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quinta-feira, 23 de maio de 2013

23.- ACERCA DE UMA REVISITAÇÃO E OUTROS FAZERES.


ANO
7
Uma nova fase: Agora, SEMANÁRIO.
EDIÇÃO
2478
Chegamos à quinta-feira dia, estabelecido como aquele da edição hebdomadária deste blogue. Ele, depois de 6,8 anos de edições diárias, no último dia 13, se fez semanal.
Há muitas adaptações. Por exemplo: o diário de bordo como fica? E as dicas sabáticas de leituras? E as edições associadas acerca de um tema?
Há vazios: não existe mais a curtição de ver, a cada dia, uma nova produção elogiada ou criticada. Essa talvez seja a perda maior. Mas, também, não existe mais aquele (quase) tormento herdado de minha mãe: Não sei o que vou cozinhar (= blogar) amanhã!
Quase sete anos de cachimbar deve ter deixado a boca torta. Há novas aprendizagens. Apreendo-as.
Na última quinta-feira comentava aqui minha viagem naquele dia a Santa Maria. Vi a fachada macabra da Boate Kiss, marco de uma tragédia dolorosa, que ainda neste domingo fez sua 242ª vítima: uma aluna da UNIFRA. Esta, a instituição que me acolheu de maneira atenciosa, para falar, à noite para centenas de professores e estudantes envolvidos com o PIBID.
A propósito de falas, nesta segunda-feira vivi uma experiência saborosa: a convite do professor Guy B. Barcellos fui, mais uma vez, ao Instituto Estadual de Educação Paulo da Gama. Desta vez para conversar sobre Ciências para quatro turmas de 7º e 8º anos do ensino fundamental (a maioria já nascidos no século 21). Algo significativo: as mesmas discussões que faço com pesquisadores e professores trouxe para eles. Valeu ver seus olhinhos encantados querendo saber mais.
Em blogadas espaçadas adensam-se emoções de uma semana. Isto me obriga compartir uma tragédia.
Em dia atrás, ao entrar em sala de aula, disse informalmente a uma aluna: “Não vieste à aula passada!” “Explico-lhe” e convidou-me para sairmos um momento da sala. “Meu marido, na semana passada resistiu a um assalto e foi assassinado!” Fiquei estarrecido. Estava com uma jovem mãe que perdera o marido de 28 anos. Senti-me impotente. Como avaliar a dor daquela quase menina.
Ainda por cima revoltou-me o legalismo. O Centro de Atendimento ao Estudante não quis reconhecer-lhe o abonamento de faltas, mesmo que mostrasse a certidão de nascimento de um filho com o pai, cuja certidão de óbito apresentava. Faltava uma certidão de casamento. O salutar foi que imperou o bom senso da coordenadora do curso. A Rosimeri Cardoso se faz para mim exemplo de mulher forte. Neste registro minha encantada admiração.
Mas, o ocaso desta quinta-feira me encontra, uma vez mais, fazendo um repetido trajeto: Porto Alegre/Frederico Westphalen. Amanhã tenho a minha segunda sexta-feira mensal na URI. Mas antes de ir à rodoviária tenho algo que prevejo aflore emoções. Vou ao Instituto de Química da UFRGS para palestra na Semana Acadêmica: Formas de motivar o aprendizado em Química.
Não é trivial. Revisito, ao anoitecer, a instituição mais in/extensamente presente em minha história. Nela comecei como atendente no Restaurante da Reitoria, fiz graduação, mestrado e doutorado e como professor ocupei todos os postos da carreira docente (de auxiliar de ensino a professor titular; posto conseguido por concurso público de provas e títulos). Fui Vice-diretor e Diretor do Instituto de Química e coordenador da Comissão de Carreira de Química.
A minha graduação em Química foi na Faculdade de Filosofia, há época que estas unidades universitárias eram protótipos de uma Universidade, pois ofereciam cursos de Ciências da natureza, Humanidades, Letras e Artes.
Iniciei como professor na UFRGS na Faculdade de Filosofia em 1967 (aposentei-me 1991) e em 1968 uma reforma universitária (Lei 5540/68) editada pelo governo militar redesenha a Universidade brasileira. A palavra chave é ‘departamento’. Havia talvez dois ou três professores de Química na Faculdade de Filosofia, Migro para um dos três departamentos do então criado Instituto de Química (Departamento de Química Inorgânica) onde foram lotados professores provenientes da Agronomia, Engenharia, Farmácia, Filosofia, Geologia. O Instituto de Química oferecia disciplinas de Química para todos os cursos da Universidade onde havia o conhecimento químico no currículo. Eu era o mais jovem dentre os professores, cabiam-me as disciplinas menos disputadas. Lecionei, durante vários semestres Química Geral para alunos de três cursos (Engenharia Química, Farmácia e Química) que iniciavam a carreira acadêmica. Em geral, três turmas de mais de 50 alunos cada. Era muito bom.
Talvez, ter sido ’escalado’ para dar uma disciplina de História da Química (que ninguém queria dar) tenha decretado minha transmutação profissional. Tenho gratidão à disciplina QUI-114- Evolução da Química. Aprendi muito na sua docência. Primeiro reconhecer que não podia lecionar História da Química sem saber História da Ciência; depois vi que deveria estudar História da Filosofia, das Artes, das Religiões (a mais significativa), das Bruxarias e também a história daqueles que tiveram suas histórias sonegadas ou apagadas. Foi isto que fiz e me facilitou ser professor. Talvez, um professor diferente. Hoje, este professor revisita um pouco de sua gênese.

7 comentários:

  1. Caro Chassot,
    talvez essa decisão de fazer uma blogada semanal traga alguns prejuízos mas certamente te trará mais tranquilidade para escolher os temas. Minha saudação nesta quinta-feira que começas com uma visita à memória ao trilhar mais uma vez pela casa que te acolheu durante a formação de Química.

    Desde já, desejo-te uma ótima viagem à Frederico.

    Um abraço.

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    1. Muito querido amigo Garin,
      que bom tê-lo (de novo) aqui.
      Tu, que por largo tempo mantiveste um blogue diário com cada edição marcada por profundas reflexões, alas ‘ex-cathedra’ acerca da sempre presente interrogação: o que vou blogar para amanhã.
      Obrigado pela compreensão e também pelos votos.
      Com amizade
      attico chassot

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  2. Caro Mestre Chassot, o que o faz diferente é a humildade inerente aos sábios. Temos sentido a falta do assunto diário, assunto este que era muito bem direcionado pela sua veia de lecionador, mas o nosso apreço pelo senhor é maior que nossa curiosidade. Muito bem citada a intransigência da burrocracia (com dois "r" mesmo)

    abraços

    Antonio Jorge

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    1. Meu caro Antonio Jorge,
      recém cheguei a Frederico Westphalen, depois de 6,5 horas de ônibus. Também senti falta de não ter uma postagem nova no blogue. Compensou-me teu atencioso comentário.
      Obrigado e uma boa sexta-feira
      attico chassot

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  3. Limerique

    Quem tem pelo ensino tanta paixão
    Como esse gaudério de roxo culhão
    Nunca é grande o desafio
    Que ele navega como no rio
    Porque então não fazer revisitação?

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    1. Meu caro Jair,
      desde Frederico Westphalen, um agradecimento que da revisitação da noite de ontem foi mais importante (para mim) a revisitação do que a fala que fiz.
      Gaudérios de culhão roxo também choram.
      Obrigado por poetares minhas maratonas,

      attico chassot

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  4. Ao Mestre Chassot: Mesmo que atrasada obrigado pelo carinho e conhecimento que tens compartilhado a nós, e também te agradeço por suas grandes aulas que jamais serão esquecidas mesmo que só as quintas-feira. Um forte abraço Ley

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