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sábado, 13 de outubro de 2012

13.- DROPES DE LEITURAS NOBÉLICAS.



Ano 7*** WWW.PROFESSORCHASSOT.PRO.BR ***Edição 2264
Sábado imprensado entre feriado e domingo é atípico. Isso determina um falar de leituras diferente. Já contei aqui de uma leitora de Manaus que comprou meus livros e depois me enviou primorosa avaliação crítica.
Pois foi Elvira França que inspirou a manchete e forma destas dicas sabáticas. Apesar do senhor ter falado para mim que o livro das memórias era o último a ser lido, quando do autógrafo dos sete livros que eu comprei em Manaus, não resisti e já comecei a lê-lo, talvez encantada pelo desenho da capa e pelo fato do senhor ter dito que seria uma leitura mais leve. Eu queria conhecer o estilo e posso lhe dizer que ler seu livro é como chupar drops Dulcora na infância. Não sei se o senhor tinha esse drops no Rio Grande do Sul. Era um drops quadradinho de diferentes sabores. Vinha embalado em papel colorido, de acordo com a cor dos drops, e dentro cada um deles era embrulhado em papel celofane. Alguns eram mais gostosos que outros, e então eu sentia aquela expectativa de abrir e fazer uso dos drops até chegar na cor preferida”.
Como ainda estamos na safra dos Prêmios Nobel ofereço como dica sabática de leitura alguns dropes nobélicos.
·      Ontem, às 6 horas, ainda no taxi, deixando a rodoviária, depois de chegar de Frederico Westphalen, conheço a decisão de outorgar o Prêmio Nobel da Paz à União Europeia. Assim como em 2009, ao laurear Obama, nos seus primeiros meses de governo, este ano, uma vez mais, a Paz foi achincalhada. Qual o horizonte da Suécia — que nem faz parte da União Europeia? Dar uma esmolinha à comunidade de nações falidas ou aplaudir aos usuais aliados dos Estados Unidos que disseminam guerras pelo Planeta.
·      Vale recordar que Prêmio Nobel foi instituído por Alfred Nobel (1833-1896), químico sueco, em seu testamento. Milionário por sua descoberta da dinamite, Alfred vinha de uma família de grandes cientistas que ganharam e perderam fortunas em vida por suas patentes, especialmente de explosivos. Ao falecer, seu irmão Ludwig foi confundido pelos jornalistas com Alfred. Assim, Alfred teve a estranha experiência de ler seu próprio obituário, que alardeava a morte de um ganancioso cientista que fizera fortunas com uma invenção que promoveu a guerra e a morte de centenas de pessoas. Alguns biógrafos justificam a natureza do testamento de Alfred Nobel por esse episódio. Acredita-se que, ao deparar-se com o que pensavam de sua vida e trabalho, Alfred tomou uma atitude, reproduzida em testamento, para que este tipo de obituário não pudesse ser escrito novamente.
·      Para quem quiser conhecer mais sobre os bastidores que envolvem o processo de escolha dos laureados nas diferentes categorias, inclusive com as injunções políticas, vale recomendar o excelente romance O prêmio de Irwing Wallace, com 844 páginas, escrito em 1962. Há uma edição em língua portuguesa do Círculo do Livro, S.A. de São Paulo. Há uma edição da Record de 783 p. Mesmo sendo uma obra de ficção traz uma muito boa pesquisa acerca do tema. Foi dos melhores romances que li. Bons tempos que se lia romances desta espessura.
·      O meu livro A ciência através dos tempos é um livro que tem quase 20 anos — sua primeira edição é de 1994 —, com várias revisões e reedição e duas diferentes formatações. Ele se constitui em um dos primeiros textos de História da Ciência em língua portuguesa em um só volume e pode ajudar a entender algo de Prêmios Nobel. Há pelo menos uma singularidade que me apraz registrar: este livro tem sido texto usado nas séries finais do ensino fundamental, no ensino médio, em cursos de graduação (licenciaturas, Direito, Economia...) e em mestrados e doutorados.
·      Já que estou fertilizando meus cultivares, como minha blogada de ontem poderia inferir uma torcida para retificação de minha tese, permito-me destacar aqui um livro muito feminista:        A Ciência é masculina? É sim, senhora! Partindo do princípio de que não somos assim por acaso, são analisadas três vertentes que nos constituíram como humanos no mundo ocidental: a grega, a judaica e a cristã. A análise das (des)contribuições destas três raízes nos fizeram uma sociedade machista, na qual a Ciência não faz exceção. Ao se destacar a presença de algumas mulheres cientistas – Hipátia, Marie Curie, Margareth Mead – se traz duas hipótese para possível superação do machismo na Ciência: uma histórica e outra biológica.

3 comentários:

  1. Faço do meu comentário uma justa apologia a literatura de Attico Chassot.É uma leitura envolvente que agrada aos mais ecléticos gostos. De fácil compreensão sem deixar de conter um rico vocabulário. Altamente didática, porém fugindo aquele estereótipo cansativo e maçante de algumas obras educativas. Em seus blogs diários faço de minha primeira refeição um autêntico "café cultural" com direito a salutares debates com meus filhos.

    abraços

    Antonio Jorge

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  2. Salve estimado Antônio Jorge!
    Saber-me lido de uma maneira tão reverente nos dejejuns familiares na linda Niterói me faz não cair na tentação — que as vezes atravessa — de suspender as blogadas diárias.
    Emocionados afagos a ti e aos teus

    attico chassot

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  3. Limerique

    A Academia de Ciências controla
    A que cientista dará uma esmola
    Mas com mente aberta
    Ela nem sempre acerta
    Parece que este ano pisou na bola.

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