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sábado, 5 de novembro de 2011

05.- Narrando as emoções de uma sexta-feira

Ano 6

Em trânsito FWP/POA

Edição 1920

No limiar deste primeiro sábado novembrino, iniciei, há meia hora, a partida de Frederico Westphalen. Quando começar a clarear o dia, deverei estar chegando à Porto Alegre. Tenho, agora, uma segunda noite consecutiva a bordo de ônibus, que mesmo não sendo dos mais confortáveis para dormir, me oferece facilidades impensáveis, há muito pouco tempo: internet sem fio.

Eis, como exemplo, excerto de mensagem que postei no blogue do Prof. Garin, 0h53min: “Meu caro Garin, uma vez mais, uso de tecnologia que há tempos muito próximo poderia parecer ficção científica. Escrevo a bordo do ônibus que me leva a Frederico Westphalen. Devemos estar perto de Lajeado pelo tempo decorrido, menos de 2 horas das 6¼ h de viagem. Ouço a agora a rádio da UNIVATES e lembro de nosso colega Atos [estou me referindo ao Atos Falkenbach, que faleceu aos 42 anos, em 02JUL2010, do Centro Universitário Metodista, do IPA, que também trabalhava na UNIVATES] que não teve a sorte da Daiane Beatriz [o texto é sobre a grávida que caiu do 10º andar e deixa o hospital em SC] que narras hoje. O teólogo certamente dirá ‘São insondáveis os caminhos do Senhor...’ Obrigado pelas pílulas de sabedoria de cada dia.

Pela manhã tive o primeiro encontro com duas orientandas. Levo excelentes expectativas com as propostas da Bianca e da Camila. Tive um produtivo diálogo com as mesmas – ambas graduadas em História –, em dois tempos diferentes.
Os dois momentos foram intermediados por entrevista que concedi a jornalista Jeane Cristina da Luz, da assessoria de imprensa da URI-Frederico Westphalen, transmitida ao vivo para a Rede ‘Luz e Alegria’. Ao responder as perguntas da jornalista, ‘meditava’ em frase atribuída a David Ogilvy, cartazete que havia no estúdio: “Comunicação não é o que você DIZ; é o que o outro ENTENDE!”. Fiz desta advertência um exercício à minha fala.

Reuni-me na manhã/tarde com a Profa. Edite Maria Sudbrack, Coordenadora (e alma-mater) do Programa de Pós-Graduação em Educação da URI-FW. Houve dois momentos: um acerca da dimensão acadêmica de minha inserção e outro tratativas administrativa. A reunião teve também almoço em restaurante no centro da cidade.

À tarde fiz exame médico admissional. Recebi um glorioso APTO. Não pude deixar de rejubilar-me com a Gelsa. ¿Quantos, às vésperas do 72º aniversário vivem esta realidade? Claro que também me lembrei de um INAPTO para realização do serviço militar recebido há 64 anos. Um e outro tiveram emoções fortes. Um de inclusão e outro de exclusão.

À noite, em um auditório com cerca de 200 pessoas (alunos de graduação e dos mestrados e professores) proferi a (cognominada) aula magistral. Pela continua presença, posso inferir que mina fala de 1,5 hora foi do agrado dos presentes. Antes recebi homenagens da URI rejubilando-se com minha presença nos quadros da URI. Recebi também acarinhamentos de muitos ex-alunos.

Encerrado as atividades formais tive a preciosa companhia de meu colega da URI de Erechim, o filósofo Arnaldo Nogaro, também professor mo Mestrado em Educação de Frederico Westphalen. Jantamos juntos e depois ele ficou, em sumarento papo comigo na rodoviária, até eu embarcar.

Preparo a segunda parte desta edição em Frederico Westphalen para postá-la a bordo, quando estiver iniciando meu retorno, depois de uma sexta-feira, que como se viu foi prenhe de emoções. Como hoje é tradição aqui as sabáticas dicas de leitura, na falta de tempo para redação de uma resenha, recorro a meu acervo, do temo que era resenhista do finado Leia Livro. Mesmo que livro tenha 10 anos vale trazê-lo aqui, especialmente evocarmos estar por estas paragens em tempo de Feira do Livro.

O preço da leitura: Leis e números por detrás das letras. LAJOLO, Marisa e ZILBERMAN, Regina. São Paulo: Ática, 2001, 193p. ISBN 85-08-08002-6.

Em O preço da leitura Marisa Lajolo e Regina Zilberman apresentam um estudo minucioso trazendo à tona a materialidade e a inscrição econômica da literatura, resgatando preciosidades de séculos passados que podem ajudar a definir políticas de leituras no limiar do terceiro milênio.

Muito provavelmente um leitor desavisado, não é atraído para um livro que tenha como título “O preço da leitura: Leis e números por detrás das letras”; o desencanto poderia aumentar, se numa vista-d’olhos encontrar capítulos como ‘Dividendos e divisas’ ou ‘Contratos e recibos’. Talvez eu apelasse, para inverter a situação, à sabedoria de um dito popular: “Quem vê cara, não vê coração”.

O preço da leitura é uma recomendação especial para bibliófilos, e eles têm se feito presente aqui neste blogue, especialmente quando temos sido brindados comentários acerca de resenhas de livros que tratam de histórias de bibliotecas ou de ameaças inquisitoriais aos livros. Esta obra é mais uma preciosidade oferecida aos amantes dos livros.

O livro é primorosa produção de Marisa Lajolo e Regina Zilberman – desta tenho orgulho de tê-la como ex-aluna no curso científico –, autoridades de renome na área da literatura, que oferecem importantes subsídios àqueles interessados nas dimensões sociais, políticas e econômicas do livro. A obra é uma bem cuidada edição da Editora Ática, enriquecida com reproduções de peças raras, como, por exemplo, a página rosto do primeiro volume da Enciclopédia Francesa ou de uma edição de D. Quixote de 1605. Há, entre outros documentos raros, peças que marcam tempos da proibição da imprensa no Brasil colonial ou vistas de nossas primeiras livrarias.

As venturas e desventuras financeiras de alguns ícones da literatura são mostradas através de recibos de direitos autorais. Também o mecenato e o clientelismo envolvido na edição dos livros aparecem em diferentes capítulos, quando as autoras tematizam o assunto valendo-se de legislação, de contratos de direitos autorais e correspondência pessoal de escritores. Os estatutos de emergentes agremiações de escritores, como da Academia Brasileira de Letras, também se fazem presentes em O preço da leitura. Este merece aqui uma entusiasmada recomendação deste blogue, até porque as autoras sustentam: ‘ameaça que mídias contemporâneas como a Internet representam para o livro parece repetir a história da oralidade ameaçada pela escrita, e a do manuscrito, ameaçado pela tipografia: a história registra a sobrevivência de todos’.

4 comentários:

  1. Caro Chassot,

    neste instante deves estar chegando à Morada dos Afagos e desejando um bom descanso sabático. Percebo que tua sexta-feira foi de intensa atividade e de novas e ricas emoções que revigoram e possibilitam novos sentidos a o existir.

    Com votos de uma trajetória repleta de realizações na relação com a URI!

    Garin

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  2. Caro mestre Chassot

    Sinto que esta iniciando uma nova etapa, em uma nova casa, com toda certeza sera brilhante como foi até agora. Fica uma pontinha de saudade, algo que a gente sente quando alguem sai de nossa casa, falo da nossa casa chamada IPA. É mais ou menos quando um filho sai de casa para ter outra vida longe da gente. Sucesso.

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  3. Caro Chassot,
    Tuas sinopses de livros, como um bom aperitivo, sempre despertam meu apetite literário. Como sou formado em economia não vou me assustar com expressões como "Dividendos e divisas" ou "Contratos e recibos", de forma que já agendei procurá-lo pela internet hoje mesmo. Com este, são oito os livros que compro através de tuas dicas, obrigado, JAIR.

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  4. Todos sobreviveram, e um é acúmulo do outro e fruto da capacidade humana, então...
    Ainda estou na "lida" com o livro que me chegou afetuosamente pelo corrêio, desafio pra minha mente.
    que nestas mudanças de rotas os escontros sejam mil.

    ah! e que a perceria de escrita entre o Sr e o Prof Garin se repita, muito mais vezes!!

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