ANO
7
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Livraria Virtual em www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
2470
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Hoje oferecemos
a segunda parte da entrevista com Karen Armstrong que na noite de ontem
inaugurou, no Salão de Atos da UFRGS, a edição 2013 do Fronteiras do Pensamento.
A conferencista (na ilustração inserida pelo blogue), com trânsito em diversos
matizes culturais, teve no preâmbulo à primeira parte da entrevista publicada,
aqui ontem uma breve apresentação.
ZH – A primeira década do século 21 foi marcada
pelo conflito entre algumas das principais superpotências cristãs ocidentais e
nações e movimentos islâmicos. Como a senhora vê as relações entre cristãos e
muçulmanos no mundo contemporâneo, e qual o seu prognóstico para esta relação
nos próximos anos?
Karen – Creio
que muitos dos nossos problemas atuais derivam do fato de que não adotamos a
Regra de Ouro. A Regra de Ouro que foi desenvolvida por todas as grandes
tradições religiosas, que a consideram central para a espiritualidade e teste
para a verdadeira religiosidade: nunca tratar os outros como você não gostaria
de ser tratado. Se nós britânicos, por exemplo, houvéssemos nos comportado com
mais respeito pelas pessoas em nossas colônias do Oriente Médio, não estaríamos
tendo tantos problemas hoje. Os problemas entre o mundo islâmico e o Ocidente
são em grande parte de natureza política, ainda que sejam expressos em uma
linguagem religiosa. A não ser algumas questões pendentes que são dirigidas
pelos Estados Unidos – em particular, a questão da Palestina – temo que nossos
problemas atuais continuarão.
ZH – Nos últimos anos, aumentaram as manifestações
do ateísmo militante, lideradas por pensadores como Richard Dawkins ou Sam
Harris. Como pesquisadora sobre Deus, o que a senhora pensa desse tipo de
discussão?
Karen – Sou
totalmente a favor de discussões teológicas com os ateus; no passado, ateus e
grandes teólogos mantiveram debates muito frutíferos. Mas eles foram conduzidos
com cortesia e respeito mútuo. Meu problema com Dawkins e Harris – e conheço
superficialmente a ambos – é: 1) que eles parecem saber muito pouco sobre
religião e 2) a intemperança com que eles atacam a religião e quem acredita em
uma. Eles denunciam a intolerância religiosa, mas correm o risco de tornar-se
intolerantes eles próprios. Na verdade, na Grã-Bretanha, pelo menos (que é uma
nação muito secular), as pessoas estão ficando cansadas deles. Para mim, o
ateísmo é a liberdade de pensar por si mesmo: ela não deve significar a
ridicularização das ideias e das crenças dos outros.
ZH – No Brasil, grupos de evangélicos
neopentecostais têm ganhado mais influência na política, o que culminou em um
acalorado debate contra as posições dessas denominações sobre questões como
casamento entre pessoas do mesmo sexo. Nos Estados Unidos esse tipo de igreja
contemporânea já exerce grande poder. Como essa ascensão neopentecostal pode
mudar o debate político?
Karen – Esta é
uma situação muito interessante no Brasil, e estou ansiosa para aprender mais
sobre isso quando chegar ao país. Parece provável para mim, no entanto, que o
neopentecostalismo só pode reforçar, política, social e eticamente, as
tendências conservadoras.
ZH – A senhora vem estudando há anos as fundações
das maiores religiões do planeta. Por que quase todos os povos ao longo da
História consideraram necessária a ideia de uma religião?
Karen – Vou
falar a respeito disso em minha palestra. Somos criaturas que buscam um sentido
para as coisas, e desde o início de nossa existência, o Homo Sapiens criou
religiões ao mesmo tempo e pela mesma razão que criou obras de arte. As duas
tentam encontrar significado, beleza e sentido em um mundo trágico. Vejo a
religião como uma forma de arte — não como um conjunto ou regras ou doutrinas.
A palestrante foi muito feliz em explicitar o problema citando a "regra de ouro", que na realidade é o que permeia todas as relações humanas.
ResponderExcluirAbraços
Antonio Jorge
Querido mestre!
ResponderExcluirPara mim há uma só e grande religião. Chama-se Cuidado!
Dogmas não nos conduzem ao essencial, muito pelo contrário.
Onde quer que haja empenho pelo cuidar, há espiritualidade, há religiosidade.
Creio que sem Cuidado não há como haver humaneidade, muito menos humanidade.
É somente na prática que a espiritualidade é sentida, percebida, vivida.
Grande abraço: Lia, a Ilíria que ainda lê
Salve Ilíria,
ResponderExcluirontem quando li mais acerca dos posicionamentos de Karen Armstrong e sua ‘ética da compaixão’ vi aproximações com teus estudos.
Vemo-nos nesta sexta-feira em Frederico Westphalen.
A admiração do
attico chassot
Limerique
ResponderExcluirPerdoe-me, religião como arte?
Não vi na Terra esse estandarte!
Crença é superstição
Prá abrandar aflição
Sentido outro só se for em Marte.
Ao grande mestre chassot: Seria muito bom que todos entedesse que a religião não separa ninguém. Que ela está sempre pronta a agregar e nunca dispersar. Um forte abraço Ley
ResponderExcluirConcordo:
Excluir1 - As Cruzadas UNIRAM muçulmanos e cristãos em batalhas sangrentas;
2 - A inquisição Uniu algozes católicos e inocentes em câmaras de tortura;
3 - A criação do protestantismo UNIU nações européias armadas e ferozes, umas contra outras;
4 - O judaísmo e o islã estão UNIDOS em abraços e beijos no Oriente médio;
5 - Hoje Sunitas e Xiitas estão confraternizando UNIDOS com Kalashikovs apontadas uns para os outros;
6 - Os EUA cristão estão UNIDOS com suas MK-16, apontadas para os Iraquianos;
Pode existir instituição humana que mais UNE os homens que a religião? Me poupem!!!
P.S. entendesse
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