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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

09.- RETORNO À SERENDIPIDADE

ANO
 8
Em trânsito
Frederico Westphalen/Porto Alegre
EDIÇÃO
 2647

Quando esta edição entrar em circulação estarei retornando à Porto Alegre depois de minha jornada de dois dias: um, na capital do Oeste Catarinense e outro, em uma das cidades mais importantes do Alto Uruguai gaúcho. A sensação deste retorno é de missão comprida e cumprida tanto na UFFS em Chapecó ena URI de Frederico Westphalen. As mais de seis horas de ônibus de agora serão propícias para embalar sonhos de uma esperada (próxima) viagem de 23 dias de férias que dentro duas semanas deve estar começando.
Esta é a 11ª blogada acerca de serendipidade (6 a partir de 14 de dezembro de 2013 + 5 da série iniciada dia 2) e que se conclui hoje. Esta edição estava programada para segunda-feira, dia 6. Então, surgiu um assunto imprevisto: era preciso colaborar a um basta ao consumo exagerado de vitaminas, e a edição de encerramento (provisório) de temas serendípicos foi postergada para hoje. Antecipo que teria assuntos, dentro desta perspectiva de descobertas casuais para mais algumas dezenas de blogadas.
Hoje vou trazer dois eventos marcados por serendipidade bastantes conhecidos e por tal não vou trazer detalhes como historiei os anteriores. A fonte é o livro A ciência através dos tempos, no capítulo 11, que analisa um dos mais férteis períodos da Ciência: a virada dos Séculos 19/20. Preciso referir que quando relatei ali os dois eventos: descoberta do Raio X e descoberta da radioatividade natural, não referia a classificação de eventos serendipitosos, pois a desconhecia classificar assim eventos científicos, onde o acaso (ou a sorte ou o não previsto) marca a descoberta.
Os raios X, que também são conhecidos como raios Röntgen ou Roentgen, foram descobertos por Wilhelm Conrad Röntgen (1865-1923), quando, em 8 de novembro de 1895, trabalhava com uma válvula de Hittorf, totalmente coberta por uma cartolina preta em uma sala escura. A certa distância havia uma folha de papel tratada com platinocianeto de bário e usada como tela, que inexplicavelmente começou a brilhar, com emissão de luz
Algo devia estar atingindo-a para que brilhasse. Röntgen, surpreso com o fenômeno, pôs-se a pesquisá-lo. Colocou vários objetos entre a válvula e a tela e todos pareciam transparentes. Quando, acidentalmente, sua mão passou em frente à válvula, viu os ossos da mesma na tela. Estava descoberta uma radiação desconhecida: os raios X.
Röntgen repetiu as experiências e elaborou um relatório preliminar à Sociedade Físico-Médica de Würzburg. A descoberta dos raios X logo causou comoção no mundo científico, pois, mesmo entre médicos, havia alguns que faziam restrições às intervenções cirúrgicas, pois o bisturi poderia cortar a alma. A descoberta desfez os preconceitos. Röntgen foi convidado a fazer conferências sobre sua descoberta em vários lugares, mas sempre recusou por falta de tempo, pois precisava encontrar a explicação para o fenômeno. Passaram-se dezesseis anos, até que os trabalhos de Max von Laue e de Friedrich e Knipping esclarecessem dúvidas a respeito dos raios X. Röntgen foi o primeiro laureado com o Prêmio Nobel de Física, em 1902.
A radioatividade foi, muito provavelmente, a mais revolucionária e a mais emocionante descoberta do fim-de-século. Entre aqueles que receberam relatos e fotografias das descobertas de Röntgen estava um grande matemático francês, Henri Poincaré, que acompanhava com grande interesse os progressos da física. Poincaré mostrou fotografias obtidas por raios X em uma das reuniões semanais da Académie des Sciences, em 20 de janeiro de 1896, e Henri Becquerel (1852-1908) ficou muito impressionado, considerando a possibilidade de o fenômeno relacionar-se com seus trabalhos de fluorescência.
Após conhecer os trabalhos sobre raios X, Becquerel, que descendia de uma família que, havia quatro gerações, projetava físicos de renome, repetiu vários experimentos com sais de urânio e descobriu que estes emitiam radiações que impressionavam chapas fotográficas como os raios produzidos por Röntgen. A princípio acreditava que esses sais emitiam radiações por terem armazenado energia luminosa, mas posteriormente verificou que isso ocorria mesmo em dias nublados. Becquerel havia guardado a amostra pois a luminosidade não era propicia. Por acaso examina o filme que tinha deixado junto com a amostra e este (mesmo sem esta ter sido exposta ao sol, já estava impressionado. Isto é, os sais de urânio emitiam raios capazes de penetrar em papel negro, tivessem ou não sido expostos à luz do Sol. Logo em seguida Becquerel descobriu que esses raios não apenas escureciam chapas fotográficas, como ionizavam gases, transformando-os em condutores. Era assim possível medir a atividade das radiações de uma amostra através da ionização produzida.
Becquerel recebeu — junto com o casal Pierre e Marie Curie —, o prêmio Nobel de Física em 1903.

3 comentários:

  1. Ratifico a minha admiração por esses seres abnegados que abrem mão de suas vidas em prol de melhorar a vida de muitos.

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  2. SERENDIPIDADE?
    Era um cientista buscador aplicado
    O qual em nome da austera ciência
    Em seu laboratório vivia enfurnado
    Pesquisando com labor e paciência

    Por vezes, concentrado transcendia
    Não lhe vinha a mente desistir jamais
    Porquanto noite transformava em dia
    Na sua procura de respostas cabais

    Porém, certa feita sem mais aquela
    Lhe acode solução por mero acaso
    A serendipidade entrou pela janela?

    Parece que este nunca será o caso
    O cientista havia feito sua parcela
    E resposta viria, mesmo com atraso.

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  3. Como não consigo ver televisão ou participar de algum entretenimento do gênero, procuro ocupar meu tempo, em tempos de férias, lendo e pensando. Ao pensar na contribuição desses imortais com suas respectivas descobertas, tenho a "quase" certeza de que nenhum deles ficou milionário com isso. Então porque que um simples capitalista, dono de laboratório ou assemelhedo, procura, primeiro ou tão somente, acumular riquezas materiais com a contribuição social de outros??? Maldito "aquele capital" que se apoderou aprisionando a ciência para si em detrimento do acúmulo material. TODOS poderiam ter acesso aos benefícios da ciência e o mundo estaria melhor.

    Que venham mais blogadas serendípidas.
    Grande abraço.

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