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quinta-feira, 10 de março de 2011

10. – A escola mais global do mundo

Porto Alegre * Ano 5 # 1680

A semana de trabalho pode ser curta. A paradinha carnavalesca foi ótima. Mas a semana, com tantas exigências acadêmicas até parece que foi completa.

Com contei aqui na segunda-feira estou envolvido na editoração final do livro que celebra meu 50tenário de professor. Por uma admirável coincidência, devo entregar o livro pronto, na editora do Centro Universitário Metodista do IPA, para cumprir um edital, no dia 14, data imediata à celebração dos 50 anos de professor.

Tive sugestões de títulos de leitores deste blogue e do Facebook. Trago, ainda nesta semana, mais informações de encaminhamentos.

No último domingo Gilberto Dimenstein apresentou em sua coluna da Folha de S. Paulo uma escola onde a preocupação não é obter uma nota, mas desenvolver a capacidade de se entregar à aventura do conhecimento. Reparto a alternativa com meus leitores. Vale conferir com votos de uma excelente quinta-feira, quando já se vislumbra o fim de semana.

Já imaginou passar todos os três anos do ensino médio viajando pelo mundo, que seria transformado numa sala de aula, e, para completar, receber um diploma aceito pelas melhores universidades?

Suponha que, em cada cidade, você seja recebido por professores capazes de converter o que seria dado em sala de aula numa experiência. Por exemplo, aprender noções de biologia numa praia da Austrália, questões indígenas numa tribo do Equador, diversidade cultural na China ou tecnologia da informação em Bangalore, na Índia.

É exatamente esse o projeto sem fins lucrativos que começa a ser implantado nos Estados Unidos. Chamado de Think Global School, é uma escola que não tem sede. O mundo é literalmente sua sala de aula.

A primeira turma é composta de 16 estudantes de 11 países, cujo roteiro acadêmico prevê a visita a lugares como Estocolmo, Sidney, Hong Kong, Berlim, Bangalore e Cuenca (no Equador). "Montamos o roteiro para revelar a diversidade", disse-me Brad Ovenell-Carter, diretor da escola e professor de literatura mundial. Neste momento, ele está na Austrália.

O currículo é dividido em oito matérias: artes, literatura mundial, antropologia, estudos globais (história e geografia), matemática e ciências, além de duas línguas. As aulas são ministradas em inglês, mas, ao final dos três anos, os alunos devem falar espanhol e mandarim.

As aulas expositivas são mescladas com palestras de personalidades locais e visitas a vários pontos do país. O currículo é subordinado a pesquisas e a experimentações realizadas pelos alunos, na maior parte das vezes, fora da sala de aula.

A preocupação central não é obter uma nota, mas desenvolver a capacidade de se entregar à aventura do conhecimento. "Vamos, porém, prepará-los para fazer os testes de ingresso nas melhores universidades", conta Brad. O que já dá para perceber, segundo ele, é o amadurecimento dos estudantes. "Embora tenham 15 anos, eles parecem ter 18 ou 19 anos."

"Quero muito saber em que vai dar", disse-me a diretora do Projeto Zero, da Faculdade de Educação de Harvard, cujo objetivo é pesquisar e desenvolver novos meios de ensinar. O Projeto Zero foi fundado pelo psicólogo Howard Gardner, criador da teoria das inteligências múltiplas, para quem os seres humanos têm várias modalidades de QI e os educadores deveriam saber lidar com essa complexidade.

Desse programa saiu o João Kulcsar, que hoje, no Senac, ensina cegos a serem fotógrafos, numa das experiências mais belas que eu já vi em educação.

Feitos para refletir e compartilhar os aprendizados, os blogs dos alunos e dos professores parecem diários de viagem escritos durante as férias. A felicidade dos filhos não custa barato para os pais.

A mensalidade fica pelo equivalente a R$ 12 mil, cerca de cinco vezes o que se paga numa escola de elite em cidades como o Rio de Janeiro ou São Paulo.
É mais que o dobro do que se paga aqui em Harvard. Pode ser muito dinheiro, mas a verdade é que não é caro. É até muito barato para o que a Think Global oferece.

Isso significa, entretanto, que essa ideia não é replicável nem no Alto de Pinheiros, em São Paulo, nem em Ipanema, no Rio de Janeiro, afinal, esse é o ensino médio mais caro de que se tem notícia.

Replicável seria usar não o mundo, mas a cidade como sala de aula. É simples, barato e eficiente.

4 comentários:

  1. o comentário final é seu ou do autor?

    a cidade como sala, a sala como cidade. Significativo para mim ler isto, na iminência de iniciar o trabalho com uma tchurma de segunda-série em poa.:)

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  2. Saudações tricolores, Amigo Chassot...
    Sim, o Rio Grande veste azul, branco e preto (pelo menos até a final da Taça Farroupilha - risos)...
    Mesmo diante de ausências virtuais explícitas, continuo por aqui (e voto em "Memórias de um mestre-bloguista" - a votação continua em aberto???)...
    As perdas (ou "percas", inspirada em Martha Medeiros na ZH de hoje-ontem, dia 09/03) talvez justifiquem meu silêncio... (Meu pai faleceu ao final do ano passado... Nunca imaginei que ele faria tanta falta...)
    Enfim... continuamos por aqui... "Acompanhando as andanças virtuais, pelo mundo real, deste Amigo bloguista"...
    Um forte e carinhoso abra@o, Adriana.

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  3. Querida Adriana,
    há quanto tempo. A perca ou perda (Martha Medeiros só enrolou , a meu juízo) do pai é algo doloroso. Mesmo que meu luto já tenha se transformado em saudade (faz quase 24 anos que ele morreu), ainda me lembro de muitas coisas que não conversei com ele.
    Foi dramática a vitória tricolor.
    O livro está quase deixando de ser pagão, mas os conservadores ainda resistem ao bloguismo, até no nome.
    Obrigado por teres voltado e este ano sonho ir ver a paixão em Imigrantes.
    Afagos e sempre na escuta
    attico chassot

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  4. Marília querida,
    o final é nosso – teu, meu e todos que sonhamos com Educação transformar o Planeta para melhor .
    Seja benvinda a Porto Alegre e conta comigo para parecerias.
    Um afago do

    attico chassot

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