ANO
10 |
EDIÇÃO
3121
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Hoje é o DIA DO LEITOR. Confraternizamos dom aqueles e aqueles que
tem nos livros referência na construção de estilo de vida. Mas ler nem sempre é
uma tarefa fácil. No Brasil, cerca de 25 milhões de pessoas (algo como as populações
da Bélgica e da Holanda somadas) em idade possível de leitura (acima de 5 anos)
ainda são analfabetos. Isto é ainda um desafio a vencermos.
Esta blogada, que
celebra o dia do leitor, se tece na esteira daquela da última terça-feira
(05/01/2016) quando falava dos dulçores de nestes dias abandonar por algumas
horas o computador e fruir livros em suporte papel.
No feriadão de ano novo resolvi pausar Uma Casa – Uma breve história da vida
doméstica o Bill Bryson. Já venci mais de 40% tendo já voltado a ele com
sofreguidão. Ocorre que comecei a implicar
com o autor. Isso não é algo tão exótico na maioria das interlocuções.
Bill Bryson, por escrever um livro a cerca da ‘história de quase tudo’, em alguns
momentos parece muito arrogante. Afilio-me no caso a teoria gélsica que afirma
sempre que ‘quem muito abraça, pouco
aperta’. Talvez, ate concorde com aqueles que em comentários presentes na
rede o detestam como
algo superficial. Há leitores que afirmam que ele possa ser eivado de erros.
Isso sempre é mais provável, quando se aborda muitos assuntos. Assim, em Uma casa: uma breve história da vida
doméstica, ele aborda tantos assuntos, às vezes com detalhes
incríveis (v.g. nos mercados os vendedores passavam as cerejas em suas bocas
desdentadas e sujas para dar mais brilho aos frutos) que parece, às vezes,
chute. Dizia, que a quantidade de informação (e, também, ser um calhamaço)
cansa a leitura.
Por essas e outras comecei a ler no último dia do
ano:
McEWAN Ian. A balada de Adam Henri. [Titulo
original: The Children Act, tradução de Jorio Dauster] São Paulo: Companhia das
Letras, 196p, 2014, ISBN 978-85- 359-2513-5.
Para mim Ian
McEwan, um escritor britânico nascido em 1948, era um desconhecido até
quinta-feira (31/12). Ele é apresentado pela Companhia das Letras como um dos
autores de língua inglesa mais importante na atualidade, que em quarenta anos
de carreira, compôs marcos da literatura contemporânea.
Há informações de que nos últimos anos, o traço
decisivo de sua literatura tem sido a defesa da racionalidade científica contra
os fundamentalismos religiosos, assim podes ver o quanto sua obra nos deve
atingir. É esse o embate que está no cerne de A balada de Adam Henry.
A personagem central é Fiona Maye, uma juíza do
Tribunal Superior especialista em Direito da Família. Ela é conhecida pela
“imparcialidade divina e inteligência diabólica”, na definição de um colega de
magistratura. Mas seu sucesso profissional esconde fracassos na vida privada.
Prestes a completar sessenta anos, ela ainda se arrepende de não ter tido
filhos e vê seu casamento desmoronar.
Assim que seu marido faz as malas e sai de casa,
Fiona tem de lidar com o caso de um garoto de dezessete anos chamado Adam
Henry. Ele sofre de leucemia e depende de uma transfusão de sangue para
sobreviver. Seus familiares, contudo, são Testemunhas de Jeová e resistem ao
procedimento.
O dilema não se resume à decisão judicial. Como nos
demais casos que julga, Fiona argumenta com brilho em favor do racionalismo e
repele os arroubos do fervor religioso. Mas Adam se insinua de modo inesperado
na vida da juíza. Revela-se um garoto culto e sensível e lhe dedica um poema
incisivo: “A balada de Adam Henry”. A
Companhia das Letras tem uma dezena de livros de Ian McEwan.
A chamada literatura envolvendo tribunais nunca me
empolgou muito, mas aqui, talvez, pelo veio religioso anti-fundamentalista o
livro me seduziu e o saboreei com prazer e apraz-me recomendar, mesmo que
depois de um ápice palpitante e comovente, no final se torne um pouco chocho.
Penso que a abordagem sobre o Racionalismo científico com a temática da Religião, mais especificamente a respeito do fundamentalismo religioso, é instigatório. Vale a leitura. Grato pelas sugestões de leitura. No momento sinto-me envolto com o "Discurso da Servidão Voluntária" de Etienne La Boétie. Obra de 1982. Originalmente do Século XVI. Um texto fundamental para a compreensão da crítica social. Não é sugestão, mas exercício de leitura para a Arte da Escrita. Grande abraço, Mestre!!!
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