ANO
7
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CAMPO MOURÃO
- PR
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EDIÇÃO
2485
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Abro a edição de hoje referindo que na
segunda-feira houve uma edição extra: o
hiperneurotismo estadunidense que determina violações à privacidade não de
apenas seus cidadãos, mas de qualquer pessoa que use determinados serviços
disponíveis na internet.
Fui questionado se na edição de hoje apresentaria uma
análise do histórico dia 17 de junho,
quando cerca de 250 mil pessoas, em mais de 25 cidades brasileiras, foram as
ruas protestar. Por ora abstenho-me disso, pois para mim paira uma grande
interrogação: ¿como, sem uma explicita liderança, os manifestantes se organizam e agem de maneira tão orquestrada?
Claro — há uma pergunta maior — ¿por quê
os protestos? Confesso que estas questões, por ora, intrigam-me muito. Não
as soube responder quamdo questionado por meus alunos nesta terça-feira. Quem
desejar conhecer mais perguntas pode ler http://internacional.elpais.com/internacional/2013/06/17/actualidad/1371432413_199966.html. El Pais, de Madrid, amealha mais algumas interrogações.
Há todavia, uma convicção: não há como ignorar este
movimento
cívico. Há lições que não podem ser ignoradas, como, neste dia 17, a
tomada simbólico da tomada simbólica do Congresso Naciobal.
Nesta quinta-feira, dia da edição
semanal deste blogue, me encontro em Campo Mourão, no estado do Paraná, entre
Cascavel e Maringá. Aqui cheguei, ontem pela manhã, em uma viagem em três
etapas: dois voos Porto Alegre / Curitiba / Maringá. Desta cidade viajei por
terra (cerca de uma hora) ao meu destino. Uma viagem aparentemente pequena —
não deixei a Região Sul, mas saí de casa às 04h30min para chegar ao hotel 5
horas depois.
É minha primeira vez nesta cidade que
tem cerca de 90 mil habitantes. O município é predominantemente agrícola,
explicou-me o Otavio, da Universidade Técnica Federal do Paraná, que com competência
e sabedoria, trouxe-me, sob chuva, desde Maringá. O plantio de soja e milho determina
a principal produção, sendo sede da maior cooperativa do Brasil e a terceira
maior do mundo — a Coamo e outras empresas de grande porte.
Fiz uma palestra, ontem à noite, num
encontro de cerca 150 docentes e discentes do PIBID de Química do Paraná na
UTFPR. Não é trivial se trazer propostas indisciplinares, quando o encontro é
marcadamente disciplinar.
Duas observações minhas antecederam a palestra
que teve muita tietagem com fotos e autógrafos: Uma, apoio explicito a proposta dos estudantes da UTFPR a se unirem
às manifestações que ocorrem em todo Brasil; outra, relatei um convite que recebi minutos antes, em lócus
sui-generis: lanchava com o prof. Gustavo, antes da palestra em uma padaria
quando cerca de 15 estudantes de Licenciatura em Química, da Unioeste de
Toledo, PR vieram me convidar para ser o patrono de turma na suas formaturas em
dezembro. Comovi-me.
Hoje à tarde falo a professores da
Educação Básica. À noite retorno a Porto Alegre.
Estas viajadas dão azo a reflexões.
Claro, que me pergunto por que faço essas maratonas, especialmente quando tenho
recomendações de reduzir viagens. Não é para ganhar dinheiro! Muitas vezes até
perdemos pois, mesmo sem honorários, nem sempre são indenizadas despesas de
taxi e outras.
Não é para engordar o Currículo Lattes,
pois palestras, mesas redondas e assemelhados não valem nada enquanto indicador
de produtividade acadêmica. Mesmo que algumas delas tenham maior impacto que
doutas pesquisas na área da educação.
Consumi grande parte de meu último fim
de semana em duas atividades: elaborei um prefácio para um livro acerca do
ensino médio e redigi uma atualização para uma sexta edição de A Ciência é masculina? É, sim senhora! —
uma e outra também são (quase) sem valor para que sejamos considerados
produtivos. Pouco valor tem também para minha produção os dois capítulos de
livros que publiquei este ano.
O Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto, com mais
de 500 páginas, meu último livro não faz que eu seja considerado uma pessoa produtiva.
A mesma situação é determinada pelo A
ciência através dos tempos, há quase 20 anos vem tendo uma edição por ano
se constituindo em um dos poucos livros sobre História da Ciência em língua portuguesa.
Se publicar um artigo acerca do
ensino de Ciências na Gazeta de Cacimbinhas, que talvez colabore com alunos e
professores da região, não vale nada; mas se sobre o mesmo tema publicar em uma
revista estrangeira ou mesmo numa nacional de nível A serei, então, um distinguido,
mesmo que então, ninguém me leia.
Provavelmente, das quase 2,5
mil postagens desde blogue poderia selecionar uma grosa que se constituem em
bons artigos que poderiam catalisar frutuosas discussões em sala de aula. Uma
ou 2,5 mil valem nada no Lattes.
Ocorre que minha desejada opção
por produzir algo ‘mais chão’ é prejudicial para os programas de pós-graduação
nos quais sou pesquisador. Temos que jogar conforme as regras impostas. Ou
talvez desencadearmos ações para mudarmos as regras. Eis mais uma das minhas
utopias: valorizar os que fazem o que é
menos.
Sinceramente, não tem inveja de
alguns colegas meus, que cada manhã, abrem seu currículo Lattes e sonoramente murmuram:
“¡Lattes, Lattes meu! Diga-me, pode haver alguém melhor do que eu!”
É uma prática quase eterna esta de publicar para ser reconhecido na academia. Atualmente vivo estas imposições no meu curso de mestrado e fica sempre a dúvida: será que toda essa produção científica reflete em benefícios aos meu próximo?
ResponderExcluirSão quesitos a serem repensados neste oportuno momento de protestos e revoluções.
Saudações
Bruno Peixoto
Mestre Chassot, quem lidera o povo nestas manifestações é a indignação. Quanto a vida dos que educam é característico a abnegação. Aristóteles foi exilado por Alexandre, apesar de ter sido seu tutor, Jesus foi preterido por Barrabás no indulto da páscoa por escolha do povo que ele instruía e defendia. E em muitos outros exemplos a história nos ratifica a idéia.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Ao Mestre Cchassot: É notório(sabido de todos)o povo não quer mais esse circo armado cheio de atrações e muito menos pão.É claro o povo quer educação saúde padrão "Fifa". Um forte abraço Ley.
ResponderExcluirLimerique
ResponderExcluirNão, Chassot, não cultive seu espanto
Se não vês maestro regendo o canto
Como químico e professor
Lembre-se do catalisador
O qual é o Facebook, no entanto.