ANO
9 |
EDIÇÃO
3034
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Em manhã desta semana, talvez na terça-feira,
ouvi a Presidenta Dilma fazendo críticas à pejotização. Perguntei-me que
palavrão ela usava. Como tomara o bonde andando, custei a entender. Adiante,
ela disse algo como: transformar em pejotização significa, por outro lado, a perda
de direitos trabalhistas relevantes conquistados ao longo do tempo. Então, entendi. Ela comentava acerca da
nefasta possibilidade de terceirização. Nefasta para os trabalhadores, que a
amaldiçoam, mas muito saudada por empregadores, que lhe tecem loas, prevendo
quanto vão se empanturrar, ainda mais, de lucros.
Talvez, em breve Attico Chassot CPF 002 002 396-15 deva se transformar em achassot & company CNPJ 06.123.789/0001-39. Deixarei de ser uma PF para ser uma PJ, ou
melhor, serei uma empresa com nome fantasia Cha$$oft. Esta ofertará produtos como orientações de mestrado e de
doutorado, palestras e livros. Revenderá alguns apps para melhor engo(r)dar o
Currículo Lattes.
Os cursos de mestrado vendidos pela Cha$$oft poderão ser adquiridos para pagamentos em 36 meses e os
doutorados em 60 meses, serão certificados pela Universidade do Vale do
Espinilho, Capes 7. Tantos os mestrados como os doutorados serão do tipo ‘aligeirados’
em 18 e 36 meses respectivamente.
Aulas para curso do ensino fundamental custarão
o dobro das aulas do ensino médio e três vezes mais que as de cursos de
graduação. As aulas em cursos de mestrado e doutorado serão gratuitas, pois a Cha$$oft se sentirá gratificada por assim ter possibilidades de
melhorar o seu índice no ranking internacional Geld&Gold. Para os
mestrandos e doutorandos que buscarem na Cha$$oft orientação serão oferecidos vales-brindes que poderão ser
trocados por sessões de supervisão acadêmicas free, pois o número de doutores e
mestres orientados pela nossa empresa
é decisivo para aumentar o índice G&G da Cha$$oft.
Dentro de suas necessidades a Cha$$oft contratará professores que tiverem se convertido de PF em
PJ, garantindo aos mesmos remunerações em função do número de clientes que o
seu CNPJ captar para a nossa empresa. Estas remunerações serão isentas de contribuições
previdenciárias e FGTS, pois a produção será in company, não regidas pela CLT.
Todos recebimentos serão isentos de imposto de renda, pois serão recibados como
prêmios de produtividade.
No próximo ano, no dia 1º de maio, os ex-trabalhadores,
agora todos felizes pejotizados receberão X litros de espumantes e 2X charutos,
sendo X a diferença entre os índices Geld&Gold dos últimos doze meses de
cada neo-empresário pejotizado. Se X for negativo, os pejotizados serão gentilmente
convidados a deixar a empresa recebendo como gratificação de despedida meia
dúzia de charutos e serão reconvertidos a PFs e voltarão ser reles assalariados,
voltando a usar a obsoleta Carteira de
Trabalho e passarão a pagar imposto de renda.
Como sempre Attico, brilhante e incisivo...
ResponderExcluirMeu querido companheiro, teu metafórico (inteligente e bem humorado) texto expressa com profundidade e abrangência a problemática da terceirização! Fico na torcida para que muita gente o leia!
ResponderExcluirQuerido amigo prof. Chassot:
ResponderExcluirAcabei de ler sua "sacação" (releve a palavra malsã) sobre a pejotização, que eu sinceramente não conhecia. Mas tenho acompanhado o pr0jeto da terceirização e estranhei sua informação de que a presidente Dilma é contra o tema. Pelo que sei, tanto ela quanto o PT são a favor, embora tenham feito um lance pra arquibacanda na votação da Câmara, que aprovou o projeto. Mas no senado a Presidente já orientou e articulou8 sua enourage politica para duas coisas: aprovar o projeto, repondo a inclusão das estatais (universidades incusive) no malfadado projeto. Digamos que eu esteja equivocado e seja o contrário, que ela esteja trabalhando para a derrota do projeto. Palmas pra ela. Mas digamos que eu esteja certo: ai é lembrar o Stanislau Ponte Preta com o seu "samba do crioulo doido". Mas voltando à sua blogada, foi perfeita a sua parábola (achei a palavra que eu queria) sobre o tema tão palpitante e controvertido mas tão a gosto dos empresários.
Meu fraterno abraço,
José Carneiro
Mestre, Chassot!
ResponderExcluirTem razão o Professor Carneiro. É uma saborosa parábola para explicar a terceirização. Aprendi a palavra pejotização, ação decorrente do verbo pejotizar. A edição de hoje é muito bem posta na data deste 1º de maio. Excelente contribuição que esclarece posições.
Mestre é ‘o mestre’, como sempre.
michaela
Caro Chassot
ResponderExcluirUma bem criada e ácida crítica aos novos tempos, onde a "Precarização" (Ops! a Terceirização) do Trabalho, inclusive das denominadas ATIVIDADES FIM, quer apagar todos os direitos conquistados à custa de muitos anos de reivindicação. Parabéns pelo texto e pelos exemplos bem confeccionados para exemplificar o que o futuro pode nos reservar com este Projeto de Lei.
Um muito bom Feriadão. JB
Adriana Posso postou no Facebook em 1 de maio às 12:29
ResponderExcluirRecomendo a leitura da blogada deste 1° de maio.
Mestre Attico Chassot como sempre muito espirituoso e preciso. Parabéns!!!
Brilhante como sempre.
ResponderExcluirImagino o que diria Getúlio Vargas sobre tal Projeto de Lei. Deve estar se mexendo em seu túmulo. Viva o CAPITAL, primeiro LUCROS, depois se pensa nas PESSOAS, ou melhor, nos trabalhadores.
Grande abraço.
Caro mestre!
ResponderExcluirSua blogada me fez pensar no documentário The Corporation, que aponta a criação da pessoa jurídica... Vale a pena assistir para pensar nas fronteiras que a pejotização impõe!!! Abraços com saudades!
Caro mestre!
ResponderExcluirSua blogada me fez pensar no documentário The Corporation, que aponta a criação da pessoa jurídica... Vale a pena assistir para pensar nas fronteiras que a pejotização impõe!!! Abraços com saudades!