Copenhagen Ano 4 # 1303
Aqui em Copenhagen a manhã já vai adiantada. No Brasil é madrugada. Não há ninguém conectado no Skipe. As mensagens que recebo ainda foram postadas ontem à noite. Aqui a temperatura está um grau e a previsão para hoje é de neve e frio. Mostro uma foto de ontem desde a janela do nosso apartamento, no 5º andar, chamando atenção ao fog que cobriu a cidade o dia inteiro e também ao canal que está completamente congelado; o Planetário da cidade está em primeiro plano.
Quando inicio a segunda metade de minha jornada escandinava (passaram 11 dos 22 dias) este blogue segue sendo o diário de viajante. Assim, um breve relato do dia de ontem.
Depois de cumprirmos a agenda prevista para a manhã, a tarde foi preciosamente destinada a atividades culturais na linda cidade que nos acolhe neste fim de semana expandido. Estreando os serviços de ônibus, com uma cartela de passagens integradas ônibus+metro fomos ao Parque Søndermarken, que fica junto ao Frederiksberg Palace, próximo ao Zoo de Copenhagen. Nossa meta era visitar a Cisternerne ou As Cisternas, onde está o Museu de Arte Moderna do Vidro. Chegados ao imenso Parque só vimos neve e árvores, numa situação muito diferente daquela indicada nos guias, como se pode ver em algumas fotos.
Depois de muita busca, ajudados por raros pedestres que encontrávamos, chegamos à entrada, marcada por duas pirâmides de vidro. O museu está localizado embaixo do parque. As Cisternerne são consideradas como um dos espaços de exposição mais original na Europa, e nós ratificamos isso.
As cisternas fizeram parte, originalmente, do sistema municipal de abastecimento de água de Copenhague tendo servido como reservatórios devido à elevação que criava pressão necessária para a água atingir os andares superiores dos edifícios da cidade. Elas foram
construídas em 1856-1859 e serviram ao propósito original até 1981. Durante algum tempo elas foram usadas para concertos, exposições e eventos, antes de serem transformadas em museu permanente, em 1996.
Não encontrei as dimensões do espaço (talvez a área seja equivalente à metade de um campo de futebol), que inclui algumas grutas. Estas criam não só reentrâncias, mas também espaços para exposição de obras de arte em diferentes níveis.
Há no museu duas regiões diferentes: uma formada por uma coleção de dezenas de estátuas originadas de diferentes castelos da Dinamarca, que ali foram reunidas para preservação. A outra, a parte destinada à arte em vidro, que em cuidadosa iluminação, que, num jogo de luz e sombra, transforma os objetos em figuras maravilhosas, marcadas com trabalhos leves e luminosos. As instalações de vidro são projetadas como se estivessem em uma catedral.
O Museu de Arte Moderna do Vidro possui uma coleção permanente de arte em vidro pelos principais artistas dinamarqueses como Robert Jacobsen, Carl-Henning Pedersen. Peter Brandes e Tróndur Patursson, bem como exposições temporárias. Ontem vimos o notável trabalho de Göran Warff, conhecido internacionalmente como um inovador da arte de vidro.
Na segunda parte da tarde voltamos à zona central, mais precisamente ao Quatier Latin, onde visitei o Post Museum e externamente apenas a torre do observatório Astronômico de 1642, o mais antigo em funcionamento na Europa. Como a visitação nesse período se encerra às 17 horas (no verão é às 22h) devo voltar em outro momento. Nele vi uma homenagem ao astrônomo dinamarquês Tycho Brahe (14 de dezembro de 1546, castelo Knutstorp, Skåne - 24 de outubro de 1601, Praga) tão presente em minhas aulas de História da Ciência como o único nome nórdico quando se fala do surgimento da Ciência Moderna. Teve um observatório chamado Uranienborg na ilha de Ven, no Öresund, entre a Dinamarca e a Suécia. Tycho esteve ao serviço de Frederico II da Dinamarca e mais tarde do imperador Rodolfo II. Continuando o trabalho iniciado por Copérnico, foi acolhido pelos sábios ocidentais com alguma relutância.
Já era noite fechada quando com chuviscos e temperaturas de –4ºC a Gelsa e eu voltamos ao hotel. Com esse relato desejo uma muito boa sexta-feira e faço o convite para um encontro aqui amanhã.
Mestre Chassot, acredito que a visita ao museu tenha sido algo muito prazeroso, mesmo com tão baixas temperaturas e com a neve cobrindo quase todo o cenário.
ResponderExcluirEspero que a empreitada nórdica continue sendo aprazível, ainda que com frio intenso.
Ótimo dia.
Meu caro Marcos,
ResponderExcluirobrigado pela tua torcida por minha jornada nórdica. Aqui já é quase meia noite. Há cerca de meia hora cheguei sob chuva e um abafamento de fazer suar – algo inédito para mim aqui – de uma tarde/noite onde talvez tenha vivido a maior oportunidade de contato com a arte em minha história. Visitei o Museu Louisiana em Humlebaek. Algo inenarrável que talvez consiga dar uma pálida ideia na blogada de amanhã.
Com admiração os cumprimentos de
attico chassot