ANO
7
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www.professorchassot.pro.br com uma
livraria virtual
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EDIÇÃO
2483
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Há um mês tomei aqui uma decisão que
me envolveu, e também, a alguns leitores mais fiéis. O blogue, em 13 de maio,
transmutou-se de diário para hebdomadário. Esta palavra exótica pode ser
substituída, no buscar de um texto mais exotérico, por semanário ou semanal.
Esta decisão, envolve, como já contei
aqui, crises (nem tão agudas) de abstinências. Todavia, determina também uma
situação paradoxal. Parece mais difícil garimpar um tema para uma edição
semanal, do que a cada dia ter um assunto diferente. Isto, talvez por
exigências do refinar do ofício. Mas, eis-me, ante nova blogada.
Cheguei a pensar em fazer uma crítica à
nova campanha de grupo de comunicação hegemônico no Sul onde a Bruxa, a Mula
Sem Cabeça, o Bicho-Papão, o Diabo e o Boi da Cara Preta formam um time de
personagens que trazem proposta de, segundo a empresa, “estimular o debate e
dar visibilidade a soluções que elevem a qualidade da Educação Básica no país,
em especial no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina”.
Salvo que esteja fazendo
leitura equivocada e/ou precipitada a RBS julga a catarinenses e gaúchos
néscios.
As peças publicitárias para rádio são imbecis. Aquelas para televisão podem
ter beleza plástica que despertem a atenção das crianças, mas duvido que
estimulem pais a colaborar para que seus filhos ‘não matem aulas’. Uma peça
para jornal se pode ver na foto, publicada ontem, onde há crianças felizes com
as camisetas que ganharam.
Não tenho, todavia a bravura de Dom
Quixote para assestar minhas lanças contra esse gigante que domina as
comunicações nestas paragens. Há outro assunto. Deixo os monstrinhos e falo de
monstrões.
Lamentavelmente, nesses dias juninos
há algo que estarrece. O Rio Grande do Sul tem sido açodado por trágicos crimes
passionais, E, como parece natural, nestas tragédias de alcovas as mulheres são
as vítimas em maior número dos casos. Este milenar machismo é algo
dolorosamente revoltante.
Se agora — no apregoado culto século
21 — ainda grassa a barbárie, não é difícil imaginar o quanto mulheres já foram
vítimas em tempos mais remotos.
Por exemplo, há historiadores que
referem o Direito da Primeira Noite
(Latim: jus primae noctis): uma
alegada instituição que teria vigorado na Idade Média, permitindo ao Senhor
Feudal, no âmbito de seus domínios, desvirginar uma noiva na sua noite de
núpcias. Mesmo que nenhum documento medievo comprove existência real de tal
direito, pode-se admitir tal hipótese.
«O
direito do Senhor», por Vasily Polenov. Pintura que mostra um pobre ancião
entregando suas jovens filhas ao despótico Senhor feudal. Fonte: Wikipédia.
Na Europa, existiu em certos lugares
um direito feudal que obrigava o noivo a pagar algumas moedas ao seu senhor,
quando a noiva era oriunda de outro feudo, o que deixou pensar a alguns autores
do século 18 e 19 que poderia ter existido algum direito da primeira noite.
No Brasil Colonial, há referências que
os ‘coronéis’ avocassem a si estas primícias. Os abusos próprios da escravatura
deixam imaginar que semelhante direito poderia ter existido, sendo usado pelos
Senhores de Engenho e pelos grandes proprietários de terras, ainda que de uma
forma "oficiosa". Aliás, na maioria dos casos, o senhor não esperava
pela boda. Tratava-se então de um abuso, não de um direito.
Realmente os
machões são mais perigosos que os monstrinhos que ‘devem melhorar a educação
sulina’. Se pelo menos ‘paparem’ a formação de monstrões...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLimerique
ResponderExcluirMinha infância de bichos papões
Tão divertida sem muitos senões
Não tem mais sentido
Bichos substituídos
Por seres outros que são monstrões.
Mestre Chassot: Isso é uma vergonha,a violência contra a mulher é uma coisa que já extrapolou qualquer limite,chego a conclusão que não devemos esperar mais nada de nossas leis é uma insegurança generalizada por força de um Código Penal ultrapassado.Como dizia Tim Maia vale tudo. Um abraço Ley.
ResponderExcluirA não violência seria o que nos diferencia dos animais irracionais. Um animal reage por instinto com ferocidade a qualquer eventual ataque, o homem como ser racional deve usar a dialética como ferramenta para seus anseios. Infelizmente a vida prática não se demosntra dessa forma, lembro aqui do início da obra "Assim falava Zaratustra" de Nietzsche: "O mundo tem uma pele, essa pele tem doenças, uma dessas doenças é o homem..."
ResponderExcluirAbraços
Antonio Jorge
Been researching this subject for the last few hours and I've gone through quite a large amount of comparable short articles to this, but this the one that helped me understand. Nice and concise, cheers.
ResponderExcluirmy web-site ... recipe dog biscuits
Ave Chassot,
ResponderExcluirpassada a azáfama de final de semestre (somada à entrega do livro à editora) faço-me presente no blogue.
Revoltei-me com mais uma campanha imbecilizante e pobre do Grupo... Realmente é de uma pretensão atroz achar que bonecos de monstros e animações gráficas serão um catalisador de mudanças. Quisessem ser mais efetivos (o que duvido ser o real interesse) poderiam denunciar absurdos ocorrentes em escolas e engajar-se na luta pelo piso, prometido e não cumprido (ainda) pelo governo. O que me entristece é ver que, aparentemente, não passa de uma tentativa, como várias outras, de pegar carona na miseranda condição da educação para, aos olhos da população desprevenida, fazer seu papel social. Enfim, se a sociedade gaúcha apóia não há o que se fazer.
Meu caro Guy, bravo!
ExcluirVibro com a entrega do livro a editora. Aguardemos o dar a lume.
Cada vez que ouço a campanha da RBS me pergunto se os imbecis são eles ou nós que ainda os ouvimos.
Com alegria
attico chassot
Em tempo: O "jus primae noctis" é abordado na ópera dapontiana de Mozart "Le Nozze de Figaro". O quid pro quo de toda ópera gira em torno da tentativa do conde Almaviva deflorar a pura Suzana, noiva de seu súdito, e melhor amigo, o barbeiro (de Sevilha) Fígaro.
ResponderExcluirLorenzo da Ponte transpôs para versos o (segundo) drama (da trilogia) de Beaumarchais, dramaturgo francês que satirizava a aristocracia e outros hábitos absurdos da França do século XVII, ninguém menos que Wolfgang Amadeus musicou... A ópera é um portento, na pretensão de ser buffa é uma profunda reflexão sobre a condição humana. É mais dramática que qualquer tragédia grega. Beaumarchais também agradou Rossini, que musicou a primeira história da trilogia "Il Barbiere di Seviglia", no início do oitocento... Também é espetacular, um marco da ópera romântica.
Abraços saudosos,
Guy.
Caríssimo Guy, o polímata,
Excluirmuito grato por enriqueceres com tua refontização o meu escrito acerca ‘Jus primae noctis’.
Deste outra dimensão ao meu blogar,
attico chassot