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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

08.- TURING, UM GÊNIO OFUSCADO PELO FOLCLORE



Ano 7*** WWW.PROFESSORCHASSOT.PRO.BR ***Edição 2351
No ano recém finalizado, em quase todas as minhas mais de meia centena de palestras, homenageei Alan Mathison Turing (1912-1954) por ser o Ano Alan. Turing na evocação do centenário de seu nascimento. Neste domingo, 06JAN13, Elio Gaspary, em sua coluna semanal na Folha de S. Paulo escreveu: Turing, um gênio ofuscado pelo folclore, que ratifica o que usualmente destaco e adita outros detalhes.
Um comentário acerca de algo presente no texto. Steve Job — isso consta em seu livro de memórias — foi formalmente perguntado se a maçã, símbolo da Apple era em homenagem a Turing. Desejava que fosse, respondeu, mas, não é!
As ilustrações são uma a estátua a Turing — na sua mão direita se pode ver uma maçã —  em Manchester e a placa (com a tradução) que se vê aos pés da homenagem. A seguir a íntegra do texto.
A editora da Universidade de Oxford acaba de publicar "Turing: Pioneer of the Information Age" (Turing: O Pioneiro da Era da Informação). É um bom livro, contando a história de um gênio que viveu num mundo emocionante e morreu num enredo de romance policial em 1954, aos 41 anos. Está na rede, em inglês, por R$ 23,63.
Em 1936, Alan Turing concebeu aquilo que chamou de "máquina universal". Era a ideia do computador, inicialmente chamado de "cérebro eletrônico".
Matemático genial, se não tivesse feito mais nada seria celebrado como um dos pais da vida moderna. Com o início da guerra, incorporou-se à tropa de ingleses que se dedicava a quebrar os códigos alemães. Era uma comunidade que trabalhava em segredo, na qual se juntavam físicos, engenheiros, malucos, militares e campeões de xadrez.
Seus 2.000 servidores não puderam contar o que faziam nem para a família. Nos anos 70, quando o véu foi levantado, algumas mulheres queixaram-se por não terem revelado o segredo aos maridos, que haviam morrido.
Turing foi decisivo para desvendar o código dos submarinos alemães que afundavam os comboios ingleses. Decifravam 84 mil mensagens a cada mês, influíram no resultado da batalha de El Alamein e na de Kursk, ajudando os russos.
Suspeita-se que Turing tenha colaborado na quebra dos códigos japoneses antes da batalha do Midway. Alguns historiadores estimam que esse trabalho encurtou a duração da Segunda Guerra em até dois anos. Exagero, a guerra terminaria em agosto de 1945, com uma bomba atômica caindo em Berlim.
Nesse mundo excêntrico, Turing conseguia ser esquisito. Com o tempo, atribuíram-lhe também a concepção do Colossus, o avô do computador que grampeava até as comunicações de ADOLPH9HITLER9FUEHRER (o "9" significava espaço na mensagem decifrada) e ajudou o sucesso do Dia D.
Para administradores, uma aula: quando faltaram recursos, um deles levou uma carta a Churchill. Não podia dizer aos secretários dele o que fazia nem o que queria. A carta chegou a sir Winston, e ele escreveu: "Ação. Para hoje."
Jack Copeland, o autor do livro é de longe o pesquisador que melhor estudou o trabalho dos criptógrafos ingleses e a vida de Turing. O Colossus não foi coisa dele e suas excentricidades acabaram abafando o gênio. Vestia-se mal, não falava, raramente ouvia e corria 30 quilômetros. Era tudo isso e mais homossexual, numa época que criminalizava essa preferência. Turing teve uma namorada, caso rápido.
O livro tem longos trechos onde Copeland explica as ideias e o trabalho do gênio. Dão trabalho, mas, com paciência, podem se tornar aulas fascinantes.
O fim da história é mais ou menos conhecido. Sua casa foi assaltada, ele foi à polícia e deu queixa. Como não mentia, contou que dormira com um rapaz. Foi processado por indecência. A Justiça mandou que escolhesse: cadeia ou tratamento hormonal castrativo. Dois anos depois, Turing foi encontrado morto em sua cama. Ao lado tinha uma maçã na qual teria injetado cianeto. Nessa época, estudava o crescimento dos tecidos vivos. Ele jamais falou da quebra dos códigos.
Diz a lenda que a maçã mordida teria inspirado a marca da Apple. É apenas lenda. Com bons argumentos, Copeland vai além: não se pode afirmar que Turing se matou. A maçã nunca foi examinada e ele fazia experiências em casa com cianeto. (Outro biógrafo sustenta que ele disfarçou o suicídio deliberadamente.)
Turing tornou-se um ícone da comunidade gay mundial. Em 2009, o primeiro-ministro Gordon Brown desculpou-se pelo sofrimento que lhe foi imposto e o companheiro Obama saudou-o como um dos grandes gênios do século 20. Atualmente corre na Inglaterra uma campanha para que o governo apague a condenação que lhe foi imposta. Nela está o físico Stephen Hawking.

5 comentários:

  1. Sempre fomos seres preconceituosos. Preconceito de cor, raça, etnia, opção sexual, gênero, status, idade, ideologia religiosa, ideologia política, etc. etc. . Parece haver uma necessidade latente de se sentir superior a alguem. "Sou o síndico onde moro!", O sujeito estufa o peito e brada, só existem dois moradores, mas ele é o síndico. E nossa sociedade é tão hipócrita que primeiro mata, depois ovaciona. E diariamente milhares de Turing, João, Maria e tantos mais soçobram perante os ataques insanos do preconceito.

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  2. Limerique

    Mais uma vez a ignorância vence
    Na verdade, autêntico nonsense
    Alan Tuning matemático genial
    Condenado por opção sexual
    Num arranjo ridículo, circense.

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  3. Lembro-me bem do seu entusiasmo mestre ao falar de Alan Turing em uma palestra e um mini-curso que tive a honra de participar em Teresina em 2012. Pode-se perceber que tu és um fã deste gênio dos tempos modernos. Mais uma excelente blogada sua Mestre Chassot. Continue sempre nos brindando com suas palavras.
    Abraços

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  4. Obrigado por mais esse texto interessante, professor!

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  5. Obrigado por mais esse texto interessante, professor!

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