de quase duas dezenas de leitores. Diferentemente dos dias anteriores, não respondi a cada comentário, deixando para fazê-lo, coletivamente, aqui e agora. Por razões de tempo, não vou referir a cada uma das mensagens, mas destaco algumas.

Na mensagem da Gelsa, ao lado da pareceria intelectual, fala mais incisivamente a companheira de vida, quando destaca a produção do livro: “no qual partilhas tuas memórias de professor, expressas nos hologramas desde o trem misto que somente tua fantástica memória, tua grande disciplina intelectual e imensa sensibilidade poderiam produzir”. Ela também destaca uma estimativa do número de alunos nestes cinquenta anos: cerca de 13 mil. Mas o significativo que a Gelsa recorda: “muito lembrei da Dona Maria, das muitas histórias que dela escutamos, mas, principalmente, fiquei imaginando o orgulho que teria do filho que tanto ama sua profissão.” Não foi sem razão que elegi para usar ontem a camiseta da celebração do centenário de minha mãe.

Já minha colega Elzira de Maravilha madrugou e cedo elogiava a persistência do blogue e festejava dizendo que ser professor por 50 anos é para poucos mortais. Na mesma direção escreveu Fabiane Leite, de Santa Rosa: “50 anos... o que dizer para uma pessoa que nesse espaço tempo reservou-se a dedicar seus estudos para qualificar a educação. Não sei como posso lhe homenagear a não ser através da multiplicação dos seus escritos, estou aguardando novos pensamentos para que possa alimentar meus conhecimentos. Desejo poder compartilhar essa forma maravilhosa de amar a educação por muitos e muitos anos.”

Do Recife o Paulo Marcelo Pontes escreveu extensa mensagem onde diz em um excerto: “Que esse dia possa trazer silêncio para teus pensamentos e muito barulho para celebrar a vida e estes anos valiosos de tua carreira. Que os 50 anos possam marcar não um ocaso, mas um resplandecer de algo que sintetizas tão bem, de algo que se confunde com tua própria vida.”

Também de Recife escreveu em meio congratulações o muito estimado colega Arnaldo Carvalho: “Uma feliz coincidência, a sua festa além de estar inserida no Ano Internacional da Química, ocorre também no ano em que se comemora o centenário da publicação do trabalho de Rutherford descrevendo a descoberta do núcleo atômico [assunto para qual já há blogadas programada para breve, Arnaldo!]. Mestre Chassot, parabéns e obrigado por nos presentear com mais um motivo para festejar 2011.

A Marília, minha ex-aluna da Filosofia, diz “eu e mais tantos alunos do senhor, agradecemos a parábola reprovada!” Ela tem adesão da Ieda Giongo, que foi minha aluna no Doutorado: “Que bom que não conseguiste desenhar a parábola!!!!” O tema da parábola vem também do Ecuador, no amável texto de Marília Kalil: “Muy querido Profesor Chassot, Si hubiese aprobado... ¡nos habríamos perdido de un maravilloso Mestre! que de manera multifacética nos descorre las puertas del pasado, nos interpele con los sucesos del presente y nos abre holográficamente el pensamiento hacia el futuro. ¡Felicitaciones por esta celebración de Oro!!

O blogue Química Virtual, pelas palavras de seu editor Professor Emiliano Chemello, destaca: “Não há saltos quânticos suficientes na explosão de fogos de artifício para simbolizar a importância desta caminhada ímpar no magistério. Meus sinceros parabéns!” Blog do charque (de Recife) disse... Parabéns por 50 anos de magistério! em tradução o senhor é incrível! parabéns!

A minha conterrânea jacuiense Luiza Neeves escreveu: “Parabéns Mestre! Amei as associações ao trem, e como as conheço tão bem, pois, só quem conhece Estação Jacuí, (uma minoria óbvio), sabe o que o trem significou para os filhos de ferroviário, como nós. Parabéns pelos 50 anos de doação de toda esta inteligência ímpar e tão amável. Obrigada por nos honrar com esta amizade”.

De Rio do Sul, a Anelise escreveu: “Amado Professor Chassot! Parabéns pelos 50 anos de magistério!!! O que seria do ensino de Ciências sem as suas preciosas contribuições e discussões? Para mim sempre foram e serão desafios compartilhar seus escritos... Fiquei muito feliz também pelo título do livro, para mim o melhor... Estarei aguardando o livro para fazer parte de minha biblioteca.”

De Blumenau chegou esta mensagem querida: “Bom dia querido MESTRE!!!!!!! Que a comemoração dos 50 anos que você tem dedicado ao exercício e testemunho de ENSINAR sejam a colheita muitas realizações no caminho de Semeador de Consciências... PARABÉNS GRANDE JARDINEIRO DE ALMAS!!!!!!!! Com certeza você hoje merece o maior presente de todos: A PLENA REALIZAÇÃO e o CORAÇÃO EM PAZ !!!! Com carinho e reconhecimento, Vera Lúcia e Cesar.”

O Professor Guy escreveu: “Ave Chassot, parabéns pelo jubileu! Me emocionei lendo o texto. Grande abraço, Guy.

Agradeço aos nominados e também os que eu silenciei. A todos que vibraram com esta comemoração minha gratidão. A melhor segunda-feira a cada uma e cada um.