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quinta-feira, 13 de junho de 2013

13.- MONSTRINHOS & MONSTRÕES

ANO
7
www.professorchassot.pro.br com uma livraria virtual
EDIÇÃO
2483

Há um mês tomei aqui uma decisão que me envolveu, e também, a alguns leitores mais fiéis. O blogue, em 13 de maio, transmutou-se de diário para hebdomadário. Esta palavra exótica pode ser substituída, no buscar de um texto mais exotérico, por semanário ou semanal.
Esta decisão, envolve, como já contei aqui, crises (nem tão agudas) de abstinências. Todavia, determina também uma situação paradoxal. Parece mais difícil garimpar um tema para uma edição semanal, do que a cada dia ter um assunto diferente. Isto, talvez por exigências do refinar do ofício. Mas, eis-me, ante nova blogada.
Cheguei a pensar em fazer uma crítica à nova campanha de grupo de comunicação hegemônico no Sul onde a Bruxa, a Mula Sem Cabeça, o Bicho-Papão, o Diabo e o Boi da Cara Preta formam um time de personagens que trazem proposta de, segundo a empresa, “estimular o debate e dar visibilidade a soluções que elevem a qualidade da Educação Básica no país, em especial no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina”. 
Salvo que esteja fazendo leitura equivocada e/ou precipitada a RBS julga a catarinenses e gaúchos néscios. 
As peças publicitárias para rádio são imbecis. Aquelas para televisão podem ter beleza plástica que despertem a atenção das crianças, mas duvido que estimulem pais a colaborar para que seus filhos ‘não matem aulas’. Uma peça para jornal se pode ver na foto, publicada ontem, onde há crianças felizes com as camisetas que ganharam.
Não tenho, todavia a bravura de Dom Quixote para assestar minhas lanças contra esse gigante que domina as comunicações nestas paragens. Há outro assunto. Deixo os monstrinhos e falo de monstrões.
Lamentavelmente, nesses dias juninos há algo que estarrece. O Rio Grande do Sul tem sido açodado por trágicos crimes passionais, E, como parece natural, nestas tragédias de alcovas as mulheres são as vítimas em maior número dos casos. Este milenar machismo é algo dolorosamente revoltante.
Se agora — no apregoado culto século 21 — ainda grassa a barbárie, não é difícil imaginar o quanto mulheres já foram vítimas em tempos mais remotos.
Por exemplo, há historiadores que referem o Direito da Primeira Noite (Latim: jus primae noctis): uma alegada instituição que teria vigorado na Idade Média, permitindo ao Senhor Feudal, no âmbito de seus domínios, desvirginar uma noiva na sua noite de núpcias. Mesmo que nenhum documento medievo comprove existência real de tal direito, pode-se admitir tal hipótese.
«O direito do Senhor», por Vasily Polenov. Pintura que mostra um pobre ancião entregando suas jovens filhas ao despótico Senhor feudal. Fonte: Wikipédia.
Na Europa, existiu em certos lugares um direito feudal que obrigava o noivo a pagar algumas moedas ao seu senhor, quando a noiva era oriunda de outro feudo, o que deixou pensar a alguns autores do século 18 e 19 que poderia ter existido algum direito da primeira noite.
No Brasil Colonial, há referências que os ‘coronéis’ avocassem a si estas primícias. Os abusos próprios da escravatura deixam imaginar que semelhante direito poderia ter existido, sendo usado pelos Senhores de Engenho e pelos grandes proprietários de terras, ainda que de uma forma "oficiosa". Aliás, na maioria dos casos, o senhor não esperava pela boda. Tratava-se então de um abuso, não de um direito.
Realmente os machões são mais perigosos que os monstrinhos que ‘devem melhorar a educação sulina’. Se pelo menos ‘paparem’ a formação de monstrões...

9 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Limerique

    Minha infância de bichos papões
    Tão divertida sem muitos senões
    Não tem mais sentido
    Bichos substituídos
    Por seres outros que são monstrões.

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  3. Mestre Chassot: Isso é uma vergonha,a violência contra a mulher é uma coisa que já extrapolou qualquer limite,chego a conclusão que não devemos esperar mais nada de nossas leis é uma insegurança generalizada por força de um Código Penal ultrapassado.Como dizia Tim Maia vale tudo. Um abraço Ley.

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  4. A não violência seria o que nos diferencia dos animais irracionais. Um animal reage por instinto com ferocidade a qualquer eventual ataque, o homem como ser racional deve usar a dialética como ferramenta para seus anseios. Infelizmente a vida prática não se demosntra dessa forma, lembro aqui do início da obra "Assim falava Zaratustra" de Nietzsche: "O mundo tem uma pele, essa pele tem doenças, uma dessas doenças é o homem..."

    Abraços

    Antonio Jorge

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  5. Been researching this subject for the last few hours and I've gone through quite a large amount of comparable short articles to this, but this the one that helped me understand. Nice and concise, cheers.

    my web-site ... recipe dog biscuits

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  6. Ave Chassot,

    passada a azáfama de final de semestre (somada à entrega do livro à editora) faço-me presente no blogue.
    Revoltei-me com mais uma campanha imbecilizante e pobre do Grupo... Realmente é de uma pretensão atroz achar que bonecos de monstros e animações gráficas serão um catalisador de mudanças. Quisessem ser mais efetivos (o que duvido ser o real interesse) poderiam denunciar absurdos ocorrentes em escolas e engajar-se na luta pelo piso, prometido e não cumprido (ainda) pelo governo. O que me entristece é ver que, aparentemente, não passa de uma tentativa, como várias outras, de pegar carona na miseranda condição da educação para, aos olhos da população desprevenida, fazer seu papel social. Enfim, se a sociedade gaúcha apóia não há o que se fazer.

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    1. Meu caro Guy, bravo!
      Vibro com a entrega do livro a editora. Aguardemos o dar a lume.
      Cada vez que ouço a campanha da RBS me pergunto se os imbecis são eles ou nós que ainda os ouvimos.
      Com alegria
      attico chassot

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  7. Em tempo: O "jus primae noctis" é abordado na ópera dapontiana de Mozart "Le Nozze de Figaro". O quid pro quo de toda ópera gira em torno da tentativa do conde Almaviva deflorar a pura Suzana, noiva de seu súdito, e melhor amigo, o barbeiro (de Sevilha) Fígaro.
    Lorenzo da Ponte transpôs para versos o (segundo) drama (da trilogia) de Beaumarchais, dramaturgo francês que satirizava a aristocracia e outros hábitos absurdos da França do século XVII, ninguém menos que Wolfgang Amadeus musicou... A ópera é um portento, na pretensão de ser buffa é uma profunda reflexão sobre a condição humana. É mais dramática que qualquer tragédia grega. Beaumarchais também agradou Rossini, que musicou a primeira história da trilogia "Il Barbiere di Seviglia", no início do oitocento... Também é espetacular, um marco da ópera romântica.
    Abraços saudosos,
    Guy.

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    1. Caríssimo Guy, o polímata,
      muito grato por enriqueceres com tua refontização o meu escrito acerca ‘Jus primae noctis’.
      Deste outra dimensão ao meu blogar,
      attico chassot

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