ANO
7
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www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
2466
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Quando em
DEZ95/JAN96 estive no Peru e na Bolívia dei-me conta quanto em A ciência através dos tempos (1ed 1994)
fora eurocêntrico. Nas edições posteriores a 2003, há um novo capítulo de 17
páginas: ‘Uma história da ciência
latino-americana determina outro marco zero’. Descrevo, então, os quipus
(box da esquerda) que
foi algo que me deslumbrou.
Quando falava
em aulas de Filosofia e História daCiência sobre estes artefatos discutia
acerca da obrigação de revermos afirmações de que os Incas tivessem sido uma
cultura ágrafa. Nós não sabemos ler seus escritos. A analogia que trazia era do
código de barras que acumula informações que só podem ser decodificadas com
leitores especiais.
Por outro
lado, nos últimos dois anos, sou cada vez mais despertado por uma novidade — Código
QR (box da direita)
— que estão presentes por toda parte, às vezes em quase cada página de jornais
e revistas. Quando, no feriado de quarta-feira fui pesquisar como os
mesmos funcionam, pareceu-me que os quipus são mais parecidos com os Códigos
QR do que com os Códigos de barra. Estes estão sendo destronados por aqueles,
assim como os CDs tornaram obsoletos os LPs. A rapidação tecnológica já
determina a obsolescência dos CDs. Temos que conhecer os Códigos QR antes que
novos micro-acumuladores de informação surjam. Por tal, ensaio esse
paralelismo.
Quipus
ou quipos
(do
quíchua cusquenho Quipu ou Khipu = "nó") consistem
em um grupo de cordas de comprimentos, grossuras e cores diferentes,
pendentes de corda principal, e contendo, os mais curtos, nós representativos
de números usados pelos Incas antes da colonização. Eram instrumentos
utilizados para comunicação, mas também como registro contábil e como registros
mnemotécnicos.
Assim, descarta-se a hipótese que
fossem apenas úteis engenhos para se executar cálculos, mesmo que se conheça
descrições onde os mesmos eram construídos de uma maneira semelhante ao ábaco
oriental. Os quipus, mesmo que sejam instrumentos para calcular − e até para
isto talvez não fossem práticos pois os nós eram fixos −, eram instrumentos
de registros de informações.
Os cordões eram feitos de lã de
lhama ou alpaca, ou de algodão. A posição do nó, bem como a sua quantidade,
indicavam valores numéricos segundo um sistema decimal. As cores do cordão,
por sua vez, indicavam o item que estava sendo contado, sendo que para cada
atividade (agricultura, exército, engenharia etc.) existia uma simbologia
própria de cores.
De um único quipu se tiravam
informações sobre o número de machos e de fêmeas formadores de rebanhos e,
ainda, quantos animais haviam nascido e morrido em cada um dos meses de um
determinado ano. Outro uso dos quipus era nos serviços de correios, nos quais
chasques (mensageiros) levavam mensagens, por longas distâncias, geralmente
relacionadas com decisões governamentais.
O transporte dos quipos era realizado
por rápidos mensageiros, que corriam por dois quilômetros pelas trilhas incas
levando o quipu contendo as informações a serem transmitidas, até o próximo
posto de mensageiros, onde aguardava um mensageiro descansado pronto para
continuar o transporte do quipu.
Para saber mais:
ASCHER,
Marcia & ASCHER, Robert Code of the Quipu. Ann Arbor: The University of
Michigan Press, 1981.
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Código QR (sigla do inglês Quick Response)
é um código de barras
bidimensional que pode ser facilmente escanerizado por meio de telefones
celulares equipados com câmera. Quem lê o QR acima? Esse código é convertido em texto (interativo), um
endereço URI, um número de telefone, uma localização georreferenciada, um
e-mail ou um contato. A ferramenta é opção para minimizar o gasto
desnecessário de papel nas empresas.
Criado pela
empresa japonesa Denso-Wave em 1994, que liberou sem custo seu uso mundial.
Inicialmente usado para catalogar diferentes partes na construção de
veículos, hoje o QR Code é usado no gerenciamento de inventário em uma grande
variedade de indústrias. Desde 2003, foram desenvolvidas aplicações que
ajudam usuários a adicionar dados a seus telefones celulares (usando a câmera
do aparelho). Os códigos QR são muito comuns também em revistas e
propagandas, para registrar endereços e URLs, bem como informações pessoais
detalhadas. No caso de cartões-de-visita, por exemplo, o código QR facilita
muito a inserção desses dados em agendas de telefones celulares. Consumidores
com programas de captura ou PCs com interface RS-232C podem usar um escâner
para capturar as imagens.
No Brasil, o
primeiro anúncio publicitário a utilizar o código QR foi publicado pela loja
Fast Shop, em dezembro de 2007. Mais tarde, em junho de 2008, a cerveja Nova
Schin publicou um anúncio com o código e a Claro fez uma campanha utilizando
o código QR em novembro de 2008. A revista Galileu, da editora Globo, também
incluiu códigos QR para que o usuário tivesse acesso a informações extras
pelo celular. Em novembro de 2008, durante o Salão do Automóvel de São Paulo,
a Volkswagen utilizou o código para uma pequena ação em seu stand.
Um código de
barras tradicional consegue encriptar somente dados numéricos com até 20
dígitos. Um QR Code tem capacidade de armazenamento de 7.089 numéricos e
4.296 caracteres alfanuméricos.
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Limerique
ResponderExcluirNão posso criar então faço alegoria
Considerando que já existe todavia
Se ideia não é minha
Como dizia Chacrinha
Na vida nada se cria tudo se copia.
O mundo atravessa um momento único. Um momento de mudanças. O que difere o momento atual, afinal sempre houveram mudanças, é a velocidade que elas estão acontecendo. Vivemos uma grande reviravolta nas comunicações, a interação das mídias, tudo se conecta e teoricamente caminharíamos para uma comunicação plena entre todos. Mas não é bem assim que a coisa funciona. Uma parcela muito pequena da população mundial tem acesso a tais benefícios. Uma maioria esmagadora ainda morre de fome, ou sobrevive.E mesmo esta comunicação é problemática, as pessoas não se falam mais, se teclam no máximo. O telefone celular deixou de ser um aparelho para se usar ao ouvido e passou a ser um instrumento de escrita, e diga-se de passagem, uma nova escrita.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Ao mestre Chassot: Excelente matéria é a evoluçao dos meios digitais, apesar de ser um avanço na tecnologia o Quich Response ainda se mostra pouco útil no dia a dia da população.Vejo que a juventude ainda fala muito pouco, precisamos de " Codes QR " resposta rápida. Um forte abraço Ley
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirEstamos aqui na disciplina de Saberes Científicos Escolares na UFJF do curso de Ciências Biológicas discutindo sobre seu post. Achamos muito interessante pois são dois meios tecnológicos de diferentes momentos históricos que tem propósitos semelhantes de comunicação. Ambos revolucionários para suas épocas. Hoje em dia temos a tendência de achar que o que é antigo não é tecnologia e percebemos que não é bem assim. O exemplo do quipu foi uma tecnologia antiga importante e avançada para sociedade Inca na apropriação dos objetos e fenômenos do mundo.
Abraços!
Colegas de UFJf,
ResponderExcluirObrigado pela parceria no fazer alfabetização cientifica!
Abraços desde Frederico Westphalen
attico Chassot