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sábado, 19 de dezembro de 2015

19- ESPERANDO POR BAQUAQUA


ANO
 10
LIVRARIA VIRTUAL em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 3114

Há alguns dias estou sendo alertado, em diferentes sítios (v.g. caderno dominical PrOA de Zero Hora), para um livro previsto para o ano novo que já se faz presentes em nossos planos. Junto-me àqueles que aguardam o livro autobiográfico escrito por Baquaqua. Tem sido anunciado como o único registro realizado por um escravo. Está previsto sair pela Editora Civilização Brasileira, no primeiro semestre de 2016. 
Esta edição sabatina (lembrando tempos que neste blogue aos sábados se publicava dicas de leituras) se faz com uma apresentação por Bruno Véras e Paul Lovejoy trazida da página  www.baquaqua.com.br
Ele nasceu livre. Mahommah Gardo Baquaqua, como muitos outros africanos escravizados nas Américas, teve uma cidade natal, uma família e em alguma parte de sua juventude sofreu com a violência da guerra. Ele foi escravizado e exportado através do porto de escravos mais importante na África Ocidental, o porto de Uidá (Whydah) no reino de Dahomey. Foi então enviado para o Brasil em um tumbeiro (navio negreiro) e descarregado em uma praia no norte de Pernambuco em 1845. Naquela época, o comércio transatlântico de escravos já era proibido no Brasil. Logo, por lei, sua condição de escravo já seria ilegal.
Baquaqua foi primeiro escravo de um padeiro em Pernambuco. Depois de tentar tirar sua própria vida ele foi vendido para um capitão de navio no Rio de Janeiro, com o qual viajou ao longo da costa brasileira, especialmente ao Rio Grande do Sul. Durante uma viagem a Nova York em 1847, ele foi capaz de escapar da escravidão, morando posteriormente dois anos no Haiti durante uma época de turbulência política. Sob a proteção da American Baptist Free Mission Society ele voltou para os Estados Unidos da América no final de 1849 para se inscrever no New York Central College em McGrawville, onde estudou entre 1850-53.
Como membro de uma família muçulmana na África, Baquaqua aprendeu a escrever em árabe e ajami. No Brasil ele aprendeu português, assim como um pouco de francês e créole haitiano durante os dois anos que passou no Haiti. Em Nova York ele aprendeu inglês o suficiente para ler e escrever cartas, quando em 1854 publicou sua autobiografia em Detroit com a ajuda de seu editor Samuel Moore.
No período em que escreveu sua biografia, Baquaqua estava morando em Chatham, Canada West (Ontário) que na época era um dos principais terminais da Underground Railroad dos EUA. No início de 1855, seis meses após a publicação de “An Interesting Narrative. Biography of Mahommah G. Baquaqua”, ele se mudou para a Grã-Bretanha onde permaneceu até pelo menos 1857. Nós não sabemos o que aconteceu com Baquaqua depois daquele ano. Em algumas cartas ele havia revelado seus planos de voltar à África. Sua volta para Lagos ou o delta do Níger parece possível.
O relato das memórias de M. G. Baquaqua é particularmente importante como fonte para entender a diáspora africana nas Américas e, especialmente, o Brasil onde é um das poucas de tais narrativas. Tal como outros escritos biográficos, este relato permite a seus leitores ver o indivíduo para além do escravizado e do contexto da escravidão, possibilitando assim a construção de empatias e identificações pessoais.

4 comentários:

  1. Mestre Chassot
    Agora tambem estou curioso pela obra de Baquaqua. JB

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  2. Meu caro Jairo,
    acredito que mesmo tu um historiador sabes muito pouco, como eu, acerca de como viviam aqueles que os brancos fizeram escravos tendo como definidor da situação a cor da pele.
    Somos, assim, os dois expectantes da história de Baquaqua.

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  3. Entrei nesta fila agora.
    Tavinho

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  4. Querido Chassot,
    presto muita atenção nas suas dicas de leitura. Agradeço pela anterior do último livro de Olivier Sacks. Vou anotar esse também! Boas Festas!

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