ANO
10 |
Ainda em Budapeste / Hungria
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EDIÇÃO
3131
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Nas três últimas
postagens (sexta, segunda e quarta // 22, 25 e 27) trouxe relatos dos meus
primeiros sete dias em Budapest; hoje posto a edição de despedida, contando
acerca da última quarta e quinta. Nesta sexta é dia de nos despedirmos de
Budapest, que nos encantou nos últimos nove dias.
A despedida a uma
cidade ou a um país sempre tem seus matizes. Há situações que sabemos, até por
limitações etárias, que nunca mais voltaremos. Há outras que muito desejaríamos
voltar. Sei que é muito provável que não mais voltarei a Saint Petersburgo ou a
Bucareste. Entretanto gostaria de voltar à Jerusalém e também a Budapeste, que
deixo hoje.
Hoje, em tese,
começamos a voltar à Porto Alegre, mas antes há previsto um gostoso hiato neste
longo retorno. Vamos, nesta tarde de sexta, à Paris e volta só será reiniciada
na manhã de quarta para fazer Paris/Guarulhos/Porto Alegre, onde deveremos
chegar ao ocaso do dia 3 de fevereiro. Mas, de maneira antecipada pautara para
hoje contar acerca da quarta e da quinta e, ainda algo desta manhã.
A quarta-feira
tem um nome maior: Victor Vasarely. Pela
manhã fomos pela primeira vez a Obuda (a terceira cidade que conurbada com
Peste e Buda formam Budapeste). Atravessamos de tram a ponte sobre a ilha Margarida para visitar o Museu de Belas
Artes Vasarely, formado por cerca de 70 obras do autor.
Ajudado pela
Wikipédia queria trazer algo do muito que aprendi na preparação, na visita ao
museu e depois em conversas com a Gelsa. Devo dizer que para mim foi uma muito
grata revelação de algo que desconhecia. Ao final desta edição há uma breve
resenha sobre o franco-húngaro criador da arte óptica ou da arte em movimento.
A quinta-feira,
que teve um sabor de despedida num dia de sol excepcional, que nem parecia
inverno, tem um ícone para referir aqui: o Parlamento húngaro em Budapeste.
O Parlamento Húngaro (Országház) abriu
suas portas em 1902 e na época era considerado um dos maiores parlamentos do
mundo, sendo superado apenas pelo Parlamento Britânico, que foi a principal
inspiração para a sua construção. De estilo neogótico, é considerado um dos
principais símbolos da cidade, juntamente com o Palácio Real. O edifício está
localizado em Peste, junto à praça Kossuth Lajos, à margem do Rio Danúbio. O
edifício fica sobre a superfície de 18.000 metros quadrados tem 700 salas e
gabinetes, 27 entradas, nos seus 2 lados simétricos erguem-se a Câmara Alta e a
Câmara Baixa, hoje é o lugar da assembleia nacional com 386 deputados.
O edifício
ostenta muita riqueza, com dezenas de objetos e detalhes em ouro, pisos e
paredes cobertas de mármore, colunas de granito e diversas pinturas e obras de
arte. Na entrada principal há dois grandes leões esculpidos, e na escadaria
principal há três belos afrescos no teto.
As joias do coroa
— a coroa que se acredita ter sido usada por São Estevão, que foi rei no começo
do segundo milênio e o Cetro real — são mantidas no parlamento, devidamente
vigiadas por membros da guarda real. Elas são mantidas no salão central,
considerado o coração do edifício. Este salão é atualmente utilizado para
cerimônias oficiais e um dos principais destaques deste salão é sua grandiosa
cúpula. Ela é sustentada por 16 pilares, sendo que em cada pilar há a estátua e
um brasão de armas homenageando 16 antigos reis da Hungria, dentre estes há
apenas uma mulher: Maria Teresa, rainha, quando do império austro-húngaro. Sua
altura é de 96 metros, homenageando o ano de fundação da Hungria (896), e é a
mesma altura do domo encontrado na Basílica de São Estevão.
Estima-se que
estiveram cerca de mil pessoas envolvidas nos trabalhos, em cujos alicerces se
estimam 40 milhões de tijolos, meio milhão de pedras preciosas e 40 kg de ouro.
A sexta-feira,
que só teve a parte da manhã em Budapeste, foi curta para despedir a cidade que
nos encantou nestes nove dias. É provável que tenhamos uma postagem de Paris, para
despedir esta viagem.
Victor Vasarely, nascido em Hungria,
(Pécs, 9 de abril de 1908 — Paris, 15 de março de 1997) foi um pintor e
escultor húngaro radicado na França considerado o "pai da OP ART"
(abreviatura de Optical Art).
Depois de iniciar estudos de medicina,
começou a estudar arte em Budapeste, onde se familiarizou com o movimento
Bauhaus e com os trabalhos de Paul Klee, Wassily Kandinsky e Josef Albers. A
influência destes teve um impacto tal na sua obra, que se poderá afir
mar que,
nela, tenta resumir os princípios dos pioneiros da Bauhaus, segundo a qual, o
movimento não depende, nem da obra de arte em si mesma, nem do tema específico
que se pretende ver retratado, mas antes da
apreensão do ato de olhar, que por si só é considerado o único criador.
Em 1930, foi viver em Paris, onde
trabalhou como designer gráfico em várias empresas de publicidade. Depois de um
período de expressão figurativa, decidiu optar por uma arte construtivista e
geométrica, tendo-se dedicado nos 13 anos seguintes ao aprofundamento de
conhecimentos gráficos. O seu fascínio por padrões lineares levou-o a desenhar
diversos motivos através da utilização de grelhas lineares bicolores (pretas e
brancas) e das deformações ondulantes, onde a sensação de profundidade e a
multidimensionalidade dos objetos foram sempre uma preocupação constante.
Posteriormente, a introdução da cor
nos seus trabalhos vai permitir ainda um maior dinamismo, através do qual
pretendeu retratar o universo inatingível das galáxias, a gigante pulsação
cósmica e a mutação biológica das células. Os seus trabalhos são então
essencialmente geométricos, policromáticos, multidimensionais, totalmente
abstratos e intimamente ligados às ciências.
É, no entanto, o período entre 1950-60
(período Black and White) que marca definitivamente o trabalho de Vasarely, uma
vez que ao introduzir pela primeira vez a sugestão de movimento sem existir
movimento real, cria uma nova relação entre artista e espectador (que deixa de
ser um elemento passivo para passar a interpretar livremente a imagem em
quantos cenários visuais conseguir conceber), desenvolvendo e definindo os
elementos básicos do que será conhecido como Op Art — um estilo e técnica que
permanecerá para sempre ligado ao seu nome.
Experimentou o uso de transparências e
cores em projeções, produziu tapeçarias e publicou suas primeiras gravuras.
Seus quadros combinam variações de círculos, quadrados e triângulos, por vezes
com gradações de cores puras, para criar imagens abstratas e ondulantes. Viajou
por muitos países, sempre recebendo vários troféus.
Mestre Chassot!
ResponderExcluirObrigado pelo privilégio por nos fazer partícipes de suas viagens. Continue nos contando suas sagas de um viajor atento.
Laurus Loureiro Lima