ANO
10 |
EDIÇÃO
3120
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Talvez, uma das mais significativas rotinas destes
dias, para mim seja estar, de vez em vez, por alguns pares de horas distante do
computador. Poder escapulir deste feitor e deleitar-nos com um livro suporte
papel (um real-book, como sugere Guy Barcellos) é algo prazeroso. Isso hoje já
figura como algo quase exótico. Os livros de não ficção passam apenas por
nossas mãos rapidamente, para pescar uma ideia, buscar uma citação ou fazer uma
referência. Os de ficção se afiguram estar no index. Lê-los parece que se
traduz em algo ocioso. Tenho saudades de quando eu era um devorador de livro.
Houve tempos, não tão distantes, quando em rodas de
amigos se comentava os livros que se estava lendo. Quem ainda faz isso hoje?
Nestes dias tenho lido bastante. Penso que como eu, muita
gente mais, lemos ene livros ao mesmo tempo. Comecei no dia de natal a ler um
livro primoroso. Ganhara do Jairo Brasil (meu ex-orientando de mestrado) no meu
aniversário.
BRYSON, Bill. Uma casa: uma breve história da vida
doméstica’ [Título Original: At Home: A Short History of Private Life;
Tradução de Isa Maria Lando]. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, 536 p.
ISBN: 978-85-359-1947-9]
Bill Bryson é escritor e jornalista estadunidense,
autor de sucessos da literatura de divulgação científica como Uma Breve história de quase tudo, Notas sobre um país grande e Crônicas de uma pequena ilha. Devo dizer
que não li nenhum destes três citados; encontro-os referidos em comentários.
Em Casa – Uma [não
tão] breve história da vida doméstica
o autor nos conduz por um passeio através dos cômodos da casa desde a mais remota
antiguidade. O livro é estruturado de acordo com os cômodos da casa do autor, construída
em 1850, no qual ele traça uma narrativa não linear através dos últimos
séculos, dos objetos importantes para cada cômodo, assim como, as pessoas que
estão por trás destas invenções tão importantes. Conhecer especialmente a
Inglaterra vitoriana (1837-1901) é muito rico.
Aprendemos um pouco sobre tudo, o comércio de sal e
açúcar. As informações acerca da construção do maior prédio de vidro do mundo
para uma exposição no Reino Unido, em 1850 é algo muito singular. Aprende-se
acerca das espécies de morcego dos Estados Unidos e sobre o transporte de gelo
entre os continentes. Por que usamos camas para dormir? ... talheres para
comer? ... gavetas para guardar objetos? Em dezenas de histórias incríveis.
Uma das ‘brigas’ que tenho com meus alunos é acerca
do quanto eles não conhecem a história de seu passado próximo (v.g. que foram
seus avós? Aonde nasceram? Quais suas profissões e suas escolarizações? Quais
suas línguas maternas?) Este livro é um contraexemplo nas posturas corrente
entre meus alunos. Exceção seja feita aqueles da Universidade do Adulto Maior.
A narrativa funciona como uma conversa fluida com
alguém muito sábio (ou seria um sabe-tudo?), mas a extensão da obra, devido a
grande quantidade de informações, torna-a um livro pesado que não se pode levar
em viagem e mesmo em casa é um calhamaço um tanto desconfortável à leitura. Mas
vale a pena aventurar-se nas histórias de Bill Bryson que é capaz de escrever
(pretensiosamente) acerca da história de quase tudo. Não sei se entre meus
leitores há aqueles que são ligados a (história da) Engenharia ou da Arquitetura.
Se houver, estes fruirão ainda mais.
Meu Caro Chassot. Também me fiz curioso com a obra, principalmente por teu relato instigador na edição desta semana. Abraço JB
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