ANO
9 |
EDIÇÃO
3038
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Ter estado na Polônia, em janeiro e
fevereiro de 2015, foi muito significativo para mim. Copérnico, Chopin, Maria
Sklodowska Curie, João Paulo II... me parecem, agora, mais familiares. Após
retornar, busquei entender mais estes personagens. Marcas maiores colhi-as em
Cracóvia. Mais que a imponente mina de sal, que descrevi aqui, então, foi
Auschwitz que ferreteou meu ser.
Não tenho procurado entender o nazismo.
Isto é surreal. Há, entretanto, uma pergunta que se atravessa a toda hora,
quando penso no que ocorreu no ‘nosso’ século 20: Por que, neste tão ‘fabuloso’ Século 20 ‘os outros’ não
fizeram (quase) nada em favor das vítimas dos campos de extermínios? Essa busca de
resposta tem me ensejado descobertas.
Hoje comparto
um achado que é singular. Antecipo, que narrá-lo aqui, não busca fazer
absolvição e muito menos a condenação de nenhuma pessoa ou instituição.
Explicitamente, não faço aqui a defesa da igreja católica romana. Não sou
historiador, portanto não assumo, nem sequer a posição de narrador de um
período, mesmo que este me toque profundamente.
As encíclicas
papais, que parecem introduzidas na igreja católica romana, por Bento 14 (1749-1758),
são nominadas com as palavras iniciais em latim. Há algumas históricas. Assim,
lembramos exemplos como "Rerum Novarum" ("Das Coisas Novas") do Papa Leão XIII, em 1891, sobre a questão
operária; "Casti Connubii" (“Esposos castos”) do Papa Pio XI, em
1930, sobre a moral conjugal, afirmando que ato conjugal deve sempre
estar aberto à vida e não deve ser frustrado, deliberadamente, o poder de gerar
a vida; "Mediator Dei"
(“Mediador de Deus”) do Papa Pio XII sobre Liturgia; "Humani Generis"
(“Gênero Humano”) do Papa Pio XII sobre alguns erros que ameaçam a fé; “Humanae
Vitae” ("Da vida humana") do Papa Paulo VI, em 1968, acerca do
controle da natalidade; "Laborem Exercens" (“Realizando trabalhos”)
do Papa João Paulo II, sobre o trabalho humano; "Fides et Ratio" (“Fé
e Razão”) do mesmo papa, em 1998, sobre as relações entre fé e razão e “Lumen
Fidei” (“Luz da Fé”) do Papa Francisco.
Só encontrei duas encíclicas que não começam
em latim. Escritas em vernáculo, isto na língua falada (pelos destinatários das
mesmas): uma em italiano “Non abbiamo bisogno” (“Nós Não Precisamos”) de Pio XI, em
1931 sobre o fascismo e outra em alemão “Mit brennender Sorge” (“Com profunda preocupação)” do mesmo Papa, em 1937, sobre o nacional-socialismo e o nazismo. A
explicação para as mesmas serem vernáculo (e não em latim) se deve que uma e
outra foram dirigidas a igrejas particulares da Itália (mais especificamente
contra Mussolini) e da Alemanha (contra Hitler).
É a “Mit brennender Sorge” que merecerá destaque, pois me
pareceu muito significativa. Acerca da mesma nada conhecia. Assim, aqui e
agora, um convite para a conhecermos, na edição de amanhã deste blogue.
Ao final da leitura desta blogada fiquei o fragmento "Por que, neste tão ‘fabuloso’ Século 20 ‘os outros’ não fizeram (quase) nada em favor das vítimas dos campos de extermínios?", penso ser seu problema nesta, não apenas pelo destaque.
ResponderExcluirApenas para problematizar: Há algum tempo, período, fabuloso ou não, a partir da modernidade, em que 'os outros' se importam com as vítimas?
Na expectativa da próxima.