ANO
10 |
EDIÇÃO
3117
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No último domingo, neste ciclo de festas, comentei acerca de pelo
menos dois presentes muito originais com os quais fui aquinhoado. Um, sementes
de baobá; outro sabão de Alepo. Acerca do primeiro publiquei algo na edição do
dia 27/12/2015. Hoje falo do segundo.
Faço um comentário preambular. Dar sabonetes como presente é algo de bom tom e bastante usual. Que o
digam as perfumarias, que se esmeram em embalagens para fazer de seus produtos
objetos de sedução. Todavia, não parece ser algo que seja referido na etiqueta
social dar sabão. Na verdade o sabonete nada mais é que um sabão com alguns aditivos para conferir
odores, cores, consistências etc. Aliás, em muitos idiomas, não há a distinção que
fazemos em português:
Português
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Sabão
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Sabonete
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Inglês
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Soap
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Soap
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Espanhol
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Jabón
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Jabón (de tocador)
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Francês
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Savon
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Savon du toalete
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Alemão
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Seife
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Seife
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Italiano
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Sapone
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Sapone
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Latim
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Saponem
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Saponem
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Tão logo recebi uma barra de 200g de sabão de Alepo (35% de óleo
de bagas de louro e 65% de óleo de oliva) [na foto, onde coloquei junto uma fração para dar melhor
informação aos leitores] acerca do qual sabia muito pouco, compartilhei
a novidade com meu colega Paulo César Pinheiro, da Universidade Federal de São
João del Rei, que tem um extenso trabalho relacionado com o fabrico de sabões
envolvendo conhecimentos primevos [vale ver: www.campusvirtual.ufsj.edu.br/mooc/ ciencianacomunidade/os-saberes-e-suas-linguagens/]
Na comunidade brasileira de Educação Química o Paulo César é nosso doutor em
sabões dos mais respeitados.
Depois deste preâmbulo algo sobre o meu original presente:
Sabão
de Alepo é elaborado desde a Antiguidade, representa vários milhares de
anos de cultura e de história, com o modo de fabrico originário da cidade de
Alepo, na Síria, ainda sendo fabricado na atualidade.
O sabão de Alepo está na origem da totalidade dos sabões duros atuais.
É elaborado exclusivamente com matérias primas natural. Azeitona e louro são
utilizados para o seu fabrico, acrescentando perfume.
Alepo é um importante centro comercial e industrial conhecido
pelos seus souks (= mercados) cobertos, contendo numerosas lojas e mesquitas dos
séculos 16 e 17 na sua famosa cidadela que domina a cidade. Uma das principais
indústrias é a saboaria.
Os primeiros sabões duros foram fabricados no noroeste da atual
Síria. Estes sabões, como os que existem em Alepo, foram introduzidos
provavelmente na Europa pelos cruzados, que os trouxeram para o Ocidente. Assim, o sabão foi disseminado na bacia mediterrânica, chegando à cidade de Marselha,
cujo sabão (sabão de Marselha) é originário do sabão de Alepo. As primeiras
saboarias na Europa começam a partir do século 10º, na Espanha (Alicante) e na
Itália (Nápoles, Génova, Bolonha, Veneza).
O sabão de Alepo é fabricado de acordo com um método artesanal.
Esta tradição secular é perpetuada até aos nossos dias, geração após geração,
pelos mestres saboeiros de Alepo.
Alepo (em árabe: حلب, transl. ˈħalab; em turco
Halep) é uma cidade no
norte da Síria, a segunda
maior cidade do país, capital da província homônima. Alepo é uma das cidades
mais antigas do mundo, tendo sido habitada desde o século 11 a.C., o que é
evidenciado pelos edifícios residenciais descobertos em Tell Qaramel. Ocupa uma
posição comercial estratégica entre o mar Mediterrâneo e o rio Eufrates.
Por séculos Alepo foi a maior cidade da Grande Síria, e a
terceira do Império Otomano, depois apenas de Constantinopla e do Cairo. Embora
esteja relativamente perto de Damasco em termos de distância, Alepo é diferente
em sua identidade, arquitetura e cultura, todas marcadas por um contexto
histórico-geográfico distinto.
A importância da cidade na história consistiu de sua
localização, no fim da Rota da Seda asiática que cruzava a Ásia Central e a
Mesopotâmia. Quando o canal de Suez foi inaugurado em 1869, o comércio passou a
ser realizado pelo mar e Alepo começou seu declínio gradual. Paradoxalmente,
este declínio pode ter ajudado a preservar a antiga cidade de Alepo, sua
arquitetura medieval e seu patrimônio tradicional. Alepo tem passado por um
renascimento e vem voltando lentamente a uma posição de destaque, tendo
conquistado recentemente o título de "Capital Islâmica da Cultura" em
2006 e testemunhado uma onda de restaurações bem-sucedidas de seus monumentos.
Aleppo tem sido abalada por intensos combates entre rebeldes e
forças do regime já há mais de três anos. Tornou-se o ponto focal do conflito,
tornando o fabrico e as entregas do sabão extremamente difícil.
Entre outras coisas que fascinam no Mestre Chassot é a maneira peculiar de fazer ciência com o auxílio da história ...É agregar sentido em tudo o que se fala e se faz.
ResponderExcluirMestre,
ResponderExcluirhá alguns que ganham sementes de baobá ou sabões e fruem seus presentes. O senhor não apenas estuda sobre os mesmos e os dissemina, no caso do boabá no sentido pleno da palavra, colocar sementes.
Com continuada admiração,
L L L
eita! só tu mesmo, chê!
ResponderExcluirmuito interessante a história do sabão de alepo. Será que usavam carbonato de sódio em sua preparação? provavelmente...
um ótimo ano pra vc, meu querido.
P
Mestre muito estimado,
ResponderExcluirexcepcional isso de ser rigorosamente no português ter essa diferença entre sabão e sabonete. Nunca me tinha dado conta disso.
E o sabão de Alepo é muito especial?
Feliz ano de 2016, meu sempre professor querido
michaela