Antonio Prado Ano 5 # 1626
Antonio Prado Ano 5 # 1626
A postagem desde blogue ocorre pela primeira vez desde Antonio Prado. Aliás, também é a primeira vez que tanto a Gelsa como eu estamos nesta pitoresca cidade.
Percorremos os 184 km inicialmente pela BR-116, fruindo a linda paisagem que encanta na subida da serra, especialmente depois de Dois Irmãos. No lindo trecho depois de Nova Petrópolis fazia mais de 20 anos que não transitávamos. Em Caxias do Sul ingressamos na perimetral para tomar a RS-122 para chegar a Flores da Cunha e depois finalmente chegamos a Antonio Prado. Nos hospedamos no simpático Piemonte, no qual a Gelsa adquirira duas diárias com 51% de desconto nesta nova coqueluche que são as ‘compras coletivas’.
Sobre as belezas pradenses provavelmente conto algo amanhã. Hoje cumpra a agenda sabatina: dica de leitura.
Contei aqui, na segunda-feira, pós-recesso natalino que este fora generoso em leituras. 1.- Caso Kliemann: A história de uma tragédia. 2.- A Ilha sob o mar [Isabel Allende, Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2010, 476 p] 3.- El infinito en la palma de la mano [Gioconda Belli, Buenos Aires: Seix Barral, 2008, 240 p].4.- El sueño del celta. [Mario Vargas Llosa, Buenos Aires: Alfaguara, 2010, 464 p]. Deste último já venci quase 3/4 e concorre fácil ao título de o livro com relatos mais desumanos que li. De minha promessa de resenhas de cada um deles já cumpri uma com a trazida, na dica de sábado passado, algo acerca da excelente escritora nicaraguense Gioconda Belli. Hoje, trago algo que será muito especial para meus leitores gaúchos, pois a dica sabática é o livro do jornalista gaúcho Celito De Grandi.
DE GRANDI, Celito. Caso Kliemann: a história de uma tragédia. Santa Cruz do Sul: EDUNISC ISBN 978-85-7578-283-5 / Porto Alegre: Literalis ISBN 978-85-88700-50-0, 256 p, 2010. Preço de capa R$ 39,00
Celito de Grandi, nasceu Marcelino Ramos em 1942. Com 13 anos, em sua cidade natal já operava em uma rádio local como controlador de som. “Eu já nasci vocacionado para o jornalismo, que sempre me fascinou”, disse em entrevista à RádioFam da PUC, RS. Dois anos depois assumiu o cargo de secretário de redação de O Semeador, o semanário marcelinense.
No final da década de 50, mudou-se para Porto Alegre, onde passaria a atuar no Diário de Notícias, cuja redação era chefiada por Josué Guimarães, de quem Celito recebeu a primeira oportunidade na capital.
A sua primeira pauta de repórter consistiu em fazer a cobertura do episódio da Legalidade, exatamente em 26 de agosto de 1961. “Vocês podem imaginar o que representou aquilo para alguém que estava iniciando a carreira, participar daqueles momentos dramáticos em que o governador Leonel Brizola comandou a Cadeia da Legalidade, um processo de resistência contra a tentativa de impedir a posse do presidente eleito João Goulart” recorda Celito. No Diário de Notícias Celito ocupou diversas funções na redação até chegar ao cargo de secretário.
No início dos anos 70 o jornalista atuou na Zero Hora e na sucursal gaúcha do jornal carioca Correio da Manhã.
Das entrevistas que realizou ao longo da carreira de repórter destaca políticos como Leonel Brizola e alguns escritores como Mário Quintana, Érico Veríssimo, Menochi del Pichia e John dos Passos.
Além de textos em antologias, Celito publicou os livros “Loureiro da Silva – o Charrua” (Literatis, 2002) e “Diário de Notícias – o romance de um jornal” (L&PM, 2005) . Pela primeira obra ganhou o Prêmio Açorianos de Literatura, na categoria autor-revelação. Quanto à pesquisa sobre o Diário de Notícias, recuperou a memória de fatos que marcaram a história do jornal e, por consequência, da política do Rio Grande do Sul em boa parte do século 20.
A dica do livro deste sábado – história do rumoroso caso Kliemann, um dos processos criminais mais comentados do século XX no RS – resulta de ter Celito De Grandi se debruçado durante meses sobre documentos, promovido entrevistas e obtido o testemunho inédito das filhas do casal Euclydes e Margit Kliemann. Com isso, conseguiu reconstituir, com novas revelações, a fantástica história que abalou o Rio Grande do Sul na década de 60.
O caso se deu em 1962. Euclides Kliemann era deputado, eleito pela região de Santa Cruz. Casado com a lindíssima Margit, residia numa mansão no Bairro Moinhos de Vento. Numa fria tarde de inverno, Kliemann teria chegado em casa e encontrado a esposa com a cabeça despedaçada no pé da escada. O marido terminou sendo apontado como um dos suspeitos. Pouco mais de um ano depois, durante uma entrevista que ele concedia a uma rádio em Santa Cruz do Sul, o estúdio foi invadido por um vereador que o matou com um tiro à queima roupa. É essa a história que Celito agora recupera.
Quem como eu, com meus vinte e poucos anos acompanhou com sofreguice o rumoroso caso com lances essenciais para uma novela dramática: conflitos políticos, paixões segredadas; um casal jovem, rico e poderoso; um casaco de vison, a mítica “Dama de Vermelho”, uma cartomante; violência, duas mortes, um mistério; e o comovente desfecho: três meninas órfãs, tem neste livro evocações mirabolante. Para os porto-alegrenses, e creio para os santa-cruzenses, há um ingrediente que sempre torna um livro mais apetecível: conhecemos a geografia das cenas. Para todos algo importante: Celito de Grandi parece desvendar o mistério da autoria mei século depois. Está algo mais – e que faz muita diferença –nesta dica sabática.
Amanhã espero contar um pouco desta Antônio Prado que desde ontem é cenário encantador para corpo e para a alma. Que o sábado seja muito bom.
nossa, de Euclides Kliemann só conhecia a Avenida que liga o centro ao bairro Arroio Grande.
ResponderExcluirAntônio Prado é um encanto, mesmo. Dia desses reservem um tempo para conhecer o Passo. : )
Muito querida Marília,
ResponderExcluirque bom avivar tuas recordações. Claro que em 2011 o Passo deve entrar em agenda.
Um afago com carinho e continuada admiração
attico chassot
Ave Magister,
ResponderExcluirmeu pai não conhecia o livro, mas meu avô sim.
De certa forma tinhas razão sobre esta história habitar o imaginário dele.
Boa estada pra ti e tua consorte em Antônio Prado! Aproveita para descansar.
Também estou viajando, na fria América do Norte. Recém hoje a neve acumulada, da nevasca de segunda, derreteu. Cenário alvo, delicado, poético. Para um ano cheio de inspiração e trabalhos pela Ciência.
Afetuoso abraço do amigo, Guy.
Meu caro Gui,
ResponderExcluiragora a honra foi aumentada. Me escreves do Hemisfério Norte.
A Gelsa e eu agradecemos os votos. Dia dois também voaremos para uma semana em Nova York. Será um rever a neve, que já habita em tua realidade.
Tórridos afagos em cenário gélido para ti
attico chassot