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domingo, 5 de junho de 2011

05. No Dia Mundial do Meio Ambiente

Ano 5

Porto Alegre

Edição 1767

Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente. Há os que dizem que estes ‘dias’ não passam de

momentos panfletários. Outros se omitem, com o argumento que não temos nada a comemorar. Há aqueles que entendem – e permito-me incluir entre eles – que estes ‘dias’ são sempre momentos de oportunas reflexões.

Assim, abro esta blogada com o a mensagem institucional da Rede Metodista de Educação do Sul. Esperemos que nossos pósteros não conheçam florestas apenas por fotos ou que matos de eucaliptos sejam chamados de florestas.

Mas se ontem dizia aqui que uma das manhas de nosso Inverno era nos sonegar o sol, um dos últimos sábados outonais desmentiu-me. Ontem foi um dia de sol esplendoroso que convidava-nos ir para a rua. Não resistimos.

Fomos depois de muito tempo à zona Sul para passear. Estivemos numa linda floricultura que não visitávamos há mais de uma década. A Morada dos Afagos ganhou uma coleção de temperos e a casa da Gelsa é agora mais perfumada por uma linda catleia. Compramos vinho de importador chileno e encerramos o périplo com uma feijoada com caipirinha. Não foi sem motivo que a sesta começou bem depois das 16h.

Mas na celebração – digamos na recordação, para agradar os catastrofistas – do Dia Mundial do Meio Ambiente, permito-me ter a companhia de Sir James Lovelock, com uma citação que muitos já me ouviram repetir, quando faço uma de minhas palestras que tem como tema: “Para formarmos jardineiros para cuidar do Planeta”. O convite, ou melhor, o alerta de Lovelock, que mesmo já nonagenário, continua em atividade, merece nossa atenção.

n Vou ser repetitivo: trago a continuada interrogação: O Planeta tem solução? Sabemos que soluções existem, só que algumas organizações não querem "pagar o preço", por exemplo, há possibilidades de pensarmos em um novo modelo de uma agricultura menos predadora.. porque planta tanta soja? Ou não convencer-nos da exigência é ficarmos atentos a biopirataria defendendo o que é de domínio da humanidade, por exemplo: galinha, milho, papaia...

n Conscientizar-nos que devemos estar atentos, cada vez mais para não nos deixar seduzir pelas indulgências verdes: Assim como no começo dos tempos modernos se pecava e depois se comprava indulgência e se tinha o céu garantido, agora se queima combustível a rodo e então se calcula o gás carbônico gerado, compram-se créditos de carbono e se tem a consciência ecológica redimida.

n Há que não nos deixarmos enganar por ‘certos’ comerciais. Observem que é a maior indústria tabageira que patrocina o ‘caderno de meio ambiente’ do maior jornal da Região Sul ou é uma produtora de celulose que patrocina o ‘Dia da árvore’... quem aceitaria que uma agência funerária ‘Bom Despacho’ fizesse comerciais em um aniversário infantil?

n Encerro lembrando que devemos estar atentos, cada vez mais para não nos deixar contaminar pela neopatia... ... esta doença moderna cuja característica é ter sempre tudo novo: o último carro*; o último computador, a última versão do Windows. Aliás, esta doença tem diversas síndromes, que afetam as pessoas em momentos diferentes.

n Um muito celebrado “Dia Mundial do Meio Ambiente” a cada uma e cada um e que tenhamos muitos mais a comemorar.

5 comentários:

  1. O certo é que nosso acelerado crescimento demográfico, nosso desmedido uso de energia, a urbanização desorganizada e o emprego de novos materiais para satisfazer nossos ideais de consumo, estão num curso de colisão que deverá alterar, talvez além de um ponto de retorno, os sistemas naturais de recuperação de nosso Planeta, ameaçando a sobrevivência biológica do Homo e de todas as criaturas vivas. Hoje quando apenas metade da humanidade entrou na era tecnológica, as pressões são monumentais por parte daqueles que querem sua fatia do bolo. Explico. É natural que o ser humano almeje algo que ele chama de progresso, ninguém quer viver sem água encanada, luz elétrica, telefone, urbanização e todas as demais comodidades que a ciência pôs a disposição das pessoas. Contudo, os recursos naturais, quaisquer que sejam, não são permanentes, eles se esgotam. Por exemplo, há consenso entre os cientistas que os peixes e demais seres marinhos que nos servem de alimentos, deixarão de ser viáveis para pesca dentro de quarenta anos, ou seja, em quatro décadas não mais poderemos contar com frutos do mar em nossos cardápios, os pescados estarão virtualmente extintos.

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  2. Mas, neste caso, o que irá acontecer? Um aumento de Consumo? Sim, mas de onde tirar esse consumo? Demanda de comodidades urbanas? Sim, mas como? Ou será que existe alguma solução mágica pela qual o maltratado Planeta, tirando um coelho da cartola devolverá à natureza sua condição primeira e saudável? A ninguém é dada a capacidade de responder.

    Em conclusão, existem dois mundos que interagem: A biosfera que o homem herdou e tecnosfera que ele criou. Esses dois mundos estão em desequilíbrio, ou melhor, estão em conflito aberto e total, e, até agora, a biosfera está apanhando de cano de ferro. E o incauto Homo sapiens, a exemplo do marisco entre o mar e a rocha, está no meio da briga. Esta é conjuntura da História na qual estamos vivendo. Um vislumbre do futuro abrindo-se para uma crise total e irreversível. Uma crise global maior e mais perversa do que qualquer outra já defrontada pela espécie humana. Que tomará forma decisiva dentro do lapso de vida das crianças que já nasceram. Alguém duvida?

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  3. Caro Chassot,

    o meio ambiente precisa ser preocupação de toda a humanidade (eu disse humanidade e não criação). Somos os usuários do planeta/biosfera que mais agride as condições de sobrevivência de todos. Porém, como crente confesso, acredito que o ser humano já está percebendo a urgente necessidade de tomar atitudes (algumas já estão sendo tomadas). Como a maioria das lutas sociais, ela não deve cessar enquanto não tivermos vencido todos as agressões.

    Bom domingo!

    Garin

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  4. Meu caro Mestre Chassot! Embora nao tenha referido nesta semana em meu Blog o dia 05 de junho, quero dizer que a preocupação com nossos recursos naturais e sua escassez, que cada vez fica mais evidente, tendo em vista a filosofia ocidental capitalista do crescimento contínuo , é minha preocupaçao há muito tempo. Recentemente com o acidente de Fukushima, pude ver desconstruída uma teoria lançada por Lovelock em sua última obra "Gaia: Alerta Final", onde o mesmo defende a energia nuclear como solução moderna e eficientemente ecológica. o acidente do Japão tambem me fez repensar a questão. Do ponto de vista de Lutzenberger em relação à nossa sanha consumista e destruidora dos recursos naturais, concordo plenamente com o Garin e o Jair. Se nada for feito imediatamente, veremos as proximas gerações alijadas de muitas coisas belas que conhecemos, além dos riscos da falta desses recursos. Lembro bem do velho Lutz que, quando se discutia essa realidade predadora e da explosao demografica relatada pelo Jair, exemplificava a destruiçao da natureza com um galho de arbusto infestado de pulgões, onde na medida em que faltavam alimentos e a população de isentos aumentava, o resultado era um comportamento predatório de autofagia da espécie. Não será esse um prognóstico de noso futuro? Tomara que ainda dê tempo para repensarmos nossos hábitos. JB

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  5. Meus caros Jair,
    Garin e Jairo, primeiro relevem uma resposta conjunta aos quatro comentários de vocês três. O Jairo fez uma competente tessitura do tema da blogada ~~ Dia Mundial do meio Ambiente ~~ com as densas reflexões do Jair e com a admirável síntese do Garin. A lembrança do Jairo do Lutzenberger nos faz render preito a um dos pioneiros entre nós, que não sem razão parecia muitas vezes se fez como um Dom Quixote lutando contra os poderosos.
    Queria aditar dois pontos históricos.
    1) O pastor anglicano e economista britânico Thomas Robert Malthus (1766 — 1834) considerado o pai da demografia por sua teoria para o controle do aumento populacional, conhecida como malthusianismo. Seu corajoso e revolucionário livro "Um ensaio sobre o princípio da população na medida em que afeta o melhoramento futuro da sociedade, com notas sobre as especulações de Mr. Godwin, M. Condorcet e outros escritores" (1798) pode ser considerado um ponto de partida para muitas de nossas reflexões atuais.
    2) Outra contestação àqueles que dizem que estes dias são apenas panfletários: os excelentes cadernos de alguns jornais de hoje mostram quanto essas paradas para reflexões são válidas.
    Obrigado pela excelência das contribuições de vocês três como a tríade de comentadores mais frequente deste blogue. Vocês são parceiras para um propósito deste blogue: “Diálogos de Aprendentes”

    attico chassot

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