ANO
9 |
EDIÇÃO
3035
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Parece, que dentre nossas ações, enquanto
humanos, uma das mais esplêndidas e, também, intricadas, e por tal das mais
difíceis, é tentar entender as coisas.
Isso dá viço à vida. Aqueles temas rotulados como mistérios perdem a graça,
pois trazem uma premissa: não somos capazes de entender.
O rótulo de mistério desqualifica-me
enquanto ser pensante. Encantam-me os não mistérios, especialmente enquanto
eles se transvestem, ainda, de mistérios, Desvendá-los dá sabor ao nosso
pensamento.
Quem imaginar que esse preâmbulo seja uma
protofonia para algo relevante enganou-se. Buscar entender coisas triviais,
também se faz saboroso.
Eis o mistério que busco desvendar. Nos
primeiros minutos do feriado de 1º de maio fiz duas postagens no Facebook quase
no mesmo instante. Esse detalhe era para mim importante por uma razão. Acabava
de entrar em circulação uma edição do blogue com texto que curtira preparar. Quisera,
enquanto trabalhador, prestar minha contribuição contra a terceirização.
Escrevi uma parábola (a classificação foi dada pelo sociólogo paraense José
Carneiro) que me parecia um texto que merecia divulgação. Preparei três linhas (sim!
apenas três) para fazer um alerta da blogada no Fb, algo que faço não raro,
pois reconheço o poder indutor do FB à visitação do blogue. Tinha, também,
acordado postar uma foto minha fazendo um ‘comercial’ de um evento que sou
convidado. Como não queria que esta postagem obliterasse o anúncio do blogue,
postei o comercial primeiro, para que a chamada seja você também um PEJOTIZADO ficasse no topo das postagens, logo mais
visível. Tinha expectativa que só este título tivesse mais apelo do que a outra
postagem de propaganda, com apenas uma
palavra e um foto. O texto pró blogue tinha duas ilustrações de impacto.
Agora o (ainda) mistério. Decorrido dez
minutos a postagem comercial ilustrado por uma foto já tinha quase duas dezenas
de curtidas e esmerada chamada da pejotização
amargava duas curtidas. Depois de 22 horas o assunto do blogue tinha 26
curtidas (algo semelhante a outras chamadas ao blogue) e o ’comercial’ tinha
147. Acrescento dois dados: os curtidores não eram, em sua maioria, os mesmos
em uma e outra postagem e um número muito significativo dos curtidores do
‘comercial’ não eram ligados ao ‘patrocinador’ que teriam encontrado a postagem
no sítio do promotor do evento, mas, sim ligado as minhas relações de
‘amizade’.
Outra informação: nas mesmas 22h o blogue
teve 351 acessos — acima da média usual de 260 — o que significa que pejotização teve um bom apelo, extra FB.
Uma hipótese, há um tempo enunciada, parece
ratificada. Se o FB tivesse um dispositivo que impedisse a publicação de fotos
ele se auto extinguiria. Parece que as redes sociais internéticas estão nos
conduzindo a uma sociedade ágrafa. Isso é lamentável.
Querido Cha$$oft,
ResponderExcluirJudith Cortesão, a maior polímata que conheci, profetizou, nos estertores do século XX, que "A importância da imagem e do som, do texto audiovisualizado, é soberana. Mas nem sempre seu uso é adequado. Muitos não viram que seu mau-uso concorre a escamotear a Idade Média, o Renascimento, o Enciclopedismo, o devir social, nos países de terceiro mundo em que os universitários e não-universitários foram ternamente conservados analfabetos. A TV, o audiovisual, o próprio filme e vídeo, são alegre (ou tragicamente) absorvidos por uma multidão que passa de uma cultura a-histórica, a-gráfica, totalmente oral, para o mundo da informação caótica, superacelerada e, desgraçadamente, associada à imbecilização da sensibilidade e da identidade humanas, condicionando-as a esquemas grosseiros de violência e pseudo-sexualidade, sem ter a perspectiva histórica da continuidade…" (CORTESAO, 1989). Endosso o que disseste. Abraços
Caro amigo,
ResponderExcluirGostei da referência a mim (sempre honrosa, partindo de você).
José Carneiro
Em fins dos anos sessenta (1968) Guy Debord já antevia com a "Sociedade do Espetáculo" qual sociedade se formava. Triste, não fosse trágico. No entanto, não vejo boas perspectivas. Grande abraço.
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