Ålborg Ano 4 # 1296 |
Chegamos a uma sexta-feira, que no contexto que estou não tem a expectativa da chegada do shabath ou de fim-de-semana, pois não difícil associar meu envolvimento a fazeres tão distintos (em uma geografia tão exótica) a férias ou a um quase permanente fim-de-semana. Há não muito participei de algo que me chama atenção aqui na Universidade de Aalborg: todas as manhãs, em torno das 10 horas, cerca de 20 pessoas se assentam em torno de uma grande mesa para fazer uma parada em seus trabalhos e tomar café ou chá com frutas diversas e conversarem descontraidamente; às sextas-feiras o ritual é mais festivo e há pães e outros petiscos que são trazidos. Hoje foram oferecidas mariolas do Brasil pela Gelsa. Ainda em termos de congraçamento, outro registro destes dias: os almoços na cantina, onde há espaço para gostosas conversações.
Quando falo do cotidiano há outras observações que me parecem oportuno socializar com meus amáveis leitores. Ocorrem-me agora algumas:
Quando são observadas as roupas que aparecem nas fotos que aditei destes primeiros dias escandinavos, pode se pensar que vivemos entrouxados. Em casa e na universidade se pode ficar de camisa de manga curta, pois os ambientes são todos aquecidos; vale dizer que aqui usamos, para dormir, muito menos cobertas do que usamos no Brasil, mesmo no verão. Claro que uma caminhada de talvez 100 metros, do Departamento à cantina, sob continuado nevar, exige roupas que abriguem.
Ontem meu amigo e colega José Carneiro, deste Belém do Pará perguntava: Ocorreu-me a seguinte curiosidade: nesse local geladíssimo em que vocês se encontram, qual é a bebida comumente consumida, será o vinho? Em que lugar, nesse ranking, fica a cerveja? Respondo algo como: aqui as bebidas alcoólicas destiladas em alguns supermercados (minha amostra é muito pequena) são vendidas com discrição. O destilado que parece ser mais típico é o “Snaps” que tem a ver (em nome e sabor) com o ‘Schnaps’ (ou cachaça) que conhecia na minha infância, quando o alemão era a língua materna de meus ancestrais. Aqui perto onde moramos há uma fabrica de Snaps. Compramos um litro para, nessas três semanas, tomar uns goles para quando se chega da rua, quase congelados. Vejo (ou melhor, vi no aeroporto de Copenhagen) tomar muita cerveja, em avantajados copos, mas parece não a consomem gelada como as memoráveis cerpinhas (alusão a garrafas pequenas de Cerveja do Pará = Cerpa) da Belém equatorial. Claro que não tenho ainda um estudo etnográfico do consumo de álcool quando o sol está ausente por vários dias consecutivos.
Algo muito particular, que não sei se tem algo a ver com minha vivência como um alienígena. Há cerca de meio ano contei que sou vítima, ou melhor, sem exageros, sou portador de tinitus (=zumbido, ou acúfeno, ou tinido ou uma sensação auditiva cuja fonte não advém de estímulo externo ao organismo). Ao término de uma série de consultas e exames um médico (especialista em acúfeno) deu uma receita: ambientação. Pois ultimamente convivia com a situação sem quase perceber, dizia, quase como chiste, ‘só ouço quando escuto!’ Pois aqui ouço sempre, e de uma maneira intensa. Por quê? Não sei.
Pois ontem contei aqui a solução quase mágica de meus problemas internéticos aqui na Universidade. Eis que chegado ao apartamento onde moramos, o problema se repete. Mas vejam o que o Skipe e um filho querido podem fazer: o Bernardo, a mais de 12 mil km de distância, pela conexão do notebook da Gelsa me orientou uma reconfiguração no meu notebook e consegui, então, também no apartamento estar conectado.
Ao falar do local onde moramos e para hoje não colocar fotos nossas com neve – mesmo que esteja escrevendo contemplando uma densa nevada (e não resisto apresentar uma cena de agora),
trago duas fotos das entradas do prédio, com duas pinturas de Esben Hanefeit, um muito importante pintor dinamarquês contemporâneo. Aquela onde eu estou está relacionada com o Instituto Confúcio, presente aqui na Universidade e que ontem celebrou o Ano Novo Chinês.
Para esta noite somos convidados para uma janta na casa de um colega aqui do Departamento, em uma cidadezinha distante 25 km de Aalborg. Agora meus votos de uma muito boa sexta-feira, na expectativa de um bom fim de semana (que aqui se anuncia com temperatura em torno de –10ºC. Faço também meus votos em danes: Nu er mine bedste ønsker for en rigtig god fredag, forventer en god weekend.
Attico e Gelsa,
ResponderExcluirpassei pra deixar um beijo em vcs, fiquei surpresa com as lindas imagens externas...Podemos ter uma idéia do frio!Bom final de semana
Carla, Ber e Ma
Muito querido trio Maria Antônia, Carla e Bernardo,
ResponderExcluirenternecidos com os votos de vocês, Temos planos para fazer um fim de semana maravilhoso. Recém chegamos de uma cidadezinha a 25 km de Ålborg, onde fomos a um jantar em casa de um colega. Nem em filme havíamos visto em estrada uma nevada como a que vivemos. Algo inenarrável. Chegamos a temer que não nos pudessem trazer de volta tanta a neve que se acumulava. Aqui no prédio as bicicletas estacionadas têm neve quase cobrindo as rodas.
Que curtam o fim de semana que terá um sábado de 25 horas em boa parte do Brasil,
attico
Mestre Chassot, quanto ao consumo de bebidas alcoólicas, faço uma observação simples, mas que pode passar despercebida por muitos: em quase toda a região escandinava tem-se o costume de consumir as bebidas em temperatura ambiente. Porém, em um país onde a temperatura é frequentemente negativa, a temperatura de ambientação faz com que as bebidas estajam tão ou mais geladas do que aqui, e as geladeiras são usadas apenas para impedir que certas bebidas congelem.
ResponderExcluirÓtimo dia.
Meu caro Marcos,
ResponderExcluirhoje ouvi de danes, que mais que o frio aqui o que causa mais depressão são os dias consecutivos cinzas.
Hoje, houve lindos momentos de sol e a neve tem outro ‘sabor’
Obrigado pela colaboração no blogue de hoje com as explicações sobre a Jutlândia.
Uma muito boa semana
attico chassot