ANO
7
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www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
2464
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Ontem
celebramos neste blogue os 70 anos da CLT que hoje transcorre. Foi a maneira
festiva de fazer loas a data de hoje.
Agora a celebração
enluta-se. Na semana passada, uma fábrica de roupas que desabou em Bangladesh —
só superada China na produção mundial de roupas —, matando pelo menos 260
pessoas. Os operários foram orientados a trabalhar apesar das advertências de
que o local era inseguro. Um número ainda incerto entre os mais de 3 mil
trabalhadores da fábrica permanecia preso nos escombros.
Autoridades de
Daca já haviam aberto um processo contra o proprietário do edifício por causa
de problemas estruturais. Agora, esse proprietário e os donos de cinco oficinas
de costura responderão por homicídio culposo.
Bangladesh
parece distante. Não! Bangladesh é aqui. É doloroso viver um
“Dia Mundial do Trabalho” com a constatação que esta CLT de 01 de Maio de 1945
e mesmo a Lei Áurea que a aboliu a escravidão em 13 de Maio de 1988 não vigem
plenamente no Brasil. Há escravos numa metrópole como São Paulo. ¡Escravos no século
21!
Há poucos dias
(final de março deste ano) a Superintendência Regional do Trabalho em São Paulo
anunciou um flagrante de trabalho escravo em uma confecção que produzia roupas
para as marcas Luigi Bertolli, Emme e Cori. Foram resgatados 29 trabalhadores bolivianos da oficina na
região do Belenzinho, zona leste da capital paulista.
A GEP
Indústria e Comércio Ltda, que produz as peças das três marcas, foi alvo de
fiscalização. A produção era repassada para a Silobay, uma empresa situada no
Bom Retiro, em São Paulo, que também foi alvo de fiscalização.
Fiscais do
Ministério do Trabalho flagraram trabalhadores em condições análogas à
escravidão. Na fábrica, as pessoas trabalhavam de 12h a 14h por dia, ganhavam
em média R$ 3 por peça produzida, faziam as refeições no mesmo local em que
trabalhavam e não tinham direito a férias nem a 13º salário. A fiscalização
flagrou ligações elétricas clandestinas, com risco de incêndio, crianças
circulando pelo local de trabalho e mantimentos guardados junto de rações de
animais.
A maior parte
dos trabalhadores vivia em situação de servidão por dívida, contraída ainda na
Bolívia. Outra parcela foi vítima de tráfico internacional de pessoas. Pelo
menos seis deles estavam irregulares.
Os
trabalhadores compareceram à Superintendência Regional do Trabalho para
assinarem termos de indenização trabalhista, sendo que cada um receberá pelo
menos R$ 23 mil. Além disso, a empresa desembolsará R$ 450 mil por dano
coletivo – um terço do total será destinado para entidades beneficentes, um
terço para o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e um terço para entidades que
combatem trabalho escravo. Ao todo, a GEP desembolsará cerca de R$ 1,1 milhão.
A empresa
recebeu, ainda, 22 autos de infração, que podem resultar em multas. De acordo
com fiscais, a GEP alegou que desconhecia o caso e se prontificou a regularizar
a situação dos trabalhadores, assinando o termo de ajuste de conduta, o mais
rápido possível. Entre o flagrante de trabalho escravo e o pagamento das
indenizações se passaram cerca de 48 horas. A Silobay, empresa intermediária,
continua sob investigação.
Nos mesmos
dias, a fiscalização do Ministério do Trabalho flagrou mais um caso de trabalho
em condições análogas à escravidão no setor têxtil, desta vez envolvendo três
trabalhadores, ligados a uma confecção de grande porte de Guarulhos, na Grande
São Paulo. Nesta ação, foram libertos dois bolivianos e um peruano – dois deles
estavam em situação irregular no Brasil. Eles também viviam em condições
consideradas degradantes e ganhavam por peça produzida, em um total que somava
entre R$ 340 e R$ 480 por mês.
Sim!
Bangladesh também é aqui.
Caro professor Chassot!
ResponderExcluirO vosso blog é muito atuante, sempre presente e cheio de novidades. Parabéns!
Forte abraço!
Limerique
ResponderExcluirChoroso, na garganta sinto um travo
Vítima que fui de humilhante agravo
Entre máquinas medonhas
Numa labuta enfadonha
Na juventude trabalhei como escravo.
OBS - Quem quiser saber sobre essa escravidão em pleno século vinte, leia em meu blogue a matéria publicada em 18/04/13: http://jairclopes.blogspot.com.br/2013/04/o-escravo.html
Acordar antes do sol, engolir um parco café da manhã e sair pendurado em dois ou tres coletivos abarrotados de gente para enfrentrar uma dura jornada com uma pequena pausa para engolir o que alguns insistem em chamar de almôço, ao final do dia volta-se as "latas de sardinha" e finalmente chega-se ao "lar".Cansados, mal escuta-se os filhos os quais muitas vezes já dormem. Engole-se a "janta" e volta ao breve repouso para reiniciar o ciclo. Parar nem pensar, tudo que será produzido pelo resto de sua existência miserável já tem destino certo, e caso ultrapasse o indigno, é do Leão. Da labuta futura já é dona "Casas Bahia", "Banco Bradesco" etc.
ResponderExcluirÉ... somos escravos no século XXI!
Abraços
Antonio Jorge
Querido mestre!
ResponderExcluirÉ realizando o trabalho como extensão de seu ser que o ser humano se dignifica. Lamentavelmente vemos a cultura do trabalho cada vez mais distante disso. São muitos os trabalhadores que o realizam de forma alienada e/ou subjugada. Condições não dignas desumanizam e é preciso que ousemos denunciar, como o senhor faz. Que seu exemplo nos inspire! Grata por ser mestre exemplar. Grande e carinhoso abraço: Lia, a Ilíria que ainda lê
Concordo Mestre Chassot Bangladesh é aqui mesmo. Acho que todo mundo já ouviu ou leu que a Constituição Federal de 1988 repudia a prática do trabalho escravo ou forçado... é mais pelo jeito ainda temos trabalhos escravos disfarçados de empregos formais,onde os trabalhadores são obrigados a pagar jornadas de trabalhos extremamente exaustivas, em troca de um salário de fome,isso é degradante para um ser humano, não podemos mais admitir.
ResponderExcluirUm forte abraço Ley
Mestre Chassot! É impressionante que com todo o movimento realizado pela fiscalizaçao do Ministerio Publico do Trabalho, ainda se tenha nucleos de exploração dos trabalhadores, incluindo ainda estes estrangeiros que tem buscado oportunidades de manter suas familias submetendo-se a condições humilhantes de labor.
ResponderExcluirAbraço JB