ANO
11 |
FÉRIAS 10/24
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EDIÇÃO
3255
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Não é difícil justificar porque esta segunda-feira é o dia mais
esperado desta viagem. Hoje começa o nosso sonhado cruzeiro. Não foi sem
hesitação que incluímos esta modalidade de turismo em nossas férias.
Hoje iniciamos um cruzeiro de sete noite (ou oito dias) pelo
Golfo Pérsico. A programação e o roteiro estão na figura ao lado.
Em 2002, quando estávamos em programa de Pós-doutorado na
Universidade Complutense de Madri, fizemos um cruzeiro pelo rio Nilo, mas então
em um barco pequeno. Foi naquela oportunidade uma muito rica experiência viajar por milênios muito
distantes de nossa história e aprendermos acerca do desenvolvimento.
Neste final de tarde partiremos no Vision the seas, um navio — mesmo que considerado pequeno, dentre os da empresa
de quem seremos usuários — tem 12 andares, 11 decks, 8 piscinas e 8 cafés ou
lounges e restaurante de diferentes cozinhas internacionais. Neste quase
inimaginável cenário seremos dois dentre
mais de 2 mil passageiros e 700 tripulantes.
Se não viveremos a lendária história das mil e uma noite criada
na região onde estamos por ora, teremos sete noite que sonhamos serão quase paradisíacas.
Todavia os sete principados que formam este país chamado Emirados Árabes
Unidos, como Qatar de onde viemos ontem, não é apenas um lugar maravilhoso com
seus prédios que realmente parecem aranhar os céus, seus carrões que parecem
naves espaciais e seus shoppings luxuosíssimos com preços em mercadoria que
parecem ser destinadas a bilionários.
Os sete emirados, dos quais Dubai e Abu Dabi são os mais
importantes tem cerca de cinco milhões de habitantes. Deste — assim como no
Qatar — menos de 20% são nascidos num ‘paraíso terreal’. A estes são cometidas
todas as benesses de proteção à saúde, água em abundância e salários (e até
abonos) privilegiados.
Os outros — sim, os outros — são expatriados indianos nepaleses,
filipinos, bengalis, cingaleses, paquistaneses, entre muitas outras
nacionalidades com submissão a trabalhos sub-humanos, como por exemplo trabalhar
a temperaturas insalubres de mais de 50ºC, havendo proibição de divulgação de
informações acerca da meteorologia para que não se cumpram a proteção aos
operários. Há também situações de trabalhadores que ficam na dependência de
seus empregadores que retêm seus vistos e muitas vezes não têm permissão de
trocar de emprego. Não é sem razão que os índices de suicídios são elevados
entre os estrangeiros e que o governo ditatorial proíbe divulgação destes
números.
Aqui existe regimes de monarquias absolutistas, sem existência
de partidos políticos e muito menos de movimentos populares. Nos Emirados
Árabes Unidos, os emires, que se sucedem em clãs familiares, sabem o que bom
para o povo.
Parece que estar aqui e viajar nesses dias no Vision the seas se compactua com a ditadura. Não vou usar a desculpa do não sabíamos.
Espero que nos próximos dias possa contar um pouco da viagem. Não conheço como
serão as possibilidades de internet no navio. Por hora apenas a notícia que
estamos partindo para mares nunca antes navegados por nós e a promessa de
postar, quando possível, alguma blogada.
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