TRADUÇAO / TRANSLATE / TRADUCCIÓN

domingo, 30 de janeiro de 2011

30.- Domingo, pode ser dia de lobisomem

Porto Alegre * Ano 5 # 1641

Mesmo que a tradição popular afirme que sexta-feira seja dia de lobisomem, hoje mesmo não sendo sexta e muito menos dia de lua cheia, neste quinto e último domingo de janeiro, neste blogue, é dia deste personagem que há séculos assusta os humanos.

Eis o que diz a dele – El hombre lobo, para os de fala espanhol –a Wikipédia:” Lobisomem ou licantropo (do grego λυκάνθρωπος: λύκος, lykos, "lobo" e άνθρωπος, anthrōpos, "homem"), é um ser lendário, com origem em tradições europeias, segundo as quais, um homem pode se transformar em lobo ou em algo semelhante a um lobo em noites de lua cheia, só voltando à forma humana ao amanhecer. Tais lendas são muito antigas e encontram a sua raiz na mitologia grega.

Mas o assunto chega aqui por recente matéria da Folha de S. Paulo, com manchete Lobisomem de 1662 tinha nome científico Os primeiros "estudiosos" da fauna tropical, confusos entre realidade e ficção, nomearam o "Homo sylvestris'
Relatos "científicos" sobre a fauna da época incluíam até o chupa-cabra e serão tema de uma exposição no Rio de Janeiro, neste fevereiro, escreve Giuliana Miranda.

Ao se depararem com indivíduos com hipertricose (doença sem cura que provoca crescimento excessivo de pelos em praticamente todo corpo), os navegadores acreditavam estar diante do lobisomem. A imagem é de um livro de 1622 intitulada Lobisomem (Homem Silvestre).

Muito antes de aterrorizar mocinhas no cinema, a anaconda, ou sucuri gigante da Amazônia, já tirava o sono de vários europeus. Índios canibais sem cabeça e até o chupa-cabra, também.

Esses e outros mitos e monstros saíram do Novo Mundo direto para as bibliotecas das metrópoles, em publicações que misturavam ciência, fantasia e ficção.
Para explicar os mistérios dos territórios recém-descobertos – e valorizar ainda mais suas conquistas-, muitos exploradores criavam narrativas que deixariam Darwin de cabelos em pé.

"A realidade dos europeus era completamente diferente. Então, quando eles viam animais, plantas e até pessoas tão incomuns, taxavam-nas de monstros e criavam explicações mirabolantes", diz Ana Virginia Pinheiro, chefe do departamento de obras raras da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.

Entre 14 de fevereiro e 15 de abril, algumas dessas histórias poderão ser vistas na exposição "Monstros: Memórias da Ciência e da Fantasia", na sede da instituição.
Os autores eram variados: iam desde cientistas participando de expedições até piratas com pouca instrução, tendo ainda alguns escritores que nunca tinham saído da Europa, apenas ouviram uma lenda e a "recontaram".

Lobisomem Alguns dos mitos de origem europeia também marcam presença no acervo, como a história do lobisomem. Um livreto de 1662, escrito pelo teólogo Gaspar Schott, traz descrições minuciosas sobre a anatomia e, por mais incrível que pareça, atribui um nome científico à criatura: Homo sylvestris. Algo como homem da floresta.

Esses relatos, afirma Ana Virginia, provavelmente se basearam em encontros com pessoas que tinham doenças sem cura ou anomalia, hoje conhecida como gêmeo parasita (fetus in fetu), também deu origem a um mito bizarro: o homem "grávido".

Publicações do século 17 relatam alguns desses casos e, por incrível que pareça, davam instruções para a cura. A doença provoca uma espécie de gêmeos siameses ao extremo. Enquanto um dos bebês se desenvolve, o outro cresce atrofiado dentro do corpo do irmão, ficando completamente dependente. Um verdadeiro parasita. Na maioria dos casos, o feto parasita fica na região abdominal, causando uma espécie de barriga que lembra a de uma mulher grávida.

Alguns dos relatos adotam uma linguagem quase jornalística para narrar a história dos monstros. Um livreto de 1727, do português José Mascarenhas, relata a captura de um "terrível monstro", que se alimentaria do sangue de pequenos animais.

A lenda, popular entre campesinos do México, ganhou força e se espalhou para os Estados Unidos, República Dominicana e até o Brasil. O bicho era o precursor do nosso chupa-cabra.

Na expectativa que esta blogada não seja chamariz para algum homem-lobo que possa empanar o domingo, meus votos que este seja o mais frutuoso possível. Amanhã, se não assustados com lobisomens, nos lemos uma vez mais.

8 comentários:

  1. Bom dia, Professor!

    estas explicações mirabolantes lembram os seres das obras de Walmor Corrêa, artista gaúcho que cria arte com a ciência.

    (3h20, completamente sem sono)
    a propósito...é tiro de sal ou de bala de prata que afugenta lobisomen?

    ResponderExcluir
  2. Ave Chassot,

    tua crônica sobre(o)natural me provocou a seguinte reflexão: como as compreensões humanas sobre a natureza com o passar dos séculos tornam-se, de certa forma, aos olhos de quem as lê passado este tempo, ingênuas.
    Logo, o quão ingênuos e tolos nós iremos soar com nossos paradigmas e conhecimentos àqueles que nos lerão dentro de alguns séculos?
    É de arrepiar os pêlos do licantropo...

    Grande abraço meu amigo.

    ResponderExcluir
  3. Chassot,

    acabo de saber que o Museu do Cairo foi saqueado e muitas peças milenares foram destruídas.
    Portanto quero usar teu espaço para compartilhar minha dor.

    Abraços lacrimosos.

    ResponderExcluir
  4. Bom dia Marília,
    a filosofa da madrugada,
    penso que vez o outra aí no Passo espias pela janela a procura de lobisomem, mas armada com uma escopeta com sal.
    Um afago de bom domingo
    attico chassot

    ResponderExcluir
  5. Ave Mestre Guy,
    essa tua trazida me assalta de vez em vez: enquanto hodiernos e enquanto umbigo centrados os humanos sempre foram prepotentes. Olha o que dizemos dos outros (passados e de fora de nossa tribo). Acertas quando interroga o que ‘eles’ dirão de nós (talvez: eles se vangloriavam de não serem aristotélicos e sim heliocêntrico, pobrezinho).
    Um bom domingo aí no agora ‘umbigo do mundo’ quando soubeste fazer-nos reflexivo com o licantropo,

    attico chassot

    ResponderExcluir
  6. Meu querido Guy,
    lacrimejo contigo. Em 2002, quando estive no Egito Hosny Mubarak e sua prepotente mulher já era detestado. Quanto ao museu do Cairo, lamentavelmente deve ter sido fácil saquear, pois da dezenas de museus que já visitei e incluo o teu Museu da Natureza nenhum era tão abarrotado como ele.
    Um afago sonhando com a renuncia do Ditador (que na busca da Paz entre islâmico e judeus sempre foi muito importante!) para que volte o bom senso.

    attico chassot

    ResponderExcluir
  7. Meu caro Guy,
    Permita-me um bis a teu segundo comentário.
    Coloquei no salvífico Google desktop a palavra ‘Mubarak’ e encontrei a seguinte nota de rodapé que escrevi em um texto sobre o Egito em abril de 2002:
    Hosni Mubarak é o ra’is – o presidente – que governa o Egito desde 1981 – quando foi assassinado Sadat – e está reeleito para governar por mais um mandato de 6 anos, ficando no poder até pelo menos até 2005. Governa como se fosse um Rei, sua foto segundo se diz de pelo menos 20 anos atrás, está em muitos lugares, inclusive nas ruas. É acusado de corrupção e as eleições parecem ter sido fraudulentos. Sua mulher Suzanne é uma figura pública muito importante; ambos estão diariamente nas páginas dos jornais. Há uma crescente insatisfação popular de uma população que, na sua maior parte continua empobrecendo, enquanto alguns políticos enriquecem muito. Os partidos de oposição são minoritários e têm poucas oportunidades de reverter o sistema hegemônico.
    E ainda demorou nove anos.
    Receba afago aí em USA (tenho um único registro de acesso estadunidense hoje: Roswell, que a prendo ser no Novo México: ¿serias tu?)
    attico chassot

    ResponderExcluir
  8. Querido Chassot,

    meus acessos foram, de 18 a 20 de janeiro, vindos de NYC e agora de Cumming, na Georgia, a 15km de Atlanta. Portanto, se tens acessos do Novo México não sou teu único leitor fora da Terra Brasilis nos EUA.
    Adorei teus comentários bisados.
    Grande abraço,
    Guy.

    ResponderExcluir