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quarta-feira, 1 de junho de 2011

01. “Pílula” certamente sua avó não usou

Ano 5

Porto Alegre

Edição 1763

Quarta-feira para inaugurar o sexto mês do ano, Em nossa tradição junho é marcado por celebrações. Basta ver como o adjetivo ‘junina’ chama quase naturalmente o substantivo ‘festa’. Vale fazer um teste.

Maio passou e como disse ontem foi marcado por enlutamentos. Isto fez postergar algumas pautas. Assim, trago aqui uma comemoração ainda de maio. Os 51 anos da venda da primeira pílula anticoncepcional nos Estados Unidos. Trago assunto, também a propósito, do autor da dica de leitura foi último sábado.

Mas antes algo da caixa postal. Na última segunda-feira, respondi assim a comentário do Prof. Luiz Otávio Fagundes Amaral, da UFMG: Muito querido Tavinho, que alegria saber que continuas prestigiando este blogue. Obrigado por ratificares o que escrevi para a Cynthia. Teu endosso, pelo que tu representas é ‘um imprimatur’ valioso.
Obrigado também pelo alerta de um quarto bi-laureado com o Nobel. Não sabia de Frederick Sanger (nascido em 1918, ora com 93 anos). Dos quatro é o único que bi-Química. Li hoje um pouco de sua biografia.

A propósito, me encantaste com a instigação que propões. Não conhecia nada acerca de Ava Helen Pauling (24/12/1903 –7/12/1981), mulher de Pauling. Li algo de sua vida. Encantei-me e tens toda a razão em propores que se escreva algo sobre ela para este 2011 Ano Internacional da Química. Pelo menos uma blogada ela terá.

Apresento comovido, meus agradecimentos e manifesto meu orgulho por te ter como leitor. AC

EUA: maio de 1960: É colocada à venda a primeira pílula anticoncepcional A FDA (Food and Drug Administration), órgão norte-americano que controla os produtos alimentícios e farmacêuticos, autorizou em 9 de maio de 1960 a comercialização da pílula anticoncepcional.

A invenção teve enorme impacto social, ao liberar centenas de milhões de mulheres do fardo da gravidez indesejada. Isso incentivou o surgimento de uma classe de mulheres profissionais nas sociedades modernas e foi uma das prováveis causas da “revolução sexual” dos anos 1970, ao permitir o sexo fora do casamento sem medo da gravidez.

A pílula foi desenvolvida por dois médicos norte-americanos entre 1950 e 1955, Gregory Pincus e Carl Djarassi, incentivados pela feminista e ativista social Margaret Sanger (a quem se atribui o termo “controle do nascimento”) e Katharine McCormick, uma rica herdeira industrial, que financiou a pesquisa que levou cerca de uma década depois à comercialização do primeiro anticoncepcional oral.

O Enovid foi colocado no mercado em 1961 pelo laboratório Searle. Na França, em 1920, para recompor o equilíbrio demográfico, uma lei proibiu toda propaganda anticoncepcional. Somente em 1967 a Assembléia Nacional legalizaria a contracepção.

Como funciona: A pílula contraceptiva oral combinada, também conhecida como pílula anticoncepcional, ou simplesmente "a pílula", é uma combinação de estrogênio e progestágeno administrada oralmente para inibir a fertilidade normal da mulher.

Os contraceptivos orais são usados atualmente por mais de 100 milhões de mulheres em todo o mundo. Os usos variam amplamente entre os países, idades, educação e estado matrimonial: um quarto das mulheres entre 16 e 49 anos na Grã Bretanha atualmente usam a pílula (pílula combinada ou mini-pílula), em comparação a somente 1% das mulheres no Japão.

Aceitação: Quando surgiu no mercado, o novo contraceptivo foi aceito quase que prontamente – com exceção da Igreja Católica que até hoje não aceita os métodos anticoncepcionais –, isso porque elimina a dependência da destreza do homem, como no coito interrompido ou no uso do preservativo; do controle, como o Ogino e Knaus, a “tabelinha”; ou a interferência médica, no caso do DIU, laqueadura e vasectomia. Além disso, diferente dos outros métodos, podia ser usado sem o conhecimento dos pais, do marido, do amante.

Todas as mulheres queriam usar o contraceptivo hormonal. Apenas aquelas muito religiosas, com receio de castigos divinos por usar um método não natural, não aprovaram o medicamento. Houve também uma rejeição das mulheres muito submissas aos maridos que diziam que suas mulheres não tomariam essas "porcarias".

Outra explicação para a aceitação desses medicamentos está associada a uma proposta libertária da época que dissociou o sexo da maternidade. Essa proposta apresentou também uma necessidade de inserção no mercado de trabalho – um mercado masculinizado, onde a maternidade não estava prevista.

Assim, é possível prever que as avós (talvez, as mães) da maioria dos leitores deste blogue não usaram ‘a pílula‘ como contraceptivo.

Uma muito boa quarta-feira. Que venham os dias juninos. E que o adjetivo recém-posto

mereça as usuais evocações.

4 comentários:

  1. Caro Chassot,
    Oportuna essa blogada sobre a pílula. Tudo já foi dito, portanto, faço apenas uma declaração pessoal. Quando casamos em 1974, minha mulher e eu acordamos que ela usaria a pílula até estarmos "prontos" para ter um filho. Crescemos e maturamos durante quatro anos e, só então, tivemos o primeiro rebento. Acho a pílula fantástica quando usada com um pouco de sabedoria. Fica aqui meu desejo que tenhas uma bela quarta feira.

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  2. Caro Chassot,

    a tua blogada de hoje é muito significativa pois trazes à luz um tema pouco abordado para o público em geral. A 'pílula' já foi incorporada ao cotidiano.
    Entretanto, quero trazer um outro grande benefício que a pílula trouxe à sociedade: o 'planejamento familiar'. É emocionante conversar com novos casais que, primeiro se estabelecem em suas profissões, depois estabilizam-se em termos de moradia e aí, 'encomendam' o seu primeor filho. Para mim, esse planejamento é fantástico: evita filhos indesejados em momentos impróprios, em situações críticas.

    Boa quarta-feira!

    Garin

    http://norberto-garin.blogsopot.com

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  3. Meu caro Jair,
    ao casares a pílula era algo recente no Brasil, mas já vigia ‘novidade vigilante e coercitiva’ a carta encíclica ‘humanae vitae’ de Paulo VI, sobre a regulação da natalidade de 1968, que proíbe (ainda!) aos casais católicos o uso da ‘pílula’.
    Meu colega Garin (que recebe cópia deste comentário), postou comentário na mesma direção, sem conhecer teu comentário, pois o teu entrou em circulação depois de ele ter postado o seu,
    [Uma nota lateral: quando voltares a Floripa, quero aprender contigo algo que usas no teu blogue: Os comentários não precisam ser autorizados pelo editor, entram em circulação imediatamente postados]
    Uma vez mais obrigado por tua presença desde San Diego.

    attico chassot

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  4. Meu caro colega Garin,
    teu comentário postado quando ainda não circulara o do Jair (que recebe cópia deste comentário) destaca o ‘direito’ que os casais têm de decidir acerca do planejamento familiar. Afortunadamente a grande maioria dos casais católicos desobedece a Humanae Vitae.
    É significativo a trazida aqui de teu posicionamento. Muito obrigado
    attico chassot

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